quinta-feira, 14 de abril de 2016

Ainda olhas a lua.....


Trazes nos olhos as noites de luar com sonhos de estrelas guardados no peito
Trazes no coração a alegria de uma menina, e o sofrimento de uma Mãe
Uma menina que cresceu depressa demais,  e de uma Mãe que se tornou mulher à  força do amor e da dor
Dor que carrega na alma,ao sentir que o filho cresceu e depressa se tornou homem
A vida passa depressa, a uma velocidade atroz, e hoje sentas-te na cadeira da sala
E ainda vês o teu menino a saltar de pedra em pedra, ainda vês a bola a fugir-lhe dos pés,e as suas mãozinhas pequeninas estendidas pedindo-te colo. Ainda sentes o sabor dos seus joelhinhos esmurrados, e os seu braços em roda do teu pescoço,ainda sentes o calor da sua boquinha enchendo-te de beijos.
O tempo passa,mas tu retens na memória e no coração tudo o que te fez feliz, e o teu sorriso ainda se mantém,porque tu sabes que o sorriso é balsamo de cura,para minimizar a dor.A tua e a de quem te rodeia.
Cuidas do amor,como quem cuida de uma singela flor,tu sabes que toda a flor que não é cuidada,morre.
És Mãe extremosa,esposa dedicada,não deixas os teus amores por mãos alheias.Tu sabes que os sonhos se realizam,mas para isso tem que haver responsabilidade e dedicação.
Ainda olhas a lua e as estrelas,ainda te encantas com o arco íris....a menina que foste,ainda a guardas dentro do peito, e nas noites de luar,deixa-a sair para agradecer à lua os sonhos realizados e pedes força para os que ainda estão por realizar.Brincas com as estrelas e pedes ao Universo que te guarde um cantinho no infinito,para colocares todas as tuas mágoas, e assim possas sorrir sem medos.
Os teus fantasmas já não te atormentam,tu conhece-los bem, e aprendeste a encara-los de frente, sem lhes dar  crédito.
Sabes que caminhas para amanhã, e sabes que hoje é o mais importante.Vives a vida dia a dia,passo a passo.
Ainda tens tempo para dar alegria aos outros,tu sabes que a partilha de afetos engrandece o ser humano, e não renuncias um abraço um carinho de quem já pouco espera da vida,a não ser a hora de fazer a viagem final.
És direta nas ações  e nas palavras,não te intimidas com verdades que devem ser ditas,és clara como a água,e severa como o fogo.Só se queima quem não souber chegar-se a ti, de outro modo aqueces a alma de quem te sabe olhar.
O teu sorriso afasta os medos, nasce a luz e espantas as trevas.A tua alma é grande, tão grande que albergas dentro dela tantas coisas,tantas pessoas,tantos amores....
És unica!

(Dedicado com muito carinho a C.M.)


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Já não colho flores.....


A vida passa num piscar de olhos
Os filhos crescem mais depressa do que as árvores
Mais velozes que o vento
Os filhos são como trovões em dias de tempestade
Vêm com o sol e desaparecem com as nuvens
Apanham-nos distraídos, e quando olhamos para o lado, já foram
E vieram, e já nos trazem flores em forma de netos
É assim, a vida é como um piscar de olhos
De repente aquela carinha inocente transformou-se num rosto de homem
Um rosto cheio de responsabilidades, de uma vida que se repete
Já não cabem no nosso colo, e queríamos tanto aconchega-los
Queríamos tanto beijar suas mãozinhas,juntar o seu corpinho ao nosso
De repente, há outra família dentro da nossa
A saudade do peitoril da janela ouvindo o cantar dos pássaros
E as colheradas de sopa, em forma de avião, e a boca garagem, albergando todos os carros dos amigos e conhecidos.
E os joelhinhos esmurrados, pedindo um beijo, balsamo de cura
E as flores do campo enfeitando todos os cantos da casa,fruto da recolha de um passeio pelo campo em dia de domingo.
Já não colho flores, nem sei o nome das estrelas, já não sei de que lado nasce o sol
Nem de que cor é a água do mar
Lembro-me do jogo da glória,em que a maior glória era estarmos juntos
E as musicas dos Scorpions  e do Roberto Carlos no disco de vinil nas manhãs de domingo
Não consigo esquecer os vossos sorrisos, e o barulho das pipocas a saltar no tacho
Não consigo esquecer os brinquedos,e a bicicleta com o travão estragado, a bola no canto da sala semi vazia, e os dinossauros espalhados no sofá magoando-me cada vez que me sentava
Lembro-me dos berlindes coloridos espalhados pelo chão,e a boneca esquecida no jardim
E os olhinhos vidrados a olharem para nós em dia de praia, a azafama da preparação do lanche, e o baldinho não podia esquecer,para a construção de castelos de areia, que depois se desmoronavam com as ondas do mar
E as noites em que ardiam de febre, e dormitava-mos como se a cama tivesse sido construída para o dobro das pessoas.
A vida passa num piscar de olhos....já não há estrutura para pega-los no colo...
Já não sei o nome do comboio da vida, nem sei para que servem os caminhos, e as janelas o que fazem fechadas.
A vida passa num piscar de olhos

R.M.Cruz