sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Corta-me as correntes

Não sou moralista,não sou sábia,não sou juiz
Eu apenas quero ser,uma pequena aprendiz
Não falem em meu nome,nem da razão que não tenho
Chove na minha alma, saudades de onde venho
Não quero ser a bandeira,a meia haste estendida
Quero ser o próprio sangue,esvaindo-se de vida
Não quero ser a cova,onde enterrarão teu caixão
Quero ser o sopro de ar, de vida no teu coração
Se me dais de beber, não me castigueis a alma
A criança quando nasce ,só nos braços da mãe se acalma
Deito o meu rosto na areia,para sentir o calor
A noite de lua cheia de onde provém tanto amor
E o veneno que arde em mim, de pecado concebida
  São os cactos do jardim ,que me deste nesta vida
Não choreis a minha morte,alegrem-se os vossos olhos

Corta-me as correntes, que aprisionam meu ser
Abre-me a janela da vida, livra-me do meu viver
Vivo de alma algemada,como um pássaro enjaulado
Presa na teia da vida, enterrada ao meu passado
Vivi num mundo de sorte, onde tive amor aos molhos
Não quero o paraíso nem as trevas da escuridão
Quero apenas os teus olhos,que me levam pela mão
Leva-me para o infinito, onde não haja matéria
Onde eu possa ser o grito, da minha própria miséria
Cavalguemos sobre o tempo, de uma vida que não tem fim
Onde não haja lamento, nem chuva dentro de mim
Onde nada me faz sentir,o peso da desilusão
Onde meus olhos não vejam a dor do meu coração
Faz-me tua para sempre, queima-me na noite escura
Faz-me renascer das cinzas,numa nova criatura


(Almas que gritam silenciosas)
R.M.Cruz