segunda-feira, 26 de março de 2012

Gosto.........não gosto.....


Gosto do mar e do sorriso das crianças, do toque da sua mão, gosto da luz do seu olhar
Gosto de acariciar um cão vadio, e gosto de andar á chuva
Gosto de sentir o cheiro das flores nos jardins, e gosto de olha-las....Sem perceber ao certo quem criou tanta beleza
Não gosto de cortinas na janela....gosto de ver o sol e a lua, e gosto de ver a vida lá fora
Gosto de gostar de ti, poderia gostar dele ou dela, mas é de ti que eu gosto, e gosto tanto
Não gosto de frases impostas que me levem a acreditar naquilo que eu não quero
Gosto de um bom perfume, gosto de sentir um aroma que me desperte os sentidos
Não gosto do toque da campainha, sinto-me invadida em horas que eu não quero
Gosto de ver o voo livre dos pássaros, as suas danças acrobáticas em pleno ar
Não gosto que me falem de pessoas que eu não conheço, na tentativa de me fazerem ter um juízo prévio.
Gosto de tomar banho no mar, no rio, na piscina, no lago, na chuva...adoro água!
Não gosto que me induzam a comprar, tiram-me a liberdade de decidir sobre a minha carteira.
Gosto de escrever o que me apetece, sem pensar no que vão pensar de mim
Não gosto que me privem da minha vontade de gostar, do preto, azul,branco,violeta......
Gosto de transgredir regras, sinto-me livre....
Não gosto de ouvir a palavra amo-te sem sentir que é sentida, soa-me a falso
Gosto de dizer a quem amo, amo-te é isso que quero dizer!
Não gosto de telemóvel, toca sempre nas horas mais impróprias, na caixa de supermercado, no banho, numa conversa intima............
Gosto de sonhar a dormir, é como se a minha vida fosse dupla, tripla.....gosto de sonhar acordada, preciso disso para caminhar e chegar ao meu horizonte.
Não gosto de não ter forças para ser vegetariana, não encontro justificação, para mim, adoro animais, como sou capaz de come-los?
Gosto de subir uma montanha, e ficar lá em cima deitada de barriga para cima, esticar a mão e tocar no céu.
Não gosto de cumprimentar alguém que me estende a mão a medo, como se eu tivesse sarna.
Gosto de um olhar direto juntamente com um sorriso, dá-me confiança.
Não gosto que falem mal de um amigo na minha presença, mesmo sendo verdade, falar mal de um amigo é desrespeitar-me.
Gosto do cheiro da terra e da relva....e gosto de ver e ouvir os raios e os trovões, é como se a Natureza estivesse a barafustar com a humanidade.
Não gosto que digam que sou parecida com este ou com aquele....Gosto de ser quem SOU, com todos os meus defeitos e virtudes....

Gosto...não gosto....
Todos somos, todos temos, todos gostamos, todos detestamos........


R.M.Cruz

quarta-feira, 21 de março de 2012

"Nas tuas garras"


Á noite quando te deitas emudeces o teu sentido

A alma está desfeita

O teu corpo não aceita, deitas-te com o inimigo

Vês-lhe nos olhos a fúria, do maltrato e da incúria

As mãos que te machucaram fingem que te dão carinhos

Os lábios que te beijaram, palavras de amor juraram

Assombram os teus caminhos

O corpo que a ele entregas, e que na alma tu negas

Toda a tormenta vivida!

A cruz que nele carregas…Pobre triste e dolorida

Aconchegas nas tuas pernas, quem de porrada te cobre

De que és feita mulher? A tua alma é tão nobre

Invade o teu interior, como se fosse o senhor

De teu corpo penetrar… suplicas, que vá devagar…

Ignorando os pedidos, entre berros e gemidos,

Entra em ti de tal forma, as suas garras te crava

Deixaste de ser dona, e passas a ser escrava

Engolida pelo cansaço, desfaleces no regaço

Do teu próprio opressor, tu és a presa, e ele ,o caçador

No meio da multidão, há mulheres com a mesma dor

Que escondem a podridão, de um marido predador

De olhos postos nos filhos, aguentas firme e calada

Rasgando o teu coração…no meio da multidão, á espera da madrugada

De que és feita mulher?

De cinza de pó e nada!

R.M.Cruz

Participação no 3º concurso de Poesia na Biblioteca Lucio Craveiro da Silva

21 de Março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

CULPADA.......................


Entro no nosso quarto, olho em volta e tudo está deserto
Os objectos que outrora tinham vida
Estão mortos, como morto está o nosso amor
Eu fui acusada de o matar!
Será que sou a única culpada deste delito?
Não terei eu um cúmplice deste crime?
Quem me acusa, merece ficar impune?
O amor era dos dois, e tu que fizeste?
Acomodas-te-te assistindo de bancada ao meu delito.
Não me alertaste, nem sequer te deste ao trabalho de me impedir
Sabes porquê?
Porque dá trabalho manter o amor vivo!
Por isso na tua iniquidade
Deixaste-me seguir o caminho que me levava ao crime.
Talvez seja para ti mais cómodo acusares-me de assassina do nosso amor.
Eu sujei a minha reputação, o meu nome, a minha alma, o meu coração
Mas pior de tudo é ser acusada por ti!
Injustiça matrimonial, afectiva, desleal....
Sabes o que mais me marcou?
Não foi o crime em si, mas sim a acusação de quem me ajudou a comete-lo.
Todo o teu silêncio me empurrou, toda a tua indiferença me incentivou
Toda a tua ausência me feriu, todo o teu egoísmo me deixou só
E eu... na escuridão da tua ausência, lutando pela fome da tua presença,
Saí á procura de encontrar outro amor.
E na penumbra da noite embriagada pelo meu devaneio
Ludibriada pelo meu sentir
Apunhalei o nosso amor.
Hoje sinto o quarto vazio, a cama deserta, o sonho desfeito, e o amor morto...
Que é feito de ti?
Sentes a tua consciência em paz?
Só tu e eu sabemos o que aconteceu, naquela noite.
E tu acusas-me de crime?
Quem rouba mais? o que entra ou o que fica á porta?
Quem mata ?o que fornece a arma ou o que a dispara?
Quem é mais santo? o isento de pecado, ou o mártir?
Eu carregarei na minha bagagem uma culpa que não é só minha
E tu?


Dedicado a todos/as os que de uma forma ou de outra são acusados/as injustamente pelo parceiro/a, do fim de um casamento, companheirismo, amizade, cumplicidade..............

R.M.Cruz





domingo, 4 de março de 2012

Olhem-me nos olhos!


Não me avaliem pelas palavras que escrevo
Nem pelos versos que canto
Avaliem-me pela essência do meu ser
Olhem-me nos olhos!
É lá que está a minha verdade
Sou um ser humano imperfeito
Construído com perfeição
No primeiro momento que respirei vida, era perfeita!
Depois fui crescendo e contaminei a minha existência!
Agora contaminada, procuro voltar á perfeição
Erro crasso!
Ninguém volta ao seu estado de inocência pura
Terá que renascer...
Não me julguem pelas minhas palavras
Julguem-me pelos meus atos
Muitas das palavras que escrevo
Não são da minha vivência...são roubadas ás emoções alheias
Depois eu transformo-as em minhas
E aí eu escrevo o que sai da alma de alguém
Sou uma mera transmissora
Vivo mil vezes....sou feliz outras mil.....sofre outras tantas
Quem sou eu afinal?
Nem eu sei!
Sei que sou uma pobre mortal
Que vivo de paixões, de conflitos e de emoções
Amo o sol e a lua....desfaleço no oceano
Escalo as montanhas do Evereste
Subo ao céu, brinco com as estrelas, ando de mãos dadas com os Anjos
Enfrento-me com o diabo, as minhas noites são assombradas
Pelos espíritos inquietos, eles falam comigo e eu com eles
Desço ao fundo dos mares, caminho em águas movediças
Tenho um jardim encantado
Onde brinco com querubins, fadas dos bosques, ninfas, duendes, e bruxas
Tenho muitas vidas
Vivo para além da minha
Não me julguem pelas minhas palavras
Nunca irão encontrar um veredito
Julguem-me pelos meus atos!
Olhem-me nos olhos é lá que está a minha verdade!


R.M.Cruz