segunda-feira, 27 de maio de 2013

Volta amor !

O nosso  quarto já não tem a mesma cor
A cama está fria, em noites de verão
 O silêncio corta a minha alma
Por todos os cantos vejo a tua ausencia
E doí amor....como doí
Faz-me falta o calor do teu corpo
Faz-me falta ouvir a tua respiração
Estou com medo, quem me abraça?
Ergo os meus olhos para a tua fotografia
E vejo-te sair da moldura
Corro para ti, mas.....tudo se desvanece....
Sei que partiste para nosso bem
Para nos dares um futuro melhor
Mas a que preço amor? a que preço?
Os dias parecem meses
A solidão assalta-me
Como um ladrão no esconderijo das sombras
Amordaça-me a alma... rasga-me as entranhas
Fere-me de morte...
E as noites amor, as noites são abismos infinitos
Nos quais eu me deixo cair
Na ilusão que vou ao teu encontro
Volta amor!
Volta!
Para quê futuro...se não te tenho no meu presente
Não quero casa, nem carro, nem jóias, nem nada!
Porque o meu maior tesouro és tu!
A estrada que percorreste para te conduzir a  um futuro melhor
É a mesma que te levou para longe de mim
Que importa o dinheiro amor
Se o nosso amor adoece por falta do nosso carinho
A cama continua fria...o quarto vazio, e eu ,no chão
Fixando o teu retrato....queria tanto ser tinta colorida
Pintada ao teu lado na mesma fotografia
Assim amor, o meu coração seria de papel
E os meus sonhos voariam ao vento
Para me encontrar contigo
Algures em algum lugar!


R.M.Cruz






segunda-feira, 20 de maio de 2013

Vou saltar !



Não!
 Não vou ficar aqui a olhar o vazio
Vou saltar em queda livre...posso me estatelar   no chão
Mas enquanto caio...experimento a leve sensação de voar
Será o meu fim
Ou talvez não
Pode ser até a minha libertação
Não amor...
 Não te assustes....é apenas uma metáfora
Uma forma de te dizer, que este vazio em que me encontro
 É um estado apático....um nada no meio de nada
Para além dos meus pensamentos
Pensamentos que se perdem numa galáxia ,sem cometas, nem qualquer sistema solar
Num universo sem fundo
É amor....
A minha alma é um buraco negro
Sem filtro solar
Tu eras o meu filtro !
 Mas a poluição contaminou-te
E tu perdeste a resistência
Agora não passas de uma nuvem densa
E consequentemente eu fui afetada
Estamos os dois perdidos, no meio do nada
Não te consigo ver
E tu não me consegues tocar
Os dois, não nos conseguimos sentir
Tamanha é a poluição que se instalou entre nós
Vou saltar amor
Vou saltar!
Quem sabe o meu corpo trespasse a tua nuvem
E tudo se desintegre  na atmosfera da nossa alma
E daí nasça uma nova estrela, um novo sol, uma nova lua, um novo oceano....um novo mundo!
É isso amor!
É urgente morrer.......
Para renascer!

R.M.Cruz




quarta-feira, 15 de maio de 2013

Não sei...

Não te sei dizer meu amor
Se os meus olhos fecharam .Ou se morri e não sei
Só sei dizer meu amor
Que não te sinto a meu lado, vejo apenas um corpo
Debruçado sobre mim
Não sei se me acaricia, ou se deita de cansado
Não te sei dizer meu amor
Se te amo com paixão, ou se é de gratidão
Que te quero a meu lado
Porque os beijos que te dou
Eu já não sei de quem sou
Se de ti a quem me dou, ou do nosso amor machucado
Não te sei dizer meu amor
Se as minhas mãos nas tuas
E o bater do coração
É o amor que nos une, ou o medo da solidão
Não te sei dizer amor
Se me visto ou fico nua
Se quero ficar aqui
 Nem sequer sei  se sou tua, ou se quero fugir de ti
Não te sei dizer meu amor
Se fico porque te amo
Se fujo porque não sei
Se fico porque me engano
Se vou, porque me enganei

R.M.Cruz






segunda-feira, 13 de maio de 2013

A angustia dos pais.

Há momentos realmente marcantes.
Mais uma vez fui assaltada por um desses momentos
Vou partilhar convosco.
Sentada num banco, esperava a minha filha que tinha entrado numa loja para comprar umas sapatilhas.
Eu apreciava as pessoas que passavam, os seus rostos fechados, os seu sorrisos forçados, a tristeza que transparecia nas suas faces e nos seus olhos. Quando, de repente me assustei, com os gritos de uma mãe. -Leonor! Leonor!  (a senhora dirigiu-se a mim desesperada) não viu passar uma menina loirinha de  olhos azuis?
 Perante tamanho desespero tentei acalmar aquela mãe.Espere tenha calma (como podia eu pedir calma a uma mãe que julgava ter perdido a filha?) continuei...
-Espere respire fundo, pense onde a largou pela ultima vez.
-Eu estava dentro da loja e o meu marido estava com ela, mas de repente largou-lhe a mão e a menina sumiu,, foi assim como num piscar de olhos.
A minha sobrinha Inês que estava comigo, correu para dentro da loja aflita a procurar a menina,enquanto eu tentava acalmar a mãe.
-A menina vai aparecer, tenha calma....
A mãe estava pálida, lábios secos, corpo a tremer,olhos arregalados, completamente em choque.
-Como posso ter calma, a minha filha é autista, por muito que chamemos por ela, ela não vai associar, não vai responder entende? (sim entendi)
-(aconselhei) Vá para dentro da loja, que eu andarei por aqui a perguntar ás pessoas, a menina vai aparecer, tenha fé.
A Mãe voltou para dentro, gritando o nome da filha, Leonor Leonor, filha onde estás? ( ainda ouço,aqueles gritos angustiadamente cortantes).
Passados alguns minutos, o casal sai da loja, a menina ao colo do pai. Uma menina linda como um anjo, cabelos compridos, loiros  como o sol, olhos azuis cor do céu, abraçada ao pescoço do pai completamente serena, alienada a tudo á sua volta. A mãe dirigiu-se a mim agradecendo. (agradecer o quê?)
Eu, fiquei ali sentada, a ouvir a Inês a contar-me, que encontrou a menina  a brincar,dentro de uma tenda, serena e feliz. Não se apercebeu absolutamente de nada.
Para a menina, foi um dia feliz com a família.
Para os pais, este momento foi eternamente angustiante e sofredor.
Para mim e para a Inês foi o motivo,  da nossa conversa emotiva durante o dia.
Para o mundo esse momento não existiu.
O que para uns é tudo, para outros é nada.

R.M.Cruz



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Menina Mulher...

Era uma vez uma menina
Que tinha um coração do tamanho do sol
Onde todos se queriam aquecer
Essa menina nunca recusava o seu calor
Tinha na palma da mão um carrossel de esperança
Que ela jogava para o alto, para que fosse nas asas do vento
E se espalha-se por toda a terra
Mas o tempo passou .A menina cresceu....
Fez-se mulher....
E não gostou
Porque a vida é cruel...as crianças crescem e tornam-se adultos
E o corpo envelhece...e leva-nos quem mais amamos
E os adultos são falsos...e mentem
Escondem a felicidade, não querem brincar
Nem comer com a mão
Não gostam de jogar à apanhada
Nem de andar de pé descalço
Não gostam de sentir o chão, nem de cheirar as flores
Os adultos não querem ser felizes
E a menina cansou de ser mulher
Quis ser criança outra vez
Guardou a dor dentro do seu coração
E deixou a criança renascer
Hoje a mulher menina, brinca  num sonho colorido
Escorrega no arco-iris
Apanha flores multicolores
Espalha sorrisos de magia
E tem pássaros de todas as cores,e conta histórias de encantar
E quando a mulher a vem procurar
A menina segura a sua mão e dorme abraçada a ela
E a Mulher encontra nos braços da menina
A paz e a serenidade, que tanto necessita.
E juntas contemplam a lua, e adormecem olhando as estrelas.
E bem lá no céu tem uma estrela diferente de todas as outras
Uma estrela especial, que desce pela noite, entra no sonho
E beija a menina e a Mulher
E depois vai-se embora pé ante pé subindo ao céu
Levando consigo as lágrimas da mulher
Deixando sorrisos....na menina


R.M.Cruz

Dedicado a uma menina mulher:  Cris Furbino


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Não sou nada!

Não , não quero ser santa...não me ponhas um rótulo de um conteúdo que eu não possuo na minha vasilha.
Eu quero errar....só assim me tornarei humana
Quero tropeçar...cair, levantar....
Não, me chames iluminada.....eu não sou lâmpada, nem sou sol , nem lua
Eu ando nas sombras...como os outros, busco a luz....
Não me chames sábia...eu sou um jardineiro aprendiz, nos canteiros da vida
Eu quero aprender como se semeia amor, como se rega, como  se tiram as ervas daninhas, eu quero aprender como se cuida.
Não me chames rica....sou a mais pobre das criaturas....e quero continuar a SER!
Quero sentir o peso da vida de uma alma que chora, e de um corpo desfeito, de uma mão estendida, em troco de nada...
Sou como um veneno que mata ....sou tudo o que tu não vês em mim...
Não me dês rótulos de qualidades que eu não possuo...nem me dês nota máxima...
Não quero!
Não sou uma aluna exemplar....nem quero ser!
Quero errar, sentir a adrenalina do erro, na procura da correcção....
Não me chames teu amor, porque é mentira!
Eu sou amor do mundo...nunca me cingiria a um só coração....desculpa, mas é muito pouco para mim...
O meu amor é universal, como o vento que voa em todas as direcções...
Não me chames anjo....tenho asas, mas não são divinas....as minhas asas levam-me ás profundezas do inferno, e é lá que eu morro....quando me vês já renasci.....tal fénix que renasce das suas próprias cinzas
Não me digas que sou tua....porque eu não sou de ninguém....abre-me a gaiola, deixa-me voar.....se me aprisionares, não terás mais do que um ser morto.
Não ponhas em mim expectativas...porque com toda a certeza vais-te decepcionar
Não Aches que sou tudo, porque eu não sou nada !
EU sou apenas EU!
Na galáxia da minha existência, não há um só caminho.....há o universo aberto para me receber....e eu pequenina como um grão de areia....não sou nada!
De uma coisa eu tenho certeza....vim ao mundo para ser FELIZ.

R.M.Cruz





quarta-feira, 1 de maio de 2013

Aeroporto....

A saudade de quem ainda não partiu
Mas que já sente no peito o aperto
A partida angustiante de quem vai...e o desespero de quem fica
E o tempo que devia parar naquele abraço
E o beijo com sabor a separação
E a vontade que o tempo passe depressa, para de novo abraçar
Aeroporto...um misto de emoções....
Um amigo que chega, um marido que parte
Uma sombra longínqua da vontade de ir
A vontade que leva de querer ficar
E o salto das horas, da partida que chega
As mãos que se tocam, querendo eternizar
As lágrimas que correm nos rostos perdidos
Um até breve....mais longo da vida
Um sorriso forçado,minimizando a partida
Uma criança que corre, para os braços do pai
Um amor que não sabe, se fica se vai
Vidas que partem....outras que chegam, outras que ficam
Um vai e vem de emoções...
Uma separação, um adeus....
Uma mala feita á pressa, um sonho distante
Uma promessa!
Uma mão erguida, um beijo atirado, ultimo adeus da partida
O avião que levanta....tantos corações a saltar
Tantos olhos de água....tanta sede, tanto mar....
E quem fica a olhar o céu...sente que voou um pedaço seu
E assim não há volta a dar, enxugam-se as lágrimas
Ergue-se o rosto....a esperança de um novo dia começa
Quem parte olha o horizonte, respira fundo
Guarda a saudade....numa caixinha fechada, só abre quando o coração já não pode mais.
Tantos amores....tantas partidas e chegadas
Aeroporto....um lugar de tantas emoções...

R.M.Cruz