domingo, 27 de outubro de 2013

Pássaro ferido...

Há um silêncio pela casa.....parece vazia...
Apenas se ouve o respirar das almas inquietas
Que dormem o sono dos injustos
Atormentadas, até pelo próprio sono
A chuva bate na vidraça, e as nuvens tentam entrar pela janela
Olhar negro e sombrio
Elas tomam formas pavorosas
Gigantes negros erguidos no céu
Monstros de sete cabeças
O sono agita-se...ninguém dorme descansado
Por entre as gotas grossas de chuva, um pássaro bate com força contra a janela...cai ferido no chão
Mais um alma atingida, mais um espirito que se inquieta
Mais um pássaro ferido, mais uma alma desfeita
A chuva cai incessantemente, ninguém vê o pássaro...porque ninguém tem olhos
Ele ergue os olhitos moribundos, pedindo socorro
Mas a sua voz sai silenciosa...como silenciosa está esta casa
Ninguém o ouve...ninguém o vê....
Pobre pássaro!
Ao longe um gato encaminha-se para ele, o pássaro sabe que chegou definitivamente o seu fim
Melhor assim....vai ser comido de uma vez,  vivo!
Engano seu!
O gato passa por ele, com as suas garras afiadas...sacode-o, mudando-o de lugar
Deixando-o  mais ferido e a descoberto....desinteressado....foi-se embora.
Nada mais resta ao pássaro, senão ficar ali á espera que o seu sangue gele
E que o seu coração petrifique para sempre...
As formigas já estão a postos, organizando o seu batalhão...em breve o pássaro deixará de existir
E os gigantes e mosntros, assistem a tudo...com um riso de escarnio
Mais um pássaro que morre...mais uma alma inquieta
E a chuva abranda, agora que o pássaro morreu...
A casa agita-se, há ruido em todas as direções....só agora se aperceberam
Que um pássaro morreu.
Acordar, foi tarde demais!
Já as formigas carregam o seu cadáver....
Em breve, muito em breve, ninguém mais se lembrará do pássaro.

R.M.Cruz

 


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