sábado, 10 de outubro de 2015

Menina Mulher....

Ela era uma criança que não queria crescer
Mas o seu corpo não lhe obedeceu
Começou a crescer descompassadamente
Que não lhe deu tempo de se ajustar
Quando se apercebeu,já outras crianças bebiam dos seus seios
Já o seu ventre tinha sido rasgado
Já o seu colo fora preenchido
Já o seu corpo fora deleite
Já os seus olhos viam o perigo
Já as suas mãos faziam tranças
Já os seus ouvidos estavam alerta
Já a sua alma tinha outras moradas
Mas ela nunca aceitou o crescimento
Escondeu a criança dentro dela, e de vez em quando mergulha a fundo no seu interior
No labirinto do seu ser não é difícil encontra-la , devagarinho aproxima-se dela, abraça-a... trá-la para fora,diz-lhe ao ouvido: Nunca morrerás dentro de mim.....
E mulher e criança abraçam-se e brincam juntas até o sol se por e a noite dar o alerta
Está na hora da mulher levar a criança para dentro
Com muito carinho recolhe-a dentro de si, coloca-lhe uma flor no cabelo, e despede-se dela a cantarolar baixinho...(dorme meu menino estrela de alva,já a procurei e não a vi, se ela não vier de madrugada,outra que eu souber será pra ti,outra que eu souber será pra ti....)
E de repente o seu leito lembra-a da mulher, fecha os olhos e sente que uma lágrima cai na almofada.
Recolhe a lágrima, e lembra que tudo é uma questão de pensamento
E para adormecer, a mulher trás à lembrança as risadas da criança.
Apazigua o coração, e adormece num sono profundo,onde a realidade se mistura com as cores da noite.
Não sabe ao certo por onde andou,mas sabe que não andou sozinha.

R.M.Cruz

Sem comentários:

Enviar um comentário