segunda-feira, 21 de abril de 2014

Laços e nós....


 Numa loucura desenfreada, corri para casa...
Desatei os laços que nos uniam
  Sentia-me asfixiado..... o nosso amor jazia estagnado
A sombra tomara conta das nossas fitas coloridas
Estava obcecado na morbidez dos meus sentidos
Enchi-me de uma coragem, que não era minha, e cortei os laços
Na certeza absoluta que estava no caminho certo
Nunca pensei...que os laços desfeitos, se transformariam em nós na minha garganta
E que o caminho que me afastava de ti
Não era o caminho da liberdade, mas a estrada da minha iniquidade
Caminhei para longe, convencido que levava a espada da vitória
A mesma espada que um dia iria ser a cravada nas minhas costas
Descalcei os sapatos da minha ignorância
E percebi, que a evolução é lenta.......e não é no primeiro degrau que está a subida
Para subir....precisei de descer
Para entender...precisei de provar
Para aprender...precisei de caír
Para  levantar...precisei de acordar
Senti como um banho de agulhas, perfurarem-me a alma
As lágrimas que inundaram a nossa cama, no momento da rotura
São as mesmas que me afogam agora na minha solidão
Os passos me afastaram de ti, são os mesmos que me afastam de mim
E penso em ti
E desejo voltar no tempo....
Ao invés de cortar os laços
Engrandeceria as fitas coloridas, em manhãs rosadas de primavera
Enfrentaria a fera!
Domaria os teus desejos, e acalmaria os teus sentidos
Saberia que caminho seguir..... sem nós, a apertar-me o peito e a garganta
Evoluir é voltar atrás,para ver melhor o caminho
Evoluir é causticar a cicatriz de tal forma, que possa passar por ela sem doer
É rasgar o peito sem medo, e dizer: Estou aqui.
Tal como sou.
EU!

R.M.Cruz






 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Eu nasci.....

Não nasci para ser só, nem tão pouco solidão
Não nasci para ser o nó, que aperta o teu coração


Não nasci para morrer, nem tão pouco acabar
Eu nasci para ser eterna, e o céu iluminar
 

Não nasci em corpo firme, nas tábuas de um caixão
Nasci rosa sublime, sou feita de mansidão
 

Não nasci em berço de ouro, nem em braços de marfim
Nasci do maior tesouro,que minha Mãe é para mim


Não nasci numa prisão, não sou pássaro de cativeiro
Eu nasci livre no vento, bafejo o mundo inteiro

Não nasci em banhos de mágoas,nem em choros decisivos
Eu nasci em fios de água, em sorrisos e gemidos

Não nasci no fogo lento, nem em noites de lua cheia
Eu nasci  num beijo do vento ,á luz tenue de uma candeia

Não nasci para ser rainha, nem escrava, nem senhora
Eu nasci para ser mulher a mais doce sonhadora

Não nasci para ser cravada, de espinhos em vez de rosas
Eu nasci para me perder, por entre versos e prosas

Não nasci para me emparedar, nas muralhas em que padeço
Eu nasci para me encontrar em caminhos que desconheço

Não nasci para ser usada, ser enfeite ou ornamento
Eu nasci para ser amada, por um nobre sentimento

Não nasci para ser perfeita, nem tão pouco perfeição
Eu sou mulher imperfeita, na mais bela condição

Não nasci de braços abertos, cravados na dura cruz
Eu nasci de ventre rasgado, para dar filhos á luz

RM.Cruz