domingo, 22 de maio de 2016

Salva-me!


Aperta-me contra o teu peito,enrosca os teus braços no meu corpo
Necessito de um abrigo, de um aconchego, de um refugio
Fujo dos olhares enfurecidos, ofuscados pela luz do amor que brota do meu coração
Coração magoado pela força das palavras,sangrando pela iniquidade de certas atitudes
Não consigo respirar, não consigo dar um passo, algemado pelas correntes invisíveis
 De pensamentos que me atrofiam o cérebro
Há energias cor de carvão,tentando escurecer o meu viver
Persegue-me uma fome louca de seres que não buscam a luz dentro de si mesmos
Que dedicam cada momento da sua vida, a perseguir quem trabalha,quem se esforça,quem se levanta
Procuro-te em toda a parte,preciso de um abrigo,onde possa descansar os meus dias
Procuro os teus braços, o teu aconchego,onde eu possa largar as armaduras, e dormir nua em ti
Sigo vagueando, pesa-me o sentido de responsabilidade, de um mundo que não sabe amar
De um mundo que só tem bocas abertas,para difamar,julgar,ofender....
Não sei de mim, de que é feito o meu coração
Não sei dos meus dias de pureza,de criança descalça,cabelos despenteados,de sorriso aberto.
Como se o sol estivesse dentro dela,e brilhasse através dos seus olhos
Não sei do sabor da esperança,nem dos dias com gotas de chuva, em que eu dançava de braços abertos sentindo as gotas no rosto, salpicando-me de sonhos
Não sei de quem falo, porque não me reconheço nestas palavras
Talvez as armaduras sejam tão penosamente pesadas, que me tiram a percepção de quem sou
Preciso de ti, como preciso de mim
Tira-me daqui, de onde entrei empurrada pelas carências sociais,pela corrida de interesses, pelo desumanismo
Esta não sou eu.
Quando a noite cai sobre mim, vejo-me de cima, e tenho pena, da pessoa em que me tornei
Ajuda-me!
Estendo para ti a minha alma, toma conta dela,está amarfanhada pelas sombras, pelos desgostos,pela ingratidão...
Alcança-me, foca em mim o teu sorriso para que eu me guie através da tua luz, e de novo volte a ser eu
Abraça-me, como abraças uma criança que chora, como abraças uma mãe que morre,como abraças um filho que parte,como abraças  um pai que se ausenta,como abraças o grande amor da tua vida.
Abraça-me!

(inspirado numa conversa com uma amiga.Todos nós necessitamos de um abraço que nos salve)
A foto é da minha autoria.

R.M.Cruz