segunda-feira, 29 de abril de 2013

Saudade.....

Saudade `uma palavra tão triste....e ao mesmo tempo tão nobre
Saudade  um sentimento que aperta a alma, aperta o coração, e dá um nó na garganta
Um nó tão forte, tão apertado que quase nos deixa sem ar....
Saudade é como um poço sem fundo, quanto mais olhas menos vês
É como uma dor no estômago em tempos de fome
É como uma ferida aberta, de uma dor que não sara
Saudade é um vazio, um vazio tão imenso que não podes preencher com nada desta vida
Nada preenche o vazio deixado pela saudade.....
A saudade de um amor perdido, no espaço e no tempo....
Saudade da menina que ontem fui
Saudade de quem partiu para não mais voltar...de quem não se despediu
De quem me jurou amar, e partiu para sempre
Saudade de um amigo
Saudade de um abraço teu...
Saudade do teu rosto, das tuas feições, do teu cheiro da tua voz do teu carinho
Saudade de ti Mãe..........................tanta saudade.............
Saudade que mata por dentro, que envelhece, que seca, que esmiúça a nossa alma até sangrar
A saudade é um sentimento que maltrata, que fere que mata......

R.M.Cruz


domingo, 28 de abril de 2013

Nunca estás só

Quando te sentires só.... não desesperes!
Pára! 
Escuta!
Ouve o silêncio que te rodeia
Sem pressa......
Como se nesse momento só existisses tu ,e o teu silêncio
Ouve os cavalos que tens dentro do peito
Sente!
A vida pulsa dentro de ti!
Deixa o ar entrar....deixa fluir, respira escuta o teu corpo
Estende as tuas mãos abertas, e sente o espaço dos teus dedos a serem preenchidos
Outra mão toca na tua!
É o teu Anjo, a criança pura que há em ti
Nunca te abandona, sabes porquê? porque ela é responsável pelo teu crescimento
E ela sabe, quando tens necessidade dela
Crescer e ficar adulto é uma violência....por isso que essa criança nunca cresce
Ela sabe, que precisarás dela a qualquer momento
O adulto corrompe-se, aprende todas as maldades...todas as iniquidades....
A criança nasce pura, sem qualquer medo ou pré-conceito,sem malícia nem religião
Ela apenas É!
Segura a mão desse Anjo....não largues!
No momento em que largares....
 Estarás perdida/o num mundo que não conheces, num labirinto de confusões, de mentiras, de cabalas,de cinismo, de falsidade...........
E é nessa altura ,que te sentirás completamente só!
E voltas novamente ao teu vazio....ao vazio em que entras para te destruíres
Busca o teu silencio!
Sem desespero..... escuta o teu coração...ouve o  trote dos cavalos que o fazem correr
E vai!
Não contraries a direcção, mais cedo ou mais tarde, arrepender-te-ás de não o teres seguido
O impulso de um coração, é o passo mais certo para uma decisão
Deixa a criança te conduzir.......ela leva-te para caminhos de amor, de paz, de esplendor.... 
Nunca penses que estás só.
Repara nos espaço dos teus dedos, sente como eles estão preenchidos.
Sente no teu rosto a brisa, és tu que cavalgas por entre a vida!
Vê os teus pés levantarem devagarinho....estás acima do solo....flutuas no mundo dos sentidos
Sente o calor da tua alma, é o sol da fé aquecendo a tua descrença.
Sente o sangue a pulsar nas tuas veias....é a vida a correr  dentro de ti!
Só tens esta vida....este corpo....este presente....é TEU!
VIVE!

R.M.Cruz


quinta-feira, 25 de abril de 2013

Lembras-te mano?

O tempo passa meu irmão, passa muito depressa, quase à velocidade da luz
Ainda ontem brincava-mos no quintal,(brincadeiras que hoje já não se usam) descalços, na nossa casinha construída com pauzinhos e ramos de árvores. Lembras-te?
E no telhado da nossa casinha tínhamos um cata-vento feito de papel de jornal, o nosso fogão eram duas pedrinhas a fazer uma lareira, e os nossos tachos duas latas velhas, lembras-te que os nossos animaizinhos eram pequenos insectos que nós tratava-mos como se fossem animais de estimação....Ainda me lembro quando tu apanhas-te uma pequena lagartixa e a prendeste com um pequeno fio e era o teu cavalo, ias passear "o cavalo" todo orgulhoso (pobre lagartixa).
Que saudades do nosso baloiço no ramo da laranjeira do quintal, onde tu me empurravas e eu com as pontas dos pés tocava o céu, fechava os olhos, sentia o vento no rosto e voava.....e quando era a tua vez, tu gritavas.....empurra com toda a tua força! Uauuuuu estou a tocar no céu!!!
Depois o dia acabava, e nós corríamos pelo campo a apanhar flores amarelas e lilás compondo um ramo, e disputávamos as flores,(esta é minha,não é minha eu vi-a primeiro). O sol punha-se no horizonte, a mãe não chegava, e nós pequeninos esperava-mos por ela até ao anoitecer, era a nossa cereja no topo do bolo (a chegada da mãe).
Lá vinha ela cansada de trabalhar,(sim porque no nosso castelo não havia rei, partiu em viagem e nunca mais voltou) e nós ali fazendo a recepção de honra à nossa Rainha,(com as flores murchas) atirava-mo-nos ao seu pescoço e ela enchia-nos de beijos, (nós éramos a força que a fazia viver) depois lavávamos o corpinho todo sujo de terra, e dormíamos com ela, a nossa Rainha.....e a noite era a seguidora dos nossos sonhos.
Lembras-te mano? Quando víamos um avião a rasgar o céu, gritávamos.....estamos aqui! adeus! dá beijinhos ao nosso pai, que está aí no céu.( sempre nos convencemos que os aviões entregavam os beijos ao pai)
O tempo passa meu irmão, as lembranças melancólicas, apertam o nosso coração de saudade, a ausencia da nossa Rainha magoa-nos a alma, a falta do seu abraço e dos seus beijos, o calor do seu corpo, e o cheiro do seu cabelo, tudo nos faz falta.
As criancinhas que fomos, tornaram-se adultos responsáveis, mas sabemos que de vez em quando, essas crianças saem de nós, dão  as mãos e convidam-nos a brincar.....e nós vamos, sempre que temos saudades.
A nossa Rainha, sabemos que está sempre ao nosso lado, é a luz que nos acompanha, a estrela que nos guia, e quando a queremos ver, ela entra nos nossos sonhos, quando a mente repousa.... e quando acordamos, a vida espera-nos com outro sabor.
Temos a certeza, que a nossa Rainha nos espera com ramos de flores.....e nós vamos ter com ela, é só uma questão de tempo!

R.M.Cruz

terça-feira, 23 de abril de 2013

Rasga o véu e mostra-te


Quantas histórias estão ainda por contar
Quantos corações ainda não se abriram, com receio que se descubra o seu segredo
Quantos amores por desvendar,outros tantos a sofrer,outros tantos a chorar
E quantas almas aprisionadas aos malefícios de uma consciência maltratada
De escolhas feitas que não deram em nada
De amores calcados, espezinhados,acorrentados
Quantos labirintos de caminhos encruzilhados, onde a saída não é possível
E quantos Anjos caídos, atingidos nas suas asas pela língua afiada de quem tem o prazer de destruir
E quantos casais unidos na desunião de um amor que não existe
E outros ainda, que se encontram ás escondidas na calada da noite, julgando o seu amor proíbido
Quantas mulheres e homens sofrem dentro das suas próprias casas, a que chamam de lar
Quantos corações gritam desesperadamente por um abraço que não aperte, mas que conforte
E quantos amores estão desencontrados, porque os encontros foram trocados
E a vida corre como um rio.................ora leve sereno , ora feroz e revoltado
E nesse rio devemos depositar as nossas mágoas e deixar desprender o que tanto teima em viver agarrado ao nosso coração,sem nos deixar manobra de movimentos, asfixiando-nos a alma e todo o nosso ser
Não te aprisiones ao que não te segura.
Não dês o teu amor a quem o maltrata
Deixa livre quem tu amas....a liberdade trás o que é teu
Confia em ti e no teu coração, mesmo sofrendo e chorando, ele é o órgão mais puro do teu corpo
Deixa-o ser o filtro da alma
Permite-te ser feliz, a vida é tua
Nunca digas, "daria a vida por este amor" mentira! Se deres a vida não tens amor.
Nunca te maltrates por alguém que te ignora, abre a mente a outros horizontes, ao virar da esquina há alguém digno do teu amor.
Não sejas prisioneiro de um amor que não te faz feliz que adianta, um sacrifício em vão.
Abre as portas e janelas do teu coração, e deixa a vida entrar
Não percas tempo, porque o tempo é inimigo das pessoas felizes...por isso que os momentos bons são efémeros.
A metamorfose acontece, a tua  beleza é inigualável......liberta-te,
usa as asas do sonho e voa! 
Ama sem medo....mas ama-te em primeiro lugar!

R.M.Cruz

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Que amor é este?

Os meus olhos andam por aí...
Observando coisas pequeninamente grandiosas.
Eles são assim... vêem o que é invisível...
Enquanto aguardava na fila do posto médico, para uma consulta de rotina, à  minha frente estava uma senhora, cabelos acinzentados, corpo marcadamente curvado(como se tivesse ás costas o mundo) vestida com gosto, calça castanha, blusa bege,  calçava uns sapatinhos baixos castanhos (  possivelmente a idade não lhe permitia o equilíbrio em sapatos altos).
A  Senhora mal se aguentava de pé, mas não se deu por vencida, esperou ali na fila, (a custo) sem se desmanchar...
A porta abre-se, e entra um Senhor talvez com a mesma idade da Senhora( teriam uns 84, 85 anos) igualmente bem vestido, um fato cinzento, camisa branca e sapatos pretos, cabelos brancos,chegou-se ao pé da Senhora, acariciou-lhe o ombro, pegou-lhe na mão e encaminhou-a á cadeira, com passos lentos e desequilibrados pelo peso dos anos da vida do mundo...
-Senta aqui querida, que eu vou para a fila.( sorrindo para ele, ela aceitou)
Olhando-o  com uma ternura que não consigo descrever-vos.
Ele deu-lhe uma revista que trazia  debaixo do braço e ela aceitou sorrindo, (pôs os óculos) tentou ler... mas a preocupação com ele era tanta que não conseguiu concentrar-se na leitura.
Ele, depois de ser atendido, sentou-se ao lado dela, pegou-lhe na mão, e ali ficaram á espera da sua vez...ele de jornal na mão, ela com a revista, mas nem um nem outro tinham vontade de ler, ali ,naquele momento a vontade era de ESTAR, um com o outro,olhando-se com uma ternura sem par, sempre de mãos dadas, ( mãos enrugadas e murchas)como um casal de adolescentes apaixonados.
De repente o meu nome fez-se ouvir em toda a sala, e eu saí daquele mágico momento.
O meu dia não foi igual....pensei naquele casal, que  espécie de amor seria o deles?
Quantas tempestades enfrentaram juntos? quantos filhos tiveram? quantas doenças venceram?quantas dores suportaram? quantos familiares perderam? quantos rios de amargura tiveram que adoçar? Será que o tempo para eles não passou? continuam a amar-se?
Que amor resistente!
Serão daquelas pessoas que cumprem até á morte um juramento?
Na igreja: Até que a morte nos separe!
E assim É!
Amor raro este, não?

R.M.Cruz


domingo, 14 de abril de 2013

“Palavras suspensas"




A cor a raça a condição
Não faz diferença
Olhares que se cruzam
Gestos que se entendem
Palavras que se procuram
Palavras suspensas na mente de cada um
Aqui fomos um todo, fomos um só
Fomos nós!
Palavras suspensas na nossa memória
Com vontade de saltarem, de se cruzarem ,de formarem uma dança coletiva
Vi-me nos teus olhos
Espelhei-me no teu sorriso, senti o teu toque
Quebrei todas as regras
Deixei-me levar, no infinito das palavras
Para além dos meus sentidos
Aqui o amor juntou-se á morte
A alma ao desespero, o carinho ao desdém
A esperança á revolta
Não faz diferença
O que és o que foste o que serás
O importante é que este momento tão efémero
Tenha feito a diferença
Não sou eu, nem tu, nem ele…..
Somos nós!
Aqui as palavras ganharam vida
Expuseram-se
Ao sentimento, do romântico
Á analise do realista
Á magia do sonhador
Á fé do esperançoso
Ao ridículo do pessimista
As palavras tem o dom de unir
Tem o dom de afastar
Tem o dom de ferir
Tem o dom de curar
Palavras escritas são o carimbo da alma
No livro em branco da vida
És tu quem escolhe o seu conteúdo
Tu és o escritor da tua própria obra
Tu escolhes os personagens, os lugares, as ações, o titulo….
Aqui onde as palavras ganharam vida
Servem portanto, também as palavras, para vos agradecer
De mãos estendidas e sorrisos abertos
Toda vossa colaboração, disciplina e respeito
Aqui , não fui eu, nem tu, nem ele
Aqui fomos nós!  
OBRIGADA!!!

Agradecimento ao grupo de" Escrita Criativa " na casa dos Crivos                                                                                          

sábado, 6 de abril de 2013

Noites infindáveis....

Ouve o meu coração, ele bate por ti!
E por ti quer continuar a bater, é a ti que ele chama
Quando as noites são infindáveis, e eterno é o meu pensamento
Voo...
As viagens que fizemos, á descoberta dos nossos  corpos
Ainda me lembro bem, de todas as curvas do teu corpo
Os teus seios, eram como dois sois a brilharem para mim
As tuas pernas  como duas estradas, onde eu me perdia, na descoberta das paisagens.
E o teu colo... ai o teu colo!
O teu colo era a minha almofada tecida com fios de água, e rios de espuma, onde eu inclinava a minha cabeça, e lá encontrava a minha paz!
Os teus braços... eram as minhas correntes de afecto, aquelas que me acorrentavam a ti, e eu perdido nos sentidos desorientados da minha emoção, deleitava-me no teu corpo,tal  Oceano se deleita na areia da praia.
E os teus olhos...ai os teus olhos, as janelas para o meu mundo criativo, onde eu era um rei, um escravo, um viajante.
Sim, um viajante na imensidão do teu corpo, que era o meu mundo.
Os teus cabelos, eram o manto, com que eu me cobria nas noites gélidas
A tua boca...a tua boca...a tua boca era a entrada secreta para os meus lábios amedrontados, o esconderijo dos meus beijos molhados, e eu fechava os meus olhos, e parava o tempo...
Escuta o meu silencio...
Talvez consigas entender a linguagem do meu coração....
Elevo os meus olhos ao céu, na esperança que as minhas asas alcancem a eternidade....mas, não tenho impulso para me levantar, não sei voar...perdi o rumo!
Que vou fazer agora sem ter o teu corpo para morar?
Serei um indigente na beira de mim mesmo, nas margens do meu mar, já não me deleito, apenas espero, que tu ouças o meu silencio....
E nas noites eternas, em que ouvires um soluçar, são as águas do meu mar, procurando desesperadamente a tua praia para se deleitar...
E se da minha boca não sair um som....foram os meus lábios que se fecharam, e com eles levaram os meus beijos....porque já não tem onde se esconder...
É difícil caminhar sem o meu sentido de orientação....o meu farol, o meu guia, a minha bússola, a minha luz, o meu sol.
Prometo, que não morrerei na praia dos meus sentidos, sem antes descobrir outro mundo para desbravar...
Parei, para ouvir a minha alma....vou confiar, sei que um dia estarás no meu coração, (talvez nessa altura, sejas o mundo de alguém) mas para mim serás, a mais  linda história de amor!

Dedicado a um grande amigo!

R.M.Cruz

terça-feira, 2 de abril de 2013

Talvez um dia.....

Tavez um dia consigas entender o meu coração
Talvez um dia entendas o meu silêncio
Entendas  as minhas lágrimas, os meus tímidos sorrisos
Os meus olhares indiscretos
Talvez entendas os meus gestos e a minha forma de vestir
Os meus segredos, não os revelo...Na  esperança que tu os descubras
E  com eles faças brotar os meus sonhos
Talvez um dia, leias nos meus olhos as minhas vontades
Os meus desejos mais íntimos e audazes
Que não passam para fora do que é visível aos olhos
Talvez um dia entendas e descubras o quanto foste amado!
E desejado!
Talvez um dia entendas como  as minhas mãos te acariciaram, durante o tempo em que não me vias
Como as minhas palavras brotavam em silencio da minha boca
Na esperança que tu as ouvisses
Talvez um dia entendas o meu olhar, um olhar cristalino, limpo
Brilhando de amor por ti
E os meus segredos, guardei-os para seres o pioneiro da sua descoberta
O fazedor das minhas vontades
Vontades em que tu és  o único que me acompanha
Talvez um dia uma luz te mostre o caminho que te leva ao meu coração
E descubras finalmente, que lá era a tua casa
Quem sabe naquele dia, eu já não serei eu
Talvez esteja mudada, pelo tempo que esperei.....
O meu coração fechou... enferrujaram-se os ferrolhos das  portas
Os meus sonhos adormeceram... para sempre em lençóis de linho branco
As minhas vontades estagnaram... na debilidade dos meus ossos
Os meus desejos secaram... nas cicatrizes que o tempo escavou
Os meus olhos são agora escravos da  minha cegueira
E o meu amor por ti envelheceu.....ficou senil com o tempo
Envelheceu segurando nas mãos a esperança de que um dia me entenderias
Mas as mãos amor....cederam á força da passagem das memórias
Agora que me entendes, já não te conheço
Nem sei o teu nome, não sei quem és, nem sei se algum dia, fiz  parte da tua vida
Não sei....
Desculpa amor, mas o tempo não perdoou.


R.M.Cruz