quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Que faço com as lembranças???

Que faço com as lembranças?
Elas assaltam-me o pensamento, quando estou desprevenida
Tento viver cada momento novo, deixando para trás toda nossa história...
Uma roda de amigos...anedotas, gargalhadas...um amigo mais intimo,um sorriso
Aparentemente tudo parece normal ...não fossem as lembranças assaltarem-me a memória á facada,assim de repente...záz!
Tudo muda! Uma lágrima tenta romper a fronteira entre os meus olhos e o mundo....afasto-me um pouco,para que o mundo não veja...
Então dou liberdade ás lágrimas e ás lembranças...são mais fortes do que eu, muito mais fortes!
Num momento tudo passa na minha memória...o teu cheiro (incrivel nunca pensei que cheiro também se memoriza) o teu abraço, a tua imagem...um beijo,uma orquidea branca.
As juras que fizemos um ao outro, naquela passagem de ano,os desejos que juntos desejamos,os planos,os sonhos...tudo me assaltou o pensamento.
É fácil dizer: a vida continua......pois continua...mas a um preço muito elevado...
O preço dos nossos sonhos penhorados,das nossas juras afogadas,dos nossos desejos castrados,das nossas lágrimas inclausuradas...
Tenho saudades de ti....do teu abraço unico,do teu beijo sublime,do teu desejo por mim, tenho saudades da nossa passagem de ano...
Lembro-me do nosso refugio, onde só o crepitar da lareira se ouvia...como musica de fundo aos nossos sentidos....e nós não queriamos saber do mundo,como se o mundo quisesse roubar-nos os sonhos.
Lembro-me bem, do primeiro dia do ano....quando acordamos no chão da sala...com a lareira apagada...por certo também cansada,de tantas juras e desejos,de tantos planos e sonhos...
Nesse dia, juramos que a nossa vida começava ali!
E começou amor...começou a desmoronar...até hoje não sei quem soprou os nossos sonhos,quem roubou os nossos desejos, quem saqueou as nossas promessas...terá sido a lareira? Era a nossa unica testemunha...porque é que ela apagou? Talvez para deixar a nu tudo o que era nosso...fomos imprudentes!
De repente....uma voz me chama,  saio apressadamente de dentro de mim...escondo a tua fotografia,que precisei de beijar,para agravar o meu sofrimento (masoquismo) recolho as lágrimas á pressa, limpo o rosto, bebo as recordações,retoco a maquilhagem,endireito os ombros, desenho um sorriso, acendo um cigarro, e disfarço-me de mulher feliz.
Continuo a caminhada,com novos amigos,novas conversas, novos desejos,novas promessas.
Sei que tenho que deitar fora tudo o que é velho...mas ainda não me ensinaram a deitar fora as lembranças...se alguém souber como se faz,por favor avise-me!
Entretanto viverei na personagem de mulher feliz!
Estou de novo a cantar, dou garagalhadas sonantes,para abafar os
meus ais...seguro um copo de vinho, e vou bebericando para que as lembranças se afoguem, para que o azedume da vida não se note,para que o mundo veja,que eu estou bem.
Disfarço bem!
Só eu sei o que vive dentro de mim, só eu sei!
E uma pergunta paira no meu coração...será que tu também vestes o personagem de homem feliz?

R.M.Cruz



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