quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Deus menino não nasceu em todas as casas

E de novo é Natal
Tudo continua igual....
Nada mudou
Deus menino não nasceu em todas as casas
Nem a estrela iluminou o caminho dos descalços
As crianças continuam a ser maltratadas
 As mulheres continuam a ser vitimas de todo o tipo de violências
Os homens continuam a matarem-se uns aos outros
E de novo é Natal
Tudo continua igual....
Os idosos continuam  a ser despejados nos "lares"
Os hospitais continuam a rebentar pelas costuras
O preconceito está mais assente do que nunca
Não há civismo,cidadania,humanismo.
O bulyng é cada vez praticado
Os países não param as guerras
O dinheiro continua a ser mais valioso do que  vidas
E de novo é Natal
Tudo continua igual....
Os mais ricos continuam a saquear os mais pobres
Os patrões continuam a escravizar os trabalhadores
O silêncio continua a amordaçar  inocentes
O capitalismo continua a dar voz aos poderosos
É Natal, as ruas iluminam-se, nas casas já cheira a doces
Mas o Deus menino não nasceu em todas elas
Nem a estrela iluminou todos os caminhos
Há casas escuras,bocas famintas, idosos morrendo na mais profunda solidão
Há pais que choram a morte dos filhos, e filhos que matam os pais
Há famílias destroçadas, lares desfeitos, crianças abandonadas....
Há deslumbramento no supérfluo,e desprezo no essencial
Há rios que não passam em todos os campos, e ondas que não chegam a todos os pés
E de novo é Natal
Tudo continua igual....
Deus menino não nasce em todas as casas
E eu faço parte de um mundo humano, onde os seus direitos não são praticados
E onde se caminha de cabeça erguida como se nada fosse connosco
 E continua a ser Natal....


R.M.Cruz







terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Teu corpo é mar.....


Tens o melhor de mim
A cada gesto teu o meu coração diz...entrega-te
E eu  na loucura de tudo o que quero....obedeço
Entrego-me!
O teu olhar desarma as minhas defesas
As minhas resistências enfraquecem ao toque dos teus dedos
A minha mente grita-me, não!
Mas todo o meu corpo se torna inaudível e desfalece
Com a certeza que cairá no vácuo dos desejos
Ele sabe que vai afundar-se num mar de prazer
Tens o melhor de mim, mesmo quando não me dás o melhor de ti
Não consigo fingir que não quero
Tu conheces as minhas fraquezas....é injusto conheceres a minha alma
E fazeres o que te apraz
Mas dentro de mim há aquilo a que todos chamam obsessão ...eu chamo amor doente
Se este amor fosse sadio,teria um pingo de orgulho e não se deixaria afundar num mar de onde não sairá vitorioso
Entrego-me!
Sem vacilar....as minhas pernas tremem,o coração palpita,e todas as minhas células me puxam para dentro de ti.
Fundo-me em ti...como quem dá um mergulho nas profundezas do oceano, e tu abres-te para mim, quente..
Acolhes-me e envolves-me no teu corpo feito mar, cheiras a maresia...esqueço,esqueço tudo o que vai acontecer depois...
Sei que vou sofrer a ressaca de não te ter,sei que vou sofrer  com o teu desdém
Mas não importa,perdido no teu corpo de mulher sinto-me o unico,mesmo sabendo que não o sou
Enfeitiçado pelo encanto dos teus recantos,embalo a minha mente,para que ela adormeça
Agora não é momento para torturas.....estou dentro de ti e não quero pensar
Quero apenas explorar o teu corpo de mar...quente,que me envolve como cobra que abraça a presa
E eu quero,quero tanto,que morreria no teu abraço e no calor das tuas pernas
Mas o momento é rápido, e o coração não tem tempo de parar
Sei bem, o que me espera....mas não me importo
Vale mais um momento no teu corpo, do que uma vida sem ele.


R.M.Cruz

(imagem google)


sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O tempo não me deu tempo.....


Olho o sol pelas frestas da janela
E penso.... como poderia ter sido diferente a minha, a nossa vida
Julgava eu,que ainda tinha muito tempo à minha frente
Mas o tempo não existe,porque a vida também não
A vida e a morte andam paralelamente ao nosso lado
Estou preso apenas  por um frágil fio, como uma marioneta
Quando o manipulador quiser,será o meu fim
Não tive tempo de me aquecer à lareira, nem de fazer amor contigo no chão da nossa sala
Não tive tempo de te colocar a flor no cabelo, nem de te fazer barquinhos de papel
Nem de ir ao lago contigo, não tive tempo de escrever um poema, nem de te dedicar musicas de amor
Não tive tempo
Estou pendurado.....com medo do vazio
O arrependimento não mata, mas torna a morte mais angustiante
Ai se eu pudesse ficar só mais um tempo, só o tempo de te amar de verdade
Amar-te não é ir para casa todos os dias,sentar no sofá e esperar o jantar
Amar-te não é ficar na cama ao domingo,enquanto tu cuidas da lida da casa
Amar-te não é deixar-te sair sozinha com os miúdos para o parque, enquanto fico a ver o futebol
Amar-te não é deixar-te ir sozinha às compras
Amar-te não é ver-te tratar dos filhos, e ouvir-te contar-lhes histórias até eles adormecerem, e ainda querer a tua atenção,o teu carinho,o teu aconchego, o teu corpo.
Amar-te não é dizer que te amo, amar-te é saber amar.....
Ai se eu pudesse voltar atrás
Amar-te-ia como tu imaginaste
Chegaria a casa, depois do trabalho, abraçava-te, assim....até esquecer o tempo
Sussurrava-te ao ouvido,que tive saudades tuas.....e mesmo ali na nossa cozinha dançaríamos a valsa que tu sempre quiseste, e  que eu achava ridículo 
Depois fazíamos juntos o jantar, e eu colocava na mesa dias de alegria, sonhos de nós dois junto com as gargalhadas das crianças
Levava-mo-las depois para o quarto, e éramos dois contadores de histórias, e quando o silêncio abundasse, pegar-te-ia no colo, e juntos abandonar-íamo-nos ao corpo um do outro
Afinal,amar-te era tão simples.....
Maldito tempo que não me dá uma oportunidade
A vida já se esvaia como rio que corre para o mar....assim queria eu correr para o teu colo
Mas vou em sentido contrário, e cada hora é um segundo....já quase não te ouço....sinto frio...
O teu corpo envolve-me num abraço, querendo-me de volta, mas não tenho forças para ficar, porque na verdade eu já não estou aqui
E hoje como nunca,senti o corte do ultimo fio,que me segurava ao corpo inerte e frio
Adeus meu amor
Levo comigo a pena, de não te ter sabido amar
Mas que pena tão pesada
Afinal amar-te era tão simples......


R.M.Cruz






domingo, 22 de novembro de 2015

Volta-te!


Volta-te
Não vás no sentido contrário
A direção leva-te sempre aos mesmos caminhos
A coragem de mudar, não é a mesma de voltar
Volta-te
Não olhes o passado, como se ficasses lá
Trazes nos olhos as paisagens ainda desfocadas
Porque o que ficou.não é para trazer
Liberta-te do que ainda doi
As feridas mal curadas gangrenam
Tornam-se num mal irreparável
A solução será mais dolorosa
Amputação
Volta-te
Estás tão focado no caminho errado
Que te habituaste a segui-lo
Mesmo que esse caminho te leve à distruição
Há tantas coisas novas à tua espera, à nossa espera
Esquece o que fomos ontem, lembra-te no que nos tornamos
Volta-te
Aprende a dar as mãos, aprende a abraçar
Não te negues ao amor, nem ao prazer de viver feliz
Não recues, estás a ser severo contigo,
comigo...connosco
Não é por aí que deves ir.....e tu sabe-lo
Então porque carregas esse fardo?
Está na hora de te libertares, de nos libertares
Não olhes mais para trás, foi lá que ficou o sofrimento
Porquê ir busca-lo?
Não faz parte do nosso código de honra
Amar-mo-nos  como merecemos
Volta-te
O dia já vai longo, o sol já se esconde na colina
Está frio,cada passo que dás rumo ao passado
Abre-se em nós um mar de gelo
Cai a chuva, é desta água que precisamos
E não das lágrimas salgadas, que se precipitam dos nossos olhos
Volta-te
É tempo de estarmos juntos, antes que o dia termine
E à noite se soltem os lobos e te devorem no caminho
Tenho medo, a espera é como vidro na minha garganta
E o sol está mesmo a deitar-se.
É quase madrugada e tu ainda não chegaste
Volta-te
Antes que seja tarde demais


R.M.Cruz 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

E tu és o meu Anjo.



A noite cai escura, revelando recantos de luz
O homem sonha com um mundo melhor, mas não luta por ele
As mulheres gritam por igualdade de direitos, mas não se dão ao direito de se respeitarem
E as estrelas só se vêm à noite, assim me vejo quando a cidade dorme
Sou uma alma inquieta,  não estou sozinha,há almas que choram, acorrentadas ao remorso de não se libertarem em vida.
E o mundo diz que avança
Mas o barco não sai do cais
E a noite traz recantos de luz,onde eu te posso ver
És anjo caído no meu céu,és estrela que brilha na noite da minha alma inquieta
E ouço soluços de crianças perdidas da Mãe
E gemidos de amantes que se entregaram antes da morte, e ouço a tristeza de um adeus
E o barco continua no cais
A bruma não deixa ver o que fica para lá
E tu és o meu anjo
Vejo as tuas asas..... cansado da queda, mas não vacilas
A luz que vem dos teus olhos, invade a minha alma inquieta
E o mundo não evolui
Tanto se fala em espiritualidade, mas ninguém a põe em prática
Parece um invento sem sucesso
E a noite trás-me vozes de arrependimento, e o lamento de um perdão que não foi dado
E o desperdício de uma vida mal vivida,não, não se pode voltar atrás
E tu olhas-me no recanto da noite,é de lá que vem a luz
Acalmas-me o espírito inquieto, dás-me a mão e afagas-me os cabelos
Já não sou jovem, sou como a noite, tenho frio,estou gélida 
Há lágrimas que tem que ser choradas,há noites mais inquietas, e almas atormentadas
Há anjos que velam o sono de espíritos que não sabem para onde ir
E o corpo cansado não sabe se dorme ou se sonha
Não sabe se é matéria ou  alucinação
Não fosses tu, meu anjo vestido de penas.... e eu nunca me levantaria de madrugada
Tamanha era a dor da pena de não te ver
E o mundo continua,como se nada fosse, pois já lá vão muitos milhões de anos, e homem continua a gatinhar....enquanto os outros animais andam quando acabam de nascer
O barco continua no cais, e a noite trás recantos de luz

R.M.Cruz







sábado, 17 de outubro de 2015

Apetece-me fugir..................


Apetece-me fugir

Fugir das ruas gastas, dos candeeiros velhos,das más línguas e dos maus conselhos
Fugir dos mares de revolta, e da saudade de quem já não volta
Fugir das casas com falta de pão, e de quem não tem educação
Apetece-me fugir
Fugir de pessoas mal humoradas, que acham que são as mais desgraçadas
 Fugir das sombras do homem inculto, e das árvores secas que já não dão fruto
Fugir das esquinas  onde há mentirosos, escarram na rua, e maltratam  idosos
Apetece-me fugir
Fugir dos lábios secos que não tem sabor, da boca de alguém que não fala de amor
Fugir das madrugadas incertas, e das bocas famintas,achando mentiras nas coisas mais certas.
Fugir do caos de mentes fechadas, de politicas vazias e cheias de nada
Apetece-me fugir
Fugir daqueles, que semeiam pedras em vez de rosas, e me juram amor com frases manhosas
Fugir de quem duvida da minha palavra,matando a verdade a troco de nada
Fugir do insólito sem explicação, de crimes, abortos, e violação
Apetece-me fugir
Fugir de quem me sorri e me crava nas costas, facas afiadas e falsas propostas
Fugir do sonho que não é meu, e de quem não luta pelo  que é seu
Fugir de quem ri sarcasticamente, e do veneno da cobra que me abraça e me prende
Apetece-me fugir
Fugir do homem frio e bruto, da alma pesada sempre de luto
Fugir de quem me suga a verdade, fingindo pose de boa vontade
Fugir de quem mente descaradamente, ainda que saiba, que eu sei que mente
Apetece-me fugir
Fugir de quem é cego de amor e carinho, e que ao invés de afecto, esbofeteia o menino
Fugir de quem acha que tem sempre razão, e corta os laços, o amor e o perdão
Fugir do parasita que dorme sorrindo e se alimenta do que eu vou conseguindo
Apetece-me fugir
Fugir de quem estupra e corroí, do pedófilo que se move nas sombras e a criança destrói
Fugir de quem não sabe o que é a dor, que bate na mulher e diz que é amor
Fugir de quem nada teme, e lança o barco ao mar sem ninguém ao leme
Apetece-me fugir
Digo-te adeus, e despeço-me de ti, segue o teu caminho que eu..... não vou por aí!

R.M.Cruz
(imagem google)



 



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Não, não chores....


Abre-me os braços,ampara-me a queda
Atingiram-me em cheio, com um tiro certeiro
Não tenho chão
 Interromperam-me o voo...antes de te dizer que te amo!
Antes de te dizer que foste o meu grande amor
Abre-me os braços
Não me deixes cair no buraco infinito do escuro
Arrancaram-me as asas em pleno voo
E eu que trazia  flores primaveris para te entregar
Larguei as flores
Cairam sobre as casas, sobre os lares, sobre os olhos dos nossos filhos
Não sei de mim, sem asas para voar.Foi traição!
Querida, abraça-me agora
Preciso de te sentir, necessito do teu colo, do teu cheiro do teu pulsar
Tenho medo!
Estou em queda livre, o corpo já não me ajuda
Pesa tanto, como pesa este meu pesar de partida
Fica comigo,encosta-me ao teu peito
E diz-me que vai ser fácil
Diz-me que me encontrarás para lá da vida
Diz-me que não vai doer
Diz-me que o mundo não é nada.... e que a vida é  para lá do infinito
Diz-me que te voltarei a ver
Diz-me que tudo está bem
É escuro, dá-me a tua mão,segura-me  até não poderes mais
Segue-me até ao cais, não vires já as costas, nem desvies o olhar...segue-me para lá do horizonte
Não,não chores amor....não chores
Quero levar comigo o teu sorriso
O infinito é escuro,preciso da tua luz
Ajuda-me a entender....porque me mutilaram? Porque interromperam assim o meu voo?
Ainda havia tanto para te dar, tanto para nos darmos, não tenho tempo, não tenho tempo...
Largo no teu colo todo o meu amor, para que não fiques só
Ergue o rosto meu amor, enchuga as lágrimas
A vida é apenas uma passagem, e eu vou embora mais cedo
Esperar-te-ei do outro lado
Para que se complete o nosso fim
Já não tenho forças para te mostrar, o quanto foste importante para mim
Já não tenho forças para te agradecer
Nem para te pedir perdão, por coisas que fiz sem pensar
Já não tenho forças para te curar as feridas que causei no teu coração
Deixo-te os nossos filhos,alivia a tua dor.....
É neles que fica parte de mim, olha para eles e sorri
Não dês asas ao pensamento, dá asas ao coração
Para que não sintas o pesar da alma
Sorri amor, olha á tua volta, a casa fala de nós
Vive amor,antes que te cortem as asas!

(não acontece só aos outros, o atirador anda aí, e pode interromper o voo de qualquer um, façamos o que temos que fazer,antes que seja tarde)

R.M.Cruz



domingo, 11 de outubro de 2015

Um dia se fará luz......................



Doí-me o corpo pelo lado de dentro
Como se alguém me desdobra-se e me virasse do avesso
Olho os ponteiros do relógio e nada me dizem
Os ramos das árvores parecem-me braços nus e desesperados
Baloiçam ao vento numa loucura desenfreada
Tentam abraçar o ar,mas este ironicamente passa-lhes através das folhas
Fustigando-as ainda mais, tantos braços,sem abraços
E eu sinto-me do avesso
Como se o meu coração estivesse exposto,sem qualquer protecção
É outono,as folhas caem das árvores,melancolicamente em câmara lenta
E poisam no meu coração,são tão leves,mas caem como se fossem pedras
Como se cada uma  quisesse atingir-me em cheio
Não consigo reagir,tenho medo
Se fujo,é porque sou cobarde,se fico é porque sou submissa,se enfrento é porque sou malcriada
Os dias deitam-se,dando lugar às noites
E eu olho o relógio novamente,os ponteiros continuam no mesmo ponto
Os dias não têm cores, as noites são sombrias
Da minha boca não se ouve um único gemido,como se eu fosse nada
Existo apenas para mim,carrego o meu próprio fardo,tão pesado,que me enraizou
O sol fustiga-me o rosto, não consigo contempla-lo tamanha é a decadência em que me encontro
Fere-me a sua luz,gretam-me os lábios secos
Necessito de água,mas ninguém me mata a sede
Extinguiram-se os águadeiros
Não tenho forças....estou fraca, deixei-me apanhar pela maldade alheia
E eu que pensei que todo o ser humano era humano
Só agora compreendi que há corações de aço
O tempo? O tempo apenas me mostra o que eu nunca quis ver
Mas não resolve nada
Apenas assiste impávido e sereno á minha destruição
Haja alguém que me arranque deste bosque
Estou moribunda....
Haja alguém que me cultive num jardim
Eu sou apenas uma flor,com o coração do lado de fora

 ( Inspirado numa vida bem real. Dedicado a todas as pessoas que não têm força para sair do escuro depressivo em que se encontram.Um dia se fará luz,acreditem!)

"Nunca despreze as pessoas deprimidas.A depressão é o ultimo estágio da dor humana."(Augusto Cury )

(imagem google)
R.M.Cruz





 





sábado, 10 de outubro de 2015

Menina Mulher....

Ela era uma criança que não queria crescer
Mas o seu corpo não lhe obedeceu
Começou a crescer descompassadamente
Que não lhe deu tempo de se ajustar
Quando se apercebeu,já outras crianças bebiam dos seus seios
Já o seu ventre tinha sido rasgado
Já o seu colo fora preenchido
Já o seu corpo fora deleite
Já os seus olhos viam o perigo
Já as suas mãos faziam tranças
Já os seus ouvidos estavam alerta
Já a sua alma tinha outras moradas
Mas ela nunca aceitou o crescimento
Escondeu a criança dentro dela, e de vez em quando mergulha a fundo no seu interior
No labirinto do seu ser não é difícil encontra-la , devagarinho aproxima-se dela, abraça-a... trá-la para fora,diz-lhe ao ouvido: Nunca morrerás dentro de mim.....
E mulher e criança abraçam-se e brincam juntas até o sol se por e a noite dar o alerta
Está na hora da mulher levar a criança para dentro
Com muito carinho recolhe-a dentro de si, coloca-lhe uma flor no cabelo, e despede-se dela a cantarolar baixinho...(dorme meu menino estrela de alva,já a procurei e não a vi, se ela não vier de madrugada,outra que eu souber será pra ti,outra que eu souber será pra ti....)
E de repente o seu leito lembra-a da mulher, fecha os olhos e sente que uma lágrima cai na almofada.
Recolhe a lágrima, e lembra que tudo é uma questão de pensamento
E para adormecer, a mulher trás à lembrança as risadas da criança.
Apazigua o coração, e adormece num sono profundo,onde a realidade se mistura com as cores da noite.
Não sabe ao certo por onde andou,mas sabe que não andou sozinha.

R.M.Cruz

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Clara e fria...


Clara e fria é a água em que mergulho
Cortantes foram os dias em que descobri, que não se morre de amor,porque ainda sobrevivo neste flagelo interno em que me encontro.
Não sei se é desilusão ou  incoerência, pois já devia ter calculado que o ser humano é errante, e tu não serias excepção.
Da minha parte nascem duvidas infindáveis, do que poderia ser e não foi, do que prometeste e não cumpriste.
Pouco me resta, a não ser a frieza das águas, claras e gélidas, claras porque te revelaste o mais hipócrita das criaturas, gélidas,porque a revelação é acutilante, como faca de carniceiro, cravada até aos ossos
Sobrevivo estática, acorrentei o meu coração,como se acorrenta uma porta que jamais se quer abrir
Jurei perante mim, que não vou mais sofrer, o que tenho basta-me!
Não sei se algum dia te perdoarei, nem sei se existe perdão possível, pelo monstro em que me tornei ao confiar em ti.
Já fui anjo branco leve no meu pesar,já fui sonho, já fui orquestra,já fui  poema, mas o impacto da descoberta, fez acontecer em mim a transformação,hoje sou anjo negro, minhas penas são pesadas, meus gritos são assustadores,não é qualquer um que tem a coragem de se aproximar de mim
Sou terra firme, sou rocha, não abalo dos meus sentidos, sou fria, sou noite, sou sombria
Não interessam  as madrugadas, foi nelas que me entreguei a ti, foi nelas que perdi a minha verdade
Não leio poemas de amor, foram eles que me induziram em erro.Hoje não canto a melodia dos pássaros,hoje não rego as flores, nem ouço as ondas do mar,não vejo o por do sol, porque tudo isto busca nas minhas memórias o teu rosto, e eu não quero!
Sobrevivo crua, fria, e calculista, porque um passo mal dado, será a desgraça do meu novo dia
Continuo gélida, mas clara nos meus objectivos!
Há outro mundo por trás do que me prometeste,  não morri,fortaleci-me.
E ao fortalecer-me tornei-me invencível, criei defesas altamente eficazes, não me procures, não penses em mim, pois o meu veneno não tem antídoto, é irremediavelmente fatal

"Inspiração secreta "

R.M.Cruz





segunda-feira, 31 de agosto de 2015

As palavras carregam sentimentos....



As palavras carregam sentimentos, sentimentos de  amor de compaixão,de culpa, de arrependimento, de ódio, de inveja....
Se eu pudesse gritar ao céu a saudade que carrego em meu peito
Toda a terra ensurdeceria com a força do meu grito
Se eu pudesse gritar ao mundo que a dor que provocamos no outro, mais cedo ou mais tarde transforma-se na nossa própria dor , e que há intenções de boa vontade que causam o caos em quem não está focado no mesmo sentido.
Se eu pudesse gritar ao mundo que para lá da matéria há almas em sofrimento, que buscam nas noites frias o silêncio de um coração que as escute
Se eu pudesse gritar ao mundo, que a terra morre a cada dia, e que o universo chora a incoerência dos homens
Se eu pudesse gritar ao mundo, que as mães rasgam o ventre e a alma para proteger os seus filhos,  que depois  lhes são roubados mutilados assassinados,e que essas mães morrem com eles,e o seu corpo vagueia pela terra numa ausência de luz  e de incompreensão.
Se eu pudesse dizer-te o quanto vales para mim, todo o teu ser se transformaria em luz
Se eu pudesse dizer-te que os teus simples gestos, são a mais bela das ofertas, decerto que tu te sentirias a mais nobre criatura.
Se eu pudesse dizer-te, que lamento os dias bons e maus em que não estive contigo,certamente saberias que me preocupo.
Se eu pudesse pedir-te desculpa pelo meu erro, saberias que eu não voltaria a errar
Se eu pudesse dizer-te o quanto me magoaste quando não estiveste presente, naquele dia fatídico, por certo entenderias melhor a minha dor
Se eu pudesse dizer-te que as tuas lágrimas custaram-me tanto, que  hoje choro-as eu, por não tas ter poupado
Se eu pudesse dizer-te que o meu colo sempre esperou por ti, e que ouço o som das tuas palavras, não te cansarias de me falar
Se eu pudesse dizer-te que dentro de mim moram tantos sonhos, sentarias a meu lado para realizarmos juntos
Se eu pudesse dizer-te, que no caminho que percorro me sangram os pés, saberias o quanto desejo que me pegues no colo e me alivies a dor
Se eu pudesse dizer-te, que as minhas noites são de profunda solidão, e que a lembrança do teu abraço me ajuda a adormecer, nunca me largarias o corpo
As palavras carregam sentimentos
Se eu pudesse dizer-te que o por do sol não tem a mesma beleza, quando o contemplo sozinha, e que as estrelas só brilham pela metade
Se eu pudesse dizer-te que as palavras mais belas são as palavras que não consigo dizer, são palavras silenciosas, que só são lidas com os olhos de um coração que fale a mesma linguagem 
E eu carrego tantas palavras, o seu peso me corcunda, não vejo o sol, nem a as estrelas,necessito de me libertar, os sentimentos abalroam os meus sentidos e sinto-me a morrer
Descarrego este fardo,  na água corrente do rio da vida,talvez as águas levem as minhas palavras até ao teu coração e assim consigas saborear o agridoce das minhas lágrimas.

R.M.Cruz






quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Não me julgues......


Não te atrevas a julgar-me pelo amor que semeei
Não te atrevas a culpar-me pelo  tempo que te dei
Os olhos são para o corpo como janelas de luz
Tu és para a minha alma, a mão que a conduz
Senta na margem do teu coração, e ouve bem o que te diz
Só vive quem ama, só ama quem é feliz
O amor nunca é demais, quando poucos são os dias
Há palavras tão fatais, que soam cortantes e frias
Dei-te o meu coração aberto, de pureza o enchi
Preferiste apedreja-lo, quando era louco por ti
Eras todo o meu encanto, minha luz meu bem querer
Ai como eu te amo tanto... tanto, que quero morrer
Dá-me a vida que te dei, de doces afagos meus
Dá-me os olhos que deixei presos na luz dos teus
Não te atrevas a julgar-me, não se julga um amor
Que de penas padeceu, para te dar esplendor
Não vás ainda, porque é cedo demais
Fica até ao amanhecer, morro de frio neste cais
Cobre-me com tuas asas, que tantas vezes me cubriu
Aconchega-me o  peito, que de feridas se abriu
Para onde foram os sonhos,quando um dia foste meu
Fugiram da minha mão, feito fumo lá no céu
Sinto falta dos teus braços, abraça-me na noite escura
Já  caminho no cansaço, das ruas da amargura
Não vás embora, esta vida já vai no fim
E o meu coração implora, que não te afastes de mim
Que faço com o teu cheiro, que em todo o meu corpo ficou
Que faço com o teu rosto, que as minhas memórias tomou
Fico aqui gélida e quieta, na sombra entre as mulheres
Deixei a porta aberta, para entrares quando quiseres
Deixei fios de água por onde passo, para tu veres o caminho
Deixei o meu colo livre, para quando te sentires sozinho.

R.M.Cruz
(imagem google)






segunda-feira, 17 de agosto de 2015

As sombras são necessárias.

Chegou o dia.....a noite esperou sentada nas sombras, já não existe medo,nem fantasmas, nem bichos papões, tudo se resume a luz......já não existe a dúvida,nem a espera, as vozes do infinito falam no silêncio da madrugada,quando todos dormem e podem escutar...O sono é regenerador, quando a consciência é leve e os sonhos são azuis.As árvores continuam de pé, à espera que o sol se erga por trás da montanha, as estrelas continuam no céu, para brilharem na próxima noite. Não há fantasmas sem que nós os criemos, não há medos sem que nós os alimentemos, tudo faz parte do Universo infinito das nossas almas.Tudo tem a sua rota o seu destino....O vento continua a soprar, eu não o vejo,mas sinto-o, tem momentos que me arrasta com a sua força,tem momentos que me acaricia com a sua lufada.A noite não é assustadora, as sombras são necessárias para que o dia nasça.A alma é a energia na vasilha do nosso corpo, é necessário solta-la, deixa-la respirar, para que ela viva!A minha alma abre-se para a compreensão do Universo.A noite é necessária para que as estrelas brilhem e as almas possam desabafar.

R.M.Cruz

domingo, 16 de agosto de 2015

O tempo não cura....

Dizem que o tempo tudo cura
Mas não é verdade...
O que cura é o que fazemos nesse tempo
A saudade aperta mais a cada dia
O tempo é uma ilusão, ele não existe
Tempo é sempre presente
Não há passado,porque não podemos voltar atrás 
Não há futuro, porque não podemos adiantar o tempo
Há o presente, e nesse presente, nascemos crescemos e morremos
O momento é a única certeza, a vida é efémera, os sonhos são realizáveis no tempo....O tempo é eterno, nunca muda, quem muda somos nós,envelhecemos dentro do nosso presente.
O Sol não nasce todos os dias,nem a lua, nem o mar,nem as estrelas, nem o infinito.....tudo está sempre lá.
Passaram milénios, e tantas pessoas, nasceram e morreram dentro do tempo, tudo roda, tudo nasce e morre,e o tempo continua...A lua e Sol são sempre os mesmos.
Neste presente eu tenho tantas saudades do meu presente de ontem, que é o mesmo de hoje, o que mudou foi a minha passagem no tempo e não o tempo na minha passagem, o que mudou foram as escolhas que eu fui fazendo, que são sempre no presente.O meu presente de hoje, é o retorno do meu presente de ontem.O tempo não cura, o que cura é a forma como encaramos as perdas,os medos,as dificuldades.O ontem é o hoje,e o hoje, será o presente de amanhã.Tudo passa,tudo tomba, tudo roda no tempo. Há  tempo para tudo, porque o tempo não se esgota, o que esgota é a nossa validade de vida. Aproveitemos então o nosso presente,antes que termine a validade.

(Uma reflexão)

R.M.Cruz

sábado, 25 de julho de 2015

Matem os poetas!

Para quê o canto dos pássaros, se o meu coração está surdo?
Calem-se os poetas, que nada sabem da minha alma atormentada
Nem os sábios encontram solução para a minha dor
Sou alma á deriva, no caos da minha loucura
Ninguém me ensinou a viver sem ti
Maldito amor que consome todo o meu ser
Como se vive sem alguém que entrou em mim, fez do meu corpo a sua morada, deleitou-se nos meus braços,adormeceu nas minhas pernas, sonhou no meu regaço, e jurou viver em mim para sempre.
As noites de inverno eram as mais quentes, e as de verão as mais frescas, as de primavera eram as mais abençoadas, e as de outono as mais sonhadoras.
E as maçãs vermelhas com trincas de madrugada, colhidas no orvalho da juventude
E o nascer do sol que entrava pelas frestas das janelas, fazendo caminhos de luz até aos nossos corpos semi nus, abandonados ao amor, no chão do nosso quarto
Ninguém me ensinou a viver sem ti......
Que faço agora com o tempo? Não consigo....fecho os olhos e faço força para não te ver, e de olhos fechados ainda te vejo mais.
Matem os poetas, eles mentem acerca do amor
Tragam tecidos brancos e envolvam o meu corpo, não serei de mais ninguém
Fecharam-se para sempre as portas do meu coração, lançarei a chave no abismo mais negro da minha alma
Para me esquecer que um dia conheci o amor, e que noutro dia ele foi embora.
Não tinhas o direito de ir sem antes  matares o amor que deixaste em mim,para quê deixa-lo órfão, mais vale logo uma morte  acutilante, do que este mar de angustia onde me afogo lentamente, sem forças para lutar.
Como poderás ser feliz, sabendo da minha dor? Haverão noites que sentirás o meu medo, a minha solidão....Ouvirás o meu grito de desespero, e nessa altura ficarás inquieto sem saberes de onde vem tanta  inquietude.
Bradarei aos céus, para que me ouçam os anjos, e levem o meu corpo envolto em lençóis brancos, só fui tua, e tua serei para sempre.

(inspirado num estado de alma. Não posso guardar,não cabe em mim tanta dor alheia)

R.M.Cruz 


segunda-feira, 15 de junho de 2015

SER AMIGA.................É

SER AMIGA.........É
Ser amiga não é estar sempre ao nosso lado,é estar presente de coração.
Não é fazer cobranças,é dar sem que ninguém peça
Ser amiga,não é guardar os saberes para si, é doa-los aos outros
Não é sofrer calada,é gritar por ajuda
Ser amiga não é falar mal de ti, é respeitar-te as costas
Não é dizer que está tudo bem,quando na verdade não está
Ser amiga não é magoar com a mentira, é com a verdade,ainda que a verdade doa mais.
Ser amiga é acompanhar-te nas alegrias,mas principalmente nas tristezas,é dar-te a mão quando tens medo,é proteger-te do que não sabes, é saber cuidar de ti nas horas vulneráveis.
Ser amiga é compreender-te com o olhar,é entender os teus gestos,é perdoar as tuas faltas,é abraçar-te sem dizer nada,é sofrer contigo,é chorar,é sorrir é cantar.
Ser amiga é estar contigo na linha da frente, quando é preciso ir à luta,é amar os teus filhos como meus,é sentir quando a tua alma chora,ainda que o teu rosto sorria.
Ser amiga é partilhar, tudo,ainda que esse tudo seja nada.
É sentir a tua dor como minha, é aninhar-me e dar-te o meu colo,quando vejo a criança que há em ti perdida, é dar-te um beijo, afagar-te o rosto,é dizer-te que na vida nem sempre temos que ser fortes, é teres a confiança de descansar no meu ombro,é desarmares e poderes ser TU.
Ser amiga, é desejar-te bem, como desejo para mim,é não me deixar influenciar negativamente a teu respeito,porque só eu te conheço bem.
Ser amiga é alegrar-me com as tuas vitórias,é gritar de contente,pelas tuas conquistas,é saber que venha o que vier eu posso contar contigo.
Ser amiga não é limpar-te as lágrimas é chorar contigo, é dar-te força,é acordar-te,é serenar o teu coração,é dar-te luz quando tens medo da escuridão, não é deixar-te caminhar para o abismo, é alertar-te que ele existe.
Ser amiga é compreender as tuas fragilidades, não é aniquilar-nos com as nossas diferenças,é aprender com elas.
Ser amiga é colocar de lado o orgulho,é saber perdoar,é ter a coragem de dizer,eu errei.Não é misturar dinheiro com amizade, não é esperar que tu erres,é alertar-te para o erro.
É agradecer ao Universo por te ter encontrado na terra, por seres parte da minha energia,do meu sorriso,das minhas vitórias.
Ser amiga não é prisão, é liberdade, não é compromisso,é honra!

(este é o meu conceito de amizade)
                       
 (foto de R.M.Cruz)
R.M.Cruz

terça-feira, 26 de maio de 2015

Desassossego

Este desassossego, que me envolve e me devora
Um não sei quê, de inquietude
Que ora mora ora não mora
Nem sei de que sou feita, se frágil são meus sonhos
Vivo uma augustia que não sei de onde vem
De um desamor que habita o mundo
Sou feita de coisa pouca,que envolve a minha alma
Não sou mais do que um sonho,um sopro,um corpo em decadência
Que logo morre,e ao morrer se acalma
Faço propostas à vida
Mas esta ouve e não cala, grita-me como se eu fosse surda
Para que eu não perca tempo
Este desassossego, de querer e não poder
Não me digam para ter calma
Sou feita de ansiedade
Sou alma em desassossego à procura da verdade
Inquieto-me por dentro, com mentiras descaradas
Suicido o meu pranto, dentro do meu próprio ego
Como eu te amo tanto
Neste meu desassossego
Sou como o mar imenso, que de água se encheu
Sou como as lágrimas dos anjos
Que de amor caem do céu
 Ergo os olhos á vida, e nela coloco a minha alma
Para que ela não me  minta
Pois só a verdade me acalma
Verdade que eu vejo de ti, do muito que me mentiste
Hei-de matar  esta dor
De momento só e triste
De muitas almas que amo, a tua tanto me feriu
Leva a mentira para longe,pois não quero o que é teu
É notório o meu comportamento...... pois fingir não é meu lema
Sei que nada volta atrás
E morrer não vale a pena.

R.M.Cruz




segunda-feira, 18 de maio de 2015

Que sabes tu de mim?


Que sabes tu de mim
Quando o meu coração pulsa descompassadamente
Acaso sabes que é por ti que ele grita?
Que sabes tu de mim
Quando passo a noite revirando o meu corpo nos lençois frios na cama vazia
Acaso sabes que ele sente a falta do teu?
Que sabes tu de mim
Quando uma lágrima salta desvairadamente pelos peitoris dos meus olhos
Acaso sabes que a solidão a levou ao suicidio,por não ver os teus?
Que sabes tu de mim
Quando enrosco o corpo no meu próprio abraço
Acaso sabes,que os meus braços elouqueceram e confundem-me contigo?
Que saabes tu de mim
Quando finjo que acredito nas mentiras que me dizes
Acaso sabes que as mastigo,só porque tenho medo que te afastes e não voltes?
Que sabes tu de mim
Quando da minha boca só ouves o silêncio
Acaso sabes,que calo a minha voz,só para não te entupir de palavras severamente romanticas?
Que sabes tu de mim
Quando embalo a minha alma em melodias de amor
Acaso sabes que é para manter acesa a tua lembrança em mim?
Que sabes tu de mim
Quando me encolho na minha pequenez,exaltando o teu ego
Acaso sabes,que por dentro choro inundando as minhas entranhas de tristezas incompreendidas?
Que sabes tu de mim
Quando me olho ao espelho, e tu vens por trás e me beijas os ombros
Acaso sabes que a tua felicidade é a morte da minha?
Não,não sabes nada de mim
Sou para ti tudo o que queres que eu seja
Sou para ti o mundo que idealizaste
Sou para ti a mulher perfeita
Mas tu não me conheces
Sabes porquê?
Porque essa não sou eu
Essa é a personagem que eu inventei para não te perder
Estou cada vez mais perto de ti, e mais longe de mim
Nem sei, se algum dia,me lembrarei de mim.
Entretanto vou deixando pegadas na minha alma,na esperânça que elas não se apaguem com o tempo
E um dia eu possa regressar ao meu EU
R.M.Cruz
(foto R.M.C.)


segunda-feira, 11 de maio de 2015

Na falésia do medo

Na colina do tempo ouço o murmurio do teu coração
Ainda que o teu sorriso se abra em teu rosto
O teu coração tem uma nevoa de tristeza
Nos teus olhos habitam todas as águas do Universo
E todos os céus dos Infinito
Todo o azul se reflecte nos teus olhos
Apetece mergulhar neles, e ficar lá a descansar
Mesmo assim com toda essa serenidade e plenitude 
O teu sorriso contraria o tom azul,
sereno, inquieto
Tu sabes,que o amor não tem sexo
Mas nem todos sabem, e a tristeza invade a tua alma sábia
Porque de amor te vestes
E no amor descansas
O mundo é falso, de falsos moralistas
Deturpam o amor, com o acto sexual
Não te detenhas nem descanses, vive com o amor que brota das tuas entranhas
Não adormeças na falésia do medo....salta! Verás que não há queda, tu possuis asas
Acredita em ti, e no teu voo glorioso
Deixa que o azul do infinito, continue a pintar os teus olhos
Deixa que falem....quem fala não conhece nem de longe o significado do amor
Estende os teus olhos para dentro de ti, e vê o que mais ninguém vê
Trás para fora o sabor da tua alma
Uma alma que grita ao mundo compreensão, não necessita de se esconder
Sobe ao mais alto do teu ego, e grita para o mundo.....eu quero!eu sou! eu amo!
Não esperes respostas, porque o mundo não te compreende
Espera apenas, que a imensidão do azul dos teus olhos
Te eleve ao mais alto nivel da alma humana
Amar não é pecado
Pecado é não deixar o amor florir,crescer, multiplicar-se, invadir o mundo
Pecado é ser mesquinh@ e não deixar a alma evoluir
Não desperdices o teu tempo em explicações inglórias
Pois quem não abre o coração, não sabe abrir a mente
Vive, sem medo de escalar a montanha dos perconceituosos
Verás que valerá a pena a subida
lá em cima está o teu descanso  e o vislumbre de horizontes inigualáveis
Cada passo, uma vitória, cada caminhada uma conquista
E quando te aperceberes, foste feliz, a vida termina, e o mundo continua igual
E voltarás para casa.... o céu, de onde vieste e para onde voltarás
Por isso acorda,vive, sonha, e ama quem tu quiseres
És um anjo na terra, dificilmente encontrarás um amor como o teu
Ele existe,mas esconde-se dos malfeitores
Porque o mundo ainda não entendeu, que o espírito não tem sexo
Só os poetas entendem a linguagem dos anjos.

Dedicado a tod@s as pessoas que não têm receio de aceitar a sua orientação afectuosa e sexual.



R.M.Cruz







sábado, 2 de maio de 2015

A quem me deu a vida

Neste dia, soltam-se as memórias como cavalos bravos em  plena liberdade
E a angustia de não sentir o teu abraço é acutilante
Toda a cidade se vestiu de amor, para receber o dia da Mãe
E não adianta dizer que dia da Mãe é todos os dias
Bem sabemos que o é
Hoje  os filhos têm tempo para dar um beijo à Mãe, um carinho,uma palavra
Hoje todas as desavenças são colocadas no baú do esquecimento
Não nos atormentemos na injustiça do que não temos, do amor que não recebemos
Da vitória de mais um dia, da alegria de partilhar com a Mãe
Ainda que nem todas as Mães sejam dignas deste dia
A maioria está na lista das grandes Mães
E a minha memória não pára de te relembrar, ainda que triste, viva sem ti
A lembrança das tuas palavras a ralhar, no momento decisivo da escolha do meu caminho
Caminho esse, que não era o que tu querias para mim
Mas que eu, jovem rebelde e de ideias muito próprias escolhi
Nunca me disseste (eu bem te disse)
Apenas resgatavas as minhas lágrimas e as transformavas em esperança
As minhas lágrimas não eram salgadas Mãe, tu as adoçavas com os teus beijos
E por mais rebelde que eu fosse,tu sempre me colocavas um freio
Nunca me deixaste cair no abismo
As tuas palavras soavam a elitismo
Mas na candura da noite, tiravas a farda e envolvias-me no teu amor
Era assim uma espécie de duas em uma
Hoje sei que tudo foi necessário
Dizer não, na hora certa, é como (matar a fome)
Hoje sei quem sou, o que sou, e porque o sou
Porque tu fizeste questão de deixares bem definido na minha educação
Não me deixaste ouro, nem prata,nem tesouros....
Deixaste-me outros valores, que de tão valiosos, não tem dinheiro que os possa comprar
É assim Mãe, hoje por incrível que pareça, não te censuro
Foste Mãe e Pai, levaste o teu barco a bom porto
E partiste
Sei que me esperas, e sei que um dia te vou encontrar
E nesse dia,terei certeza que segui o caminho certo
Porque como tu, eu também sou Mãe
E como tu ,visto a farda de elite
Regozijar-me -ei por tudo o que fui
E sentir-me-ei agradecida
A quem me deu a vida

R.M.Cruz











quinta-feira, 23 de abril de 2015

O teu abraço


Vergada sobre o peso da saudade
Na escuridão dos meus dias
Vejo a luz ao longe
Não tenho forças de caminhar até ela
Sinto os meus ossos curvados e o meu coração arreado
E hoje, como se me tivesses ouvido
Vieste até mim, através do sonho
Abraçaste-me, e eu, ali aninhada sobre o teu abraço
Descansei
A noite nem sempre é tenebrosa
E as sombras nem sempre são assustadoras
Por entre os raios lunares, e os tons cintilantes das estrelas
Senti o teu conforto,o teu cheiro, o teu respirar
Tem noites que os sonhos se tornam tão reais.
Sem palavras.....apenas um abraço terno, e eterno.
O conforto que veio de longe
 Escutou o meu apelo
Dizem que somos feitos de átomos....de que serão feitos os sonhos?
Deitei a cabeça sobre os teus ombros, e respirei fundo
Tão fundo que senti o eco da minha alma
Entraste nela, pela luz ténue dos meus olhos
Ali permaneceste,até me sentires mais forte
Embalaste a saudade
E ela adormeceu
Revigorei o meu coração
Senti-te ir embora, vi a tua silhueta através da luz, e das tuas costas nasciam asas
Abriste-as, eram tão grandes que tapavam a minha janela
Abri bem os olhos e vi-te voar em direcção à lua
E a noite ficou completamente iluminada
Não te disse adeus
Uma lágrima saltou dos meus olhos,lambi-a com os lábios a sorrir
Soube-me a ti
Do eco da minha alma,ouvia-se o canto dos pássaros
E eu entrei dentro dela
Fiz-me pássaro e voei contigo.

R.M.Cruz
(imagem google)





terça-feira, 21 de abril de 2015

Não vás


Amor o tempo vincou em nós o momento decisivo
Aquele em que tu decidiste ir
Eu decidi deixar-te ir
Orgulhosos dos nossos feitos,fomos os dois até ao fim
Sempre na expectativa da desistência primeira
Qual Reis dignos da sua palavra,não voltamos atrás 
Como fomos infantis
Hoje não podemos reparar o erro,há erros irreparáveis
E nós esquece-mo-nos disso
Deixamos passar a nossa primavera, por puro capricho
Não me perdoo-o,não te perdoo-o
Esperemos o inverno,quem sabe ainda temos tempo
Até lá não me tires do teu coração
Aquece-me o nome e grava o meu rosto
Não mates a esperança
Deixa que seja a ultima a morrer,por asfixia de tempo
Os anos vão pesar,mais do que o normal
Carregam a nossa incúria,o nosso orgulho a nossa teimosia
Hoje sinto saudades do momento antes de errarmos
Quisera eu construir uma máquina do tempo
Juro-te que não seria tão orgulhosa
Agarrar-me-ia a ti, e implorava-te que não fosses embora
Tenho a certeza que não irias
Gritaria ao teu coração....amo-te e quero-te aqui, não posso viver sem ti
E a vida mostrou-me,que não vivo sem ti....
Vivo contigo em tudo de mim
Menos com a tua presença
Essa é a parte mais dorida do meu ser
A tua ausência em mim
Sei que voltarás no inverno
Já não teremos o cheiro da primavera em nossos corpos
Nem as flores nos nossos olhos
Os nossos braços não darão enlaços
As nossas bocas não terão o mesmo sabor
O tempo amadureceu-as demais
Os nossos corpos sentirão as gretas da vida
Não nos deleitaremos na nossa mocidade
Nem os nossos poros transpirarão prazer
Mas de uma coisa temos certeza
No nosso coração o amor ainda espera por nós
A nossa alma, almeja encontrar-se
E finalmente tocaremos o céu do nosso amor
E juntos entraremos no mar das nossas recordações
Recordando tudo o que nos fez felizes
E a nossa memória,vai esquecer-se que em certo momento
Tivemos uma triste decisão
E então seremos felizes para sempre
Ainda que o sempre seja breve,muito breve....

R.M.Cruz

(imagem google)



domingo, 12 de abril de 2015

E fui humana!

Hoje procurei-te nas folhagens verdes
Olhei o céu e confundi os ramos das árvores com os teus braços
Parecia que se estendiam para mim
E os raios de sol por entre as folhagens, figurava-se-me o teu sorriso
Por momentos confundi o cantar dos pássaros com a tua voz
E a aragem que acariciou o meu rosto trazia o teu perfume
Arranjei os meus cabelos,passei as mãos nos meus lábios
E de repente pareceu-me que me vias
Ali entre o céu e a terra, flutuei algures noutra frequência
Não senti os pés no chão, não me senti carne
Senti-me brisa, por cima da matéria
Por trás da montanha havia outra montanha
Havia caminhos em todos os sentidos e para lá dos caminhos havia mar
E as lágrimas eram rios de sangue, e os corações dos homens eram cristais
E as ruas eram pedaços de algodão, e as mãos das pessoas eram colos
E as Mães eram anjos
E os Pais eram outros anjos
E os homens eram de todas as cores 
E o amor era a língua Universal
E o horizonte não se via, porque era um mundo sem fim, e o mar dobrava-se sobre ti
E tu eras céu
E a Primavera desfez-se em pétalas de flores
E toda a terra inalava o  seu perfume
Continuei inebriada pelos raios do sol que teimava em penetrar  as árvores...possuindo-as!
 E as árvores enraizadas desmaiavam em êxtase pela envolvência do sol
 Senti-me intrusa
Senti o teu beijo
Senti  a saudade
Senti o  abraço
Senti o adeus
Sen-ti  fiquei
Sem mim também
Em matéria me transformei
E fui humana.

R.M.Cruz

 (imagem google)





terça-feira, 7 de abril de 2015

Renascerei

Não!
Não quero o teu amor por piedade
Não será amor
Será caridade
Dá-me o que tens, e que um dia foi meu
O meu coração
Ficou preso no teu
Dá-me a  minha alma, que mora na tua
Sou indigente
Vivo na rua
Dá-me o que é meu....minha casa meu tecto
Não tenho um carinho
Não tenho um afecto
Tudo levaste, eu tudo te dei
Cega de amor
Sem nada fiquei
Hoje durmo nos cantos, de um abraço qualquer
Perdi os encantos
Perdi-me....  Mulher
Perdi o meu rumo, na beira do cais
Já não como, já  não durmo
Já não vivo mais
Qualquer abraço me serve, qualquer beijo me dá luz
Qualquer um que me leve
Sou ferro,sou gelo, sou cruz
Tudo te dei
Estou nua por dentro
Estou vazia de amor
E cheia de vento
Não choro uma lágrima, não arranco o meu peito
A culpa foi minha
Assumo o defeito
Não me procures, não tenhas dó
Sobrevivo sem ti
Prefiro-me só
Afasta-te de mim, deixaste-me nua
Devolve-me a alma
Que ficou presa na tua
É o que me resta, para sobreviver
O que tens já não presta
Eu vou renascer
Levantar-me-ei, em campos de girassois 
Das mais negras batalhas
Nascem herois
E o meu coração, arrancalo-ei do teu
O que é seu ao seu dono
Só quero o que é meu
Depois da tormenta e da tempestade
Nascerá outro ser
Nascerá outra verdade
Tu jamais viverás, nas margens de mim
Renovarei a morada
Plantarei outro jardim
E o que foi, já não é, cessarei o meu pranto
Vou renovar minha fé
Vou vestir-me de branco
Enterrarei o machado, da minha desilusão
Outros amores hão de vir
Outros amores nascerão.

(imagem google)
R.M.Cruz 

















quinta-feira, 26 de março de 2015

Tenho em mim......................

Tenho em mim todas as moradas
Albergo em mim, segredos e medos
Sou terra agreste, sou solo seco
 Sou deserto
Sou velha cansada na soleira da porta
Sou filho que não volta
Sou pássaro livre, sem poiso nem ninho
Sou amarra que prende, sou jaula de carcereiro
Sou luz
Sou virgem, sou janela, sou infinito
Sou grito
Sou universo, sou beijo,sou tropeço,sou escárnio
Sou desejo
Sou abraço, sou cobra, sou berço,sou desilusão
Sou regeneração
Sou o mal dos meus dias, sou alegrias
Sou a faca que corta, sou a nudez
Sou altivez
Sou a alma que chora, sou o bebe que nasce
Sou rio
Sou sol na madrugada
Sou fonte seca
Sou estilhaço de arma, sou terra agreste
Sou flor, sou inferno
Sou silêncio e lamento
Sou brisa, sou fogo destruidor, sou orgasmo
Sou amor
Sou dor, e cansaço, sou colo
Sou vaso que quebra, sou ferro que não verga
Sou veneno, sou cura, sou besta, sou criança pura
Sou liberdade
Sou saudade
Sou novelo de sonhos, sou sujeito, sou nuvem que passa
Sou vidraça
Sou assombro na noite escura, sou castelo de areia
Sou lua cheia
Sou mendigo, sou solidão,sou morte,sou eternidade
Sou folha seca, sou árvore de fruto, sou luto
Sou escravidão, sou pão, sou preconceito
Sou leito
Sou vida, sou azul, sou mar, sou negrume, sou sul
Sou a mão que guia, sou cegueira, sou neve que cai,sou esterco
Sou pasto verdejante,sou amante, sou seiva, sou amasso
Sou regaço
Sou sorte, sou momento
Sou corpo,sou alma, sou eternidade
Sou sentimento
Sou engodo, sou ansiedade,sou verdade
Sou animal feroz,sou atroz, sou traição
Sou gratidão
Sou fêmea,sou fera, sou primavera
E em tudo o que sou, nada mais seria
Se eu não fosse tudo o que sou
Mulher!

R.M.Cruz

(imagem google)







sexta-feira, 20 de março de 2015

Dei-te o melhor de mim


Quando somos jovens cabem em nós todos os sonhos do mundo
E o meu  maior sonho era um casamento perfeito, tão perfeito que me cegou
Amei-te como uma adolescente perdida...principalmente perdida de mim
No vislumbre da minha cegueira, só te via a ti
Foste como um eclipse lunar, em ti depositei toda a minha luz
E dentro de mim, mergulhou a escuridão
Nunca pensei que o amor cegava, nunca pensei que o amor nos arrancava o ser
Ser de SER! EU!
Deixei o meu ser contigo, e passei a ser TU!
A juventude só é bela pela inexistência de tempo no nosso corpo
De resto, nada mais tem de belo, a não ser a incuria da cegueira
A minha foi atroz
Senti-me por muitos anos, sem me sentir
Dei-te filhos, o melhor de mim, passei a redobrar-me em amor, amava-te a ti  e aos filhos
Hoje olho para trás e sei, que não sou exemplo de amor para ninguém
Eu estava enganada na minha forma de amar, e tu aproveitas-te bem....sempre foste um homem livre
Livre de tudo
Na minha ingenuidade, deixei-me levar para dentro de ti
De mim nada restou
A não ser estes longos anos de ausência do meu SER
Este meu viver em ti e para ti enclausurei-me no teu querer
Nunca tive olhos de ver, sentia-te feliz e isso fazia de mim uma grande mulher
Sem nunca me aperceber que deixei de me amar, que deixei de viver por mim
Deixei de pensar em mim
Deixei de ser EU
O tempo passou, e revelou o meu erro
Pena que o tempo, não me dá tempo de corrigir
Nem devolve nada, a não ser as consequências da minha cegueira
Hoje com tempo em cima do meu corpo....apenas aprendi uma coisa
Arrependimento não restitui o que foi perdido
Arrependimento não lava a alma, entope-a com culpas e lamacei-a com remorsos
Daquilo que deveria ser e não fui
Daquilo que deveria fazer e não fiz
Amar-me em primeiro lugar!
Amar o outro mais do que a nós próprios é um erro crasso
Eu sou aquela que me acompanharei até ao ultimo suspiro da minha existência
Fui desleal comigo, não me respeitei, não respeitei o meu amor próprio
Hoje sei quem sou, não sei o que fui, nem sei quem fui
Trabalhei como uma máquina, para te ajudar a criar o teu pequeno império.Hoje és rei e senhor!
Rasguei a minha carne,fui o deleite dos nossos filhos, sim a unica coisa que é nossa
Nada mais tenho de meu
A não ser este meu corpo cansado, de toda a vida que te dei
A minha luz quase se apagou...
Hoje vivo com um ténue  raio de sol
Encontrei a paz....vivo devagar, porque já não tenho pressa
Vivo o tempo que me resta, tentando perdoar-me, pelos danos que me causei
Não sei se algum dia, a minha alma terá flores, é inverno dentro de mim
Já não sei se a Primavera chega a tempo de florir o meu jardim
Estou cansada.....
Esperarei  o dia que se segue, e aceito-o como uma dádiva
Hoje amo-me, mas há amores que chegam tarde demais.
A ti, nada desejo, de ti nada quero, a ti nada devo.
Os filhos são meus por condição
Por isso hoje vivo sem cegueira


(Uma história verdadeira .Para ti (I.T. )
(imagem Google)

R.M.Cruz





sábado, 7 de março de 2015

Mulher!!!


Tu que choras em silêncio, para que os teus soluços não despertem os que dormem no teu amor
Tu que rasgas as entranhas para que a vida não se extinga da terra
Tu que suportas a agonia da violação, esgueirando-te nas margens do teu ser, procurando a luz nas colinas da escuridão.
Tu que não mostras o rosto e que vives dentro das grades  prisionais da tua própria roupagem
Tu que aguentas a força bruta e desmedida da besta que te agride e se deleita no meio das tuas pernas
Tu que és capaz de amar, mesmo depois de amar....que anulas o teu próprio querer para atenderes ao querer  de quem amas.
Tu que sofres calada a perda de um filho,esqueces-te da vida, olhando o infinito e perguntando porquê?
Tu que tens no peito dois bebedouros, de onde jorra a seiva dos homens, e acolhes o sexo que te invade até aos ossos...
Tu que  sofres a  dor atroz da mutilação,privando-te do prazer a que tens direito
Tu que bebes o vinho do esquecimento, para que as lembranças não te comam a alma
Tu que te torturas nas masmorras da beleza, para que te olhem os olhos que te admiram e te descartam
Tu que vendes prazer na praça do vicio, muitas vezes desrespeitada como ser humano
Tu que te dás por inteiro, e por inteiro te ignoram
Tu que perdeste um amor...e com ele enterraste a chave do teu coração em lealdade de um amor que morreu
Tu que esperas ansiosa a chegada do marido saciado de outra......e tudo suportas para que os filhos cresçam em equilibrio emocional
Tu que  és a outra e nunca te sentes unica, sentes na partida de um adeus, o talvez de um novo dia, numa noite interrompida a meio
Tu que tens no teu seio as fontes da vida, mas o teu utero não corresponde ao teu desejo de ser mãe
Tu que dás o primeiro passo para  que a paz  habite no mundo
Tu que ficas vigilante à cabeceira de quem já não vê a luz da vida, dobras os teus joelhos implorando ao Universo mais um pouco de fé
Tu que te vestes de negro expondo a cor que habita a tua alma, albergando no teu interior mil demónios que te devoram
Tu que concebeste um filho a dois, sonhando com  uma famila feliz, e hoje és pai e mãe, és toda a familia que te resta 
Tu que sangras na tua condição de mulher, fruto da vida e da dor, esperança de luz, em braços de amor
Tu que tomas sozinha o leme do barco da vida, na ausência do marido que foi arrancado do lar para outro País, e que  no silêncio da noite choras a falta do seu abraço
Tu que acalentas no colo o corpo de homem e lhe enxugas as lágrimas, afagando-lhe o cabelo e sussurrando-lhe ao ouvido com voz doce e meiga, como se ele fosse um menino, e lhes lambes as feridas da vida com balsamo de amor, reerguendo-o da queda
Tu que acreditas que o amor não tem sexo, e amas quem quer que seja apenas e só, pelo amor .
Tu que és dona de casa, mãe, esposa,amiga,irmã............. e ainda tens todas as profissões do mundo...................................
A ti Mulher ergo o meu clamor!

Dedico a todas as mulheres verdadeiras!!!

R.M.Cruz


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Duas vidas...um caminho!



Uma vida, duas vidas……uma história
Na ternura de um olhar, no sonho sonhado a dois….
Nas mãos fortes que seguram, no amor que une!
Na estrada que percorreram, nas noites sombrias, ameaçada pela febre, e doenças vindas sem avisar…..De joelhos, ao pé dos berços, as preces elevadas aos céus, a fé que nunca vos abandonou, o amanhecer cansados, exaustos….a lida do trabalho, a força com que lutaram.
As tempestades nos  mares da vida…. as ondas gigantes, e o barquinho de nóz…Que nunca se deixou naufragar, muitas vezes remando contra a maré, mas sempre firme, sabendo que chegaria a bom porto.
E o papão que em noites escuras procurava amedrontar os rebentos, os carinhos, os beijos, o aconchego….os guardiões dos nossos sonos.
A sementeira da educação, e dos valores, a preparação da terra….
O coração que bate descompassadamente, quando um filho dá um passo, a vontade de dar com ele, o apertar da mão como uma corrente de aço, o conselho  exato, o açoite na hora certa.
A casa cheia de vida, o amor que nela habita, tantas vezes questionado, na resistência que o mantem.
Os filhos que crescem, os valores que os seguem, os netos que florescem, a alegria que vem das gargalhadas, a casa aumenta e o amor também.
A nora que é um anjo , fazendo jus ao ditado” quem meu filho ama, minha boca adoça”
A família que somos , a vós o devemos, o orgulho enche o nosso coração, a gratidão por tudo o que fizeram por nós.
O amor e a disciplina, fizeram de nós filhos honrados, netos felizes, numa vida em que nos ensinaram, que devemos admirar a rosa, sem nunca descuidar dos espinhos.
Aqui neste momento os vossos filhos e filha, netos e nora, elevamos o nosso clamor, e agradecemos todo o vosso amor.
Agradecemos a Deus por vos termos na nossa companhia, e que ainda possamos contar com o vosso conselho,  o vosso açoite, o vosso mimo, o vosso aconchego por todo o tempo possível.
Ainda que o mundo não saiba, nós sabemos. Que o mais importante de tudo é ter o vosso amor. Pais maravilhosos, zelosos para com o seu jardim, sempre regando, tirando uma erva daninha aqui e ali, cuidando para que o jardim cresça e floresça.
Obrigada, por terem escolhido dedicar a vossa vida á família. Obrigada por estarem connosco, obrigada por nunca desistirem, obrigada por resistirem.
Estaremos sempre aqui, para vós, sabemos que nunca será na medida que vocês estiveram para nós, mas vamos tentar com o  melhor que vocês nos ensinaram.

(Uma história verdadeira)
R.M.Cruz

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Quem ama vive para sempre!


Uma pessoa que ama, é uma pessoa que vive
Uma pessoa que ama, olha primeiro para si... tudo o que sai de dentro, reflecte-se para fora
Quem ama preocupa-se com o degredo em que caminham os outros
Amar é olhar alguém que está em sofrimento e compadecer-se, e torne sua, a dor do outro
É ajudar
É aproximar-se, é perguntar é dar um sorriso, um abraço,um afecto
Amar é procurar nos olhos do outro, a tristeza que o mata por dentro, mesmo quando ele sorri por fora
Amar não é permanecer junto enquanto o sol brilha, é abraçar nas noites sombrias
Amar não é dizer versos de amor em dias de mocidade, é declamar poesia quando os anos nos vergam o corpo e as feridas abrem buracos do tamanho dos dias.
Amar não é dizer eu te amo, em noites de desejo e prazer.É permanecer ao lado quando a doença ataca e danifica o ritmo da vida, é caminhar de mãos dadas ainda que o outro não consiga dar um passo
Amar é ser sincero/a é dizer não, quando se quer realmente dizer NÃO.
Amar é não se julgar nunca melhor que o outro...a mais linda forma de amar nasce da humildade do SER
Amar não é oferecer flores nas datas memoráveis, amar é surpreender nos dias tediosos
Uma pessoa que ama, é uma pessoa que sente, e vive o que ama, porque amar requer cuidados, requer atenção, vigilância, protecção.
Quem ama sabe que é responsável pelo amor que brota de dentro para fora, sabe que é necessário regar cuidar para que a planta nunca seque.
Amar não é dizer que se ama e permanecer no abstrato sentido da ignorância, de tudo o que envolve a palavra AMOR
Amar é ser responsável pelo que se ama
Amar é ver beleza em algo que ninguém mais vê, é ver por dentro dos olhos
É entrar na alma mais catastrófica e encontrar o ponto exacto do belo
É ver  algo esplendidamente divino em alguém que está de rastos....é olhar é avançar é ajudar!
Amar não é julgar....é compreender é clarear sem ofender...é não calar, é não consentir a humilhação a quem quer que seja.
Amar é crescer na honestidade da sua existência....doando essa força que brota da alma de quem quer aprender cada dia mais e mais
Amar é olhar sempre de baixo para cima, e nunca de cima para baixo
Amar é compreender que amor é um sentimento que nasce em qualquer coração...portanto pode ser partilhado não importando o sexo, a cor, religião ou etnia ....amor é simplesmente AMOR!
Amar é partilhar o que se aprende...é ser amigo cordial sincero e leal
Amar é defender as costas de  um amigo... quando ele não tem chances de se defender
É estar presente nas situações de risco, é nessas alturas que o amor é bálsamo
É nunca se deixar abater por mediocridades que blasfemam sobre o amor, é nunca se deixar castrar pelo incrédulo.
Amar é ter o dom de perdoar....só quem perdoa é digno de perdão .
Amar é acreditar que mesmo que o amor cause sofrimento, ele é o elixir do BEM e para o BEM.
O mundo morre a cada dia que um ser humano deixa de acreditar que o AMOR é a cura para todos os males.
Amar é praticar tudo o que sabe sobre o amor!

R.M.CRUZ
 (foto google)