terça-feira, 30 de setembro de 2014

Confia


Se me deres a tua mão, talvez eu sinta o teu calor
E entenda o que te vai por dentro
A frieza das palavras vem de dentro da alma
Cada bafo teu é como um gelo cortante
Parece que as palavras ficam suspensas no ar
Como se fossem estalactites cortantes
Ao meu contacto tudo pode mudar
Ainda há esperânça
Entre o teu corpo e o meu existe uma pequena centelha de luz
Precisamos de nos mover, para a acender
Não esperemos, para ver quem dá o primeiro passo
 Segue o teu impulso, e eu sigo o meu
Verás que é apenas uma questão de movimento
Não há razão para existir a frieza
O sol já vai alto.....mas a centelha
 É agora uma grande fogueira....sente como ainda estão quentes as ervas do chão
E como os pés são acariciados pela terra, porque da terra brota a verdade
De quem és, de quem sou, de quem somos
E essa verdade, sou eu e tu, somos nós
Dá-me a tua mão, encosta o teu corpo ao meu
Não deixemos morrer o que ainda luta por vida
Não deixemos que os nossos ouvidos sejam entupidos pela estupidez
Dá outro passo, assim....pequeno sem pressas, não tenhas medo
As sombras já não existem, o sol adormeceu...ouve apenas e sente....
Sente o calor da fogueira e ouve o seu crepitar
Observa o céu....as estrelas estão lá
Junta-te a mim, reencosta-te no meu ombro
Fecha os olhos e confia.

R.M.Cruz
(foto R.M.C.)