quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Apenas um olhar..............


Basta um breve momento
Um olhar que passa
E de repente...esse olhar entra dentro dos teus olhos
Uns breves segundos
E tudo pára ao redor
Não ouves vozes... nem o ruído da cidade
Tudo parou...apenas uns segundos...
E são arrancadas da memória
Recordações de tempos passados
Coisas esquecidas, adormecidas....
Algures no teu pensamento, existe um mundo adormecido
Que tu fizeste questão
De guardar com muito carinho!
Mas por breves momentos...
O tempo remoto saltou para o tempo presente.
Os corpos eram os mesmos...apenas cansados e envelhecidos
Pelo tempo....
Mas o olhar esse estava inalterado...intacto...como quando o viste pela ultima vez,
O mesmo que te olhava há tantos anos
Quem disse que o amor morre?
Quem disse que o amor se esquece?
Ele apenas adormece....
Num sono calmo e sereno.
No meio da multidão, do barulho da cidade,
Alguém passa por ti....o corpo não reconhece
Mas os olhos sim!
Os olhos acordam a mente e o coração
Finges que não notas....mas todo o corpo sente
Todas as células, todos os poros toda a matéria orgânica fica descontrolada
O choque é intenso, profundo!
Não consegues mentir! Nem fugir! A mente voa no tempo
É como se estivesses num sonho...em que a alma abandona o corpo
E sentes-te anestesiada
Por momentos...por breves momentos...
Tu não és mais nada
Apenas um breve olhar...acorda o amor que tu, julgavas morto
Porque tu, fizeste questão de um dia dizeres
Este amor morreu para sempre!
Ninguém diga, que um dia o amor morreu
É mentira!
É mentira!
Foi apenas o pensamento que o escondeu!
Apenas um momento.....tudo acalma, os olhos esses, eram prisioneiros dos corpos
Seguiram o seu caminho, sem poderem olhar para trás
Tudo volta ao normal....o amor esse volta para onde esteve
Para dentro do coração....volta a adormecer...
Até um dia aquele olhar o voltar a despertar!


R.M.Cruz

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Não vás por aí.....


Não vás por aí
Diz-me o meu cérebro cansado
Mas eu teimo e vou..Não quero ir por outro lado
Não vás por aí
Diz-me o meu sexto sentido...Mas eu não faço caso,finjo não ter percebido
Não vás por aí
Grita-me o coração aflito...Mas pouco me importo
Vou em frente
Ignoro o seu grito
Não vás por aí
Dizem-me vozes invisíveis.....Mas eu vou por aí...Por caminhos impossíveis
Não vás por aí
Diz-me o sol ao nascer....Mas eu vou por aí
E é por aí o meu destino é morrer
As vozes gritam aos ventos do norte
Não vás por aí....Esse é o caminho da morte
Mas é por aí
Que eu quero ir
Não me amarrem os pernas...Outros passos hão-de vir
Não vás por aí
Grita-me o sonho perfeito...Mas eu tenho que ir
Não posso fugir
Eu aceito!
De que vale, andar para trás,,,Se o caminho é agora
Ser hoje ou amanhã
Tanto faz...O destino marca a hora
Vou porque tenho que ir...E é para lá que eu vou
Calem-se todas as vozes....Que deste mundo eu já não sou
Sou peregrina no tempo...Das muralhas da eternidade
Sou matéria sou lamento...Sou fracasso e liberdade
Liberto-me já tão cansada....Do corpo que me prendeu
E do mundo tão maltratada....Vivi quem não era eu
E solta na brisa vento....Eu liberto a minha dor
Já não sei o que é lamento...Já só sei que tudo é amor
E na chuva eu danço...A dança da perfeição
Na melodia da noite....Entrego o meu coração
Fecho os olhos suavemente...Já não vejo o que via
Sem olhos vejo melhor....Vejo a luz de um novo dia


R.M.Cruz








sábado, 18 de fevereiro de 2012

Será que sou....


Será que sou a tua doçura
Ou será que sou o fel?
Será que sou a ternura, e o teu mais doce mel?
Será que sou o veneno, que envenena e te mata?
Ou será que sou o teu terreno, que te sacia e te farta?
Será que sou o teu aconchego, nos dias de tempestade?
Ou serei o teu maior medo?
A mentira da verdade.
Será que sou o teu leito, que te acalma e seduz?
Ou serei o pior defeito?
Serei a tua escuridão ou a tua luz?
Será que sou teu caminho, de leveza e de ternura?
Ou serei o teu espinho, serei a tua doce amargura?
Será que sou a mulher, que te compreende e te ama?
Ou serei o teu prazer que te sacia e te acalma?
Será que sou a mais tenebrosa, que em teu peito se deleita?
Ou serei a mais bela rosa que nos teus braços se deita?
Será que sou tua amiga, companheira de longos anos?
Ou serei tua fadiga, tua mentira teus enganos?
Será que sou o baú, onde guardas os teus segredos?
Ou serei a tua espada, a rainha dos teus medos?
Será que eu faço amor, com amor de que tu gostas?
Ou será que te causo dor, e te esfaqueio pelas costas?
Serei o que tu quiseres!
Meu companheiro e amigo
Entre tantas outras mulheres
Escolheste viver comigo!


R.M.Cruz






segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Porque........


A minha vida é escura...porque eu tapei o sol
O amor não mora em mim...porque eu o deixei fugir
A minha estrada é deserta... porque eu quis viajar sozinha/o
A minha cama está vazia...porque eu não soube cuidar
Os meus amigos viraram-me as costas...porque eu não fui responsável pelo que cativei
O meu mundo desabou...porque eu não apostei nos alicerces
A minha vida é monótona...porque eu não aprendi a melodia
A solidão engole-me...porque eu não me dei ao trabalho de regar
O silencio apavora-me...porque ordenei que as bocas se calassem
Não tenho um sorriso...porque nunca dei
As minhas noites são frias...porque até o gato fugiu
As flores murcharam...porque eu tapei-lhes a seiva
Não há estrelas no meu céu...porque eu fiz as nuvens densas
Não tenho um ombro amigo...porque quebrei o seu braço
A minha casa é fria...porque não construí a lareira
Não olho pelas janelas...porque me esqueci de as abrir
Os meus olhos estão opacos...porque eu não quero ver
Os minhas mãos estão vazias...porque eu nunca dei
O meu coração está frio...porque eu apaguei as brasas
A minha casa está vazia...porque eu matei os moradores
A minha alma está faminta...porque eu deitei fora os alimentos
Não tenho um abraço...porque cortei todos os braços
O meu café é azedo...porque eu adicionei fel
O meu rio está seco...porque eu tapei todas as nascentes

Se temos as atitudes...não nos admiremos com as consequências
Se fazemos as escolhas...não nos admiremos com os resultados
Se fazemos as perguntas...não nos admiremos com as respostas
Se optamos por um caminho...não nos admiremos com a viagem

Quase tudo na vida é resultado das nossas opções eu digo (quase) porque muitas vezes somos apanhados no meio das tempestades alheias.

R.M.Cruz



sábado, 11 de fevereiro de 2012

Aconchega-me........................


Não me julgues pelo que eu sou
Tu não sabes o porquê dos meus actos
O meu coração caiu ao chão
E ainda não consegui apanhar os cacos
É fácil julgar, os outros...
Mas difícil é por-mo-nos no seu lugar!
Caminhemos no mesmo caminho
Para ver com o mesmo olhar
É perigoso julgar
Sem conheceres o meu "delito"
Talvez se me soubesses amar
Entendesses o meu "grito"
Não me julgues por favor
O mundo já me julgou
Preciso do teu amor
Que do mundo eu já não sou
Procuro no teu abraço
Aconchego e proteção
Para aliviar meu cansaço
E descansar meu coração
Mas tu não compreendes
A minha atitude, e condenas
Em vez de me amparares
Cortas-me logo as pernas
Não me apontes o dedo
Isso o mundo já o faz
Ajuda-me a enfrentar o medo
E a dizer... eu sou capaz!
Vem na minha direcção
Para que eu veja a tua luz
Que ilumina o meu coração
E ao teu peito me conduz
Deixa-me deitar no teu colo
Atenuar a minha dor
Eu preciso de consolo
Estou carente do teu amor
Não te peço que carregues
Os cacos do meu coração
Eu só peço que não me negues
Teu amor, tua afeição
No meio da multidão
Eu só contava contigo
Mas tu disseste-me NAÕ!!!
Quero entender... não consigo!
Os cacos do meu coração
Com o tempo eu vou colar
Ficarão as cicatrizes
Para mais tarde relembrar
Que a vida é feita de dor
De sorriso e alegria
Que vale a pena o amor
E vive-lo a cada dia
Porque o que conta é o presente
O passado já vivi
O futuro eu não conheço
O presente está aqui!!!
Mais tarde te orgulharás
Da pessoa que eu sou
Então compreenderás
Os caminhos por onde vou
Nessa altura... quererás me acompanhar
Eu não negarei a tua companhia
Pois ser humano é errar
E começar a cada dia....
Vou vivendo passo a passo
Não sei ao certo por onde vou
Mas por certo serei o laço
Que na tua vida ficou
Os meus medos, esconderei
Numa caixinha pequena
Até quando...eu não sei...
Mas sei que valerá a pena!


Dedicado a uma pessoa muito especial para mim, e para muitos!!! S.A.

Beijinhos
R.M.Cruz










domingo, 5 de fevereiro de 2012

Dia inesquecivel.....


Não poderei esquecer nunca este dia
O dia do meu aniversário
Faz hoje três anos, em que eu entro sorridente no quarto de minha Mãe
-Bom dia Mãe (disse eu a sorrir)
-Bom dia filha (disse-me ela também a sorrir) mas tinha no olhar uma serenidade que me assustou.
Perguntei: -Está tudo bem?
Ela respondeu-me.
-Filha minha, hoje o dia da minha partida.
Eu achei que ela estava a brincar, era o dia do meu aniversário (e como pode alguém saber o dia da sua partida?)
-Está a brincar comigo Mãe? hoje ?
Olhei para os olhos dela serenos, (diziam que me amavam) sentei-a no pequeno sofá do quarto, deu-me as mãos, encostou a sua cabeça no meu peito, olhou para mim mais uma vez cheia de amor por mim, e adormeceu para sempre!
Incrédula com tamanha revelação, apoderou-se de mim um misto de emoções, de perguntas, de sentimentos, eu não sabia bem o que me estava a acontecer.
Gritei pelo meu filho.
-Miguel, Miguel
-Pronto Mãe (disse-me ele) a Vó já partiu...
Refugiei-me no meu quarto, e não quis saber de mais nada, o meu filho tratou de tudo o que deveria ser tratado.
E eu chorei...chorei...até me cansar...abandonei-me ás minhas forças e desfaleci.
Os amigos, a família, não sabiam o que fazer (se dar-me os parabéns ou lamentar o meu pesar)
Passadas horas, limpei as lágrimas, vim para junto da família, e enfrentei o que tinha que enfrentar....os amigos esses, nunca me abandonaram!
Os filhos perderam a outra Mãe, e eu teria de agora em diante ser as duas Mães.
Cada ano ás nove horas em ponto, vivo toda a cena, como se fosse sempre pela primeira vez.
Os amigos e a família têm sempre tanto cuidado, pois sabem que tudo está a ser sentido de novo.
E eu? Eu vivo nesta aceitação, de que a vida é mesmo assim...
Ás vezes perguntam-me: como podes viver a morte da tua Mãe com tanta serenidade?
Eu respondo: Porque todos temos que partir, e no dia 5 de Fevereiro de 1963 a minha Mãe pegou-me nos braços e disse eis a filha que eu tanto desejava (sou filha única no meio de 5 irmãos).
No dia 5 de Fevereiro de 2009 minha Mãe deitava a cabeça no meu peito...serena...sem dor, nem magoa...olhou para mim cheia de amor, e partiu...partiu no mesmo dia em que me deu á luz!
Sinto-me prestigiada, cuidei dela até á sua partida.
Tenho a certeza, que ela está sempre do meu lado.
Pode-vos parecer estranho, mas eu não vou ao cemitério,não gosto,não quero.
Quero tê-la sempre na minha lembrança, no meu coração, na minha vida, assim serena adormecendo nos meus braços.
Hoje sinto uma saudade que me esmaga o peito, uma vontade de lhe tocar, de lhe dar um abraço...Grito Mãeeeeeee..................Silêncio.......sou ouço os meus soluços!
Quando a saudade aperta muito ela entra nos meus sonhos e beija-me...a gente sente, beijo de Mãe é único, exclusivo, ninguém no mundo tem um beijo que se pareça com o de uma Mãe
Ela sempre me dizia dando-me um abraço: Parabéns minha filha, que sejas sempre feliz!
Depois fazia-me sempre um bolo, e brindava-mos a nós!
Hoje brindo á vida e ao amor da minha Mãe.
Brindo aos amigos que não me deixam neste dia dolorosamente especial.
Brindo á família que me aconchega com o seu amor.

Hoje sinceramente, gostaria que a data não constasse no meu calendário....mas como tudo faz parte da vida, obrigada á vida por me ter dado tanto!


R.M.Cruz

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Se um dia não houver poesia?


Se um dia não houver poesia
O mundo escurecerá
E eu morrerei
Porque não corre mais pelas minhas mãos
As palavras que brotam do meu coração
E que caem emotivas em cima do meu papel
Depois elas (as palavras) ajeitam-se de forma a que a minha alma sinta, o que acabo de escrever
Se um dia não houver poesia
Será um dia de morte
Eu morrerei por dentro e por fora
Os meus olhos ficarão opacos, sem luz nem brilho
O meu coração será uma pedra
E a minha alma, será apenas um fantasma sem moradia
As minhas mãos para nada mais servirão, serão inúteis, preferirei arranca-las
Dá-las de alimento ás feras
Se um dia não houver poesia
Eu gritarei mil vezes que estou louca, andarei a vaguear pelo meu ser
Enclausurada nas paredes do manicómio da minha vida
Não serei mais a mesma, nem terei nome de gente, nem de flor
Serei uma louca desvairada, correndo as voltas de mim mesma
Se um dia não houver poesia
Eu estarei nua...e o mundo também
Não haverá emoções, nem corações para sentir
Não haverá Natureza, pois não há quem escreva a sua beleza
De que vale escrever se não houver ninguém para ler
Os campos não serão verdes, nem as flores coloridas
As árvores serão monstros erguidos
Os pássaros desertarão
Extinguindo-se a si mesmos
As águas serão lamacentas, turvas, movediças, os mares não serão mais do que eternas lixeiras
Os rios serão rios de lama, onde os peixes se enterraram
Benditos os poetas que despertam os sentidos
A quem os lê
Benditos os poetas, que são o olhar de quem não vê
O coração de quem não sabe sentir, os ouvidos de quem não sabe ouvir
A alma de quem está fria e regelada, o caminho... o mendigo na beira da estrada
Bendito o poeta que escreve, o que sente, que faz cair uma lágrima
Seja lágrima de dor, de alegria, de raiva, de ciume
Seja lágrima de amor
Bendito o poeta que desperta os sentidos de quem o lê
Que acorda as emoções adormecidas, ou guardadas, trancadas, escondidas
Ai se um dia eu não escrever mais poesia
Podem-me enterrar
Pois eu estarei morta e fria!
Morreria se não pudesse escrever!
Obrigada a quem me lê!
R.M.Cruz