Basta um breve momento Um olhar que passa E de repente...esse olhar entra dentro dos teus olhos Uns breves segundos E tudo pára ao redor Não ouves vozes... nem o ruído da cidade Tudo parou...apenas uns segundos... E são arrancadas da memória Recordações de tempos passados Coisas esquecidas, adormecidas.... Algures no teu pensamento, existe um mundo adormecido Que tu fizeste questão De guardar com muito carinho! Mas por breves momentos... O tempo remoto saltou para o tempo presente. Os corpos eram os mesmos...apenas cansados e envelhecidos Pelo tempo.... Mas o olhar esse estava inalterado...intacto...como quando o viste pela ultima vez, O mesmo que te olhava há tantos anos Quem disse que o amor morre? Quem disse que o amor se esquece? Ele apenas adormece.... Num sono calmo e sereno. No meio da multidão, do barulho da cidade, Alguém passa por ti....o corpo não reconhece Mas os olhos sim! Os olhos acordam a mente e o coração Finges que não notas....mas todo o corpo sente Todas as células, todos os poros toda a matéria orgânica fica descontrolada O choque é intenso, profundo! Não consegues mentir! Nem fugir! A mente voa no tempo É como se estivesses num sonho...em que a alma abandona o corpo E sentes-te anestesiada Por momentos...por breves momentos... Tu não és mais nada Apenas um breve olhar...acorda o amor que tu, julgavas morto Porque tu, fizeste questão de um dia dizeres Este amor morreu para sempre! Ninguém diga, que um dia o amor morreu É mentira! É mentira! Foi apenas o pensamento que o escondeu! Apenas um momento.....tudo acalma, os olhos esses, eram prisioneiros dos corpos Seguiram o seu caminho, sem poderem olhar para trás Tudo volta ao normal....o amor esse volta para onde esteve Para dentro do coração....volta a adormecer... Até um dia aquele olhar o voltar a despertar!
Não vás por aí Diz-me o meu cérebro cansado Mas eu teimo e vou..Não quero ir por outro lado Não vás por aí Diz-me o meu sexto sentido...Mas eu não faço caso,finjo não ter percebido Não vás por aí Grita-me o coração aflito...Mas pouco me importo Vou em frente Ignoro o seu grito Não vás por aí Dizem-me vozes invisíveis.....Mas eu vou por aí...Por caminhos impossíveis Não vás por aí Diz-me o sol ao nascer....Mas eu vou por aí E é por aí o meu destino é morrer As vozes gritam aos ventos do norte Não vás por aí....Esse é o caminho da morte Mas é por aí Que eu quero ir Não me amarrem os pernas...Outros passos hão-de vir Não vás por aí Grita-me o sonho perfeito...Mas eu tenho que ir Não posso fugir Eu aceito! De que vale, andar para trás,,,Se o caminho é agora Ser hoje ou amanhã Tanto faz...O destino marca a hora Vou porque tenho que ir...E é para lá que eu vou Calem-se todas as vozes....Que deste mundo eu já não sou Sou peregrina no tempo...Das muralhas da eternidade Sou matéria sou lamento...Sou fracasso e liberdade Liberto-me já tão cansada....Do corpo que me prendeu E do mundo tão maltratada....Vivi quem não era eu E solta na brisa vento....Eu liberto a minha dor Já não sei o que é lamento...Já só sei que tudo é amor E na chuva eu danço...A dança da perfeição Na melodia da noite....Entrego o meu coração Fecho os olhos suavemente...Já não vejo o que via Sem olhos vejo melhor....Vejo a luz de um novo dia
Será que sou a tua doçura Ou será que sou o fel? Será que sou a ternura, e o teu mais doce mel? Será que sou o veneno, que envenena e te mata? Ou será que sou o teu terreno, que te sacia e te farta? Será que sou o teu aconchego, nos dias de tempestade? Ou serei o teu maior medo? A mentira da verdade. Será que sou o teu leito, que te acalma e seduz? Ou serei o pior defeito? Serei a tua escuridão ou a tua luz? Será que sou teu caminho, de leveza e de ternura? Ou serei o teu espinho, serei a tua doce amargura? Será que sou a mulher, que te compreende e te ama? Ou serei o teu prazer que te sacia e te acalma? Será que sou a mais tenebrosa, que em teu peito se deleita? Ou serei a mais bela rosa que nos teus braços se deita? Será que sou tua amiga, companheira de longos anos? Ou serei tua fadiga, tua mentira teus enganos? Será que sou o baú, onde guardas os teus segredos? Ou serei a tua espada, a rainha dos teus medos? Será que eu faço amor, com amor de que tu gostas? Ou será que te causo dor, e te esfaqueio pelas costas? Serei o que tu quiseres! Meu companheiro e amigo Entre tantas outras mulheres Escolheste viver comigo!
A minha vida é escura...porque eu tapei o sol O amor não mora em mim...porque eu o deixei fugir A minha estrada é deserta... porque eu quis viajar sozinha/o A minha cama está vazia...porque eu não soube cuidar Os meus amigos viraram-me as costas...porque eu não fui responsável pelo que cativei O meu mundo desabou...porque eu não apostei nos alicerces A minha vida é monótona...porque eu não aprendi a melodia A solidão engole-me...porque eu não me dei ao trabalho de regar O silencio apavora-me...porque ordenei que as bocas se calassem Não tenho um sorriso...porque nunca dei As minhas noites são frias...porque até o gato fugiu As flores murcharam...porque eu tapei-lhes a seiva Não há estrelas no meu céu...porque eu fiz as nuvens densas Não tenho um ombro amigo...porque quebrei o seu braço A minha casa é fria...porque não construí a lareira Não olho pelas janelas...porque me esqueci de as abrir Os meus olhos estão opacos...porque eu não quero ver Os minhas mãos estão vazias...porque eu nunca dei O meu coração está frio...porque eu apaguei as brasas A minha casa está vazia...porque eu matei os moradores A minha alma está faminta...porque eu deitei fora os alimentos Não tenho um abraço...porque cortei todos os braços O meu café é azedo...porque eu adicionei fel O meu rio está seco...porque eu tapei todas as nascentes
Se temos as atitudes...não nos admiremos com as consequências Se fazemos as escolhas...não nos admiremos com os resultados Se fazemos as perguntas...não nos admiremos com as respostas Se optamos por um caminho...não nos admiremos com a viagem
Quase tudo na vida é resultado das nossas opções eu digo (quase) porque muitas vezes somos apanhados no meio das tempestades alheias.
Não me julgues pelo que eu sou Tu não sabes o porquê dos meus actos O meu coração caiu ao chão E ainda não consegui apanhar os cacos É fácil julgar, os outros... Mas difícil é por-mo-nos no seu lugar! Caminhemos no mesmo caminho Para ver com o mesmo olhar É perigoso julgar Sem conheceres o meu "delito" Talvez se me soubesses amar Entendesses o meu "grito" Não me julgues por favor O mundo já me julgou Preciso do teu amor Que do mundo eu já não sou Procuro no teu abraço Aconchego e proteção Para aliviar meu cansaço E descansar meu coração Mas tu não compreendes A minha atitude, e condenas Em vez de me amparares Cortas-me logo as pernas Não me apontes o dedo Isso o mundo já o faz Ajuda-me a enfrentar o medo E a dizer... eu sou capaz! Vem na minha direcção Para que eu veja a tua luz Que ilumina o meu coração E ao teu peito me conduz Deixa-me deitar no teu colo Atenuar a minha dor Eu preciso de consolo Estou carente do teu amor Não te peço que carregues Os cacos do meu coração Eu só peço que não me negues Teu amor, tua afeição No meio da multidão Eu só contava contigo Mas tu disseste-me NAÕ!!! Quero entender... não consigo! Os cacos do meu coração Com o tempo eu vou colar Ficarão as cicatrizes Para mais tarde relembrar Que a vida é feita de dor De sorriso e alegria Que vale a pena o amor E vive-lo a cada dia Porque o que conta é o presente O passado já vivi O futuro eu não conheço O presente está aqui!!! Mais tarde te orgulharás Da pessoa que eu sou Então compreenderás Os caminhos por onde vou Nessa altura... quererás me acompanhar Eu não negarei a tua companhia Pois ser humano é errar E começar a cada dia.... Vou vivendo passo a passo Não sei ao certo por onde vou Mas por certo serei o laço Que na tua vida ficou Os meus medos, esconderei Numa caixinha pequena Até quando...eu não sei... Mas sei que valerá a pena!
Dedicado a uma pessoa muito especial para mim, e para muitos!!! S.A.
Não poderei esquecer nunca este dia O dia do meu aniversário Faz hoje três anos, em que eu entro sorridente no quarto de minha Mãe -Bom dia Mãe (disse eu a sorrir) -Bom dia filha (disse-me ela também a sorrir) mas tinha no olhar uma serenidade que me assustou. Perguntei: -Está tudo bem? Ela respondeu-me. -Filha minha, hoje o dia da minha partida. Eu achei que ela estava a brincar, era o dia do meu aniversário (e como pode alguém saber o dia da sua partida?) -Está a brincar comigo Mãe? hoje ? Olhei para os olhos dela serenos, (diziam que me amavam) sentei-a no pequeno sofá do quarto, deu-me as mãos, encostou a sua cabeça no meu peito, olhou para mim mais uma vez cheia de amor por mim, e adormeceu para sempre! Incrédula com tamanha revelação, apoderou-se de mim um misto de emoções, de perguntas, de sentimentos, eu não sabia bem o que me estava a acontecer. Gritei pelo meu filho. -Miguel, Miguel -Pronto Mãe (disse-me ele) a Vó já partiu... Refugiei-me no meu quarto, e não quis saber de mais nada, o meu filho tratou de tudo o que deveria ser tratado. E eu chorei...chorei...até me cansar...abandonei-me ás minhas forças e desfaleci. Os amigos, a família, não sabiam o que fazer (se dar-me os parabéns ou lamentar o meu pesar) Passadas horas, limpei as lágrimas, vim para junto da família, e enfrentei o que tinha que enfrentar....os amigos esses, nunca me abandonaram! Os filhos perderam a outra Mãe, e eu teria de agora em diante ser as duas Mães. Cada ano ás nove horas em ponto, vivo toda a cena, como se fosse sempre pela primeira vez. Os amigos e a família têm sempre tanto cuidado, pois sabem que tudo está a ser sentido de novo. E eu? Eu vivo nesta aceitação, de que a vida é mesmo assim... Ás vezes perguntam-me: como podes viver a morte da tua Mãe com tanta serenidade? Eu respondo: Porque todos temos que partir, e no dia 5 de Fevereiro de 1963 a minha Mãe pegou-me nos braços e disse eis a filha que eu tanto desejava (sou filha única no meio de 5 irmãos). No dia 5 de Fevereiro de 2009 minha Mãe deitava a cabeça no meu peito...serena...sem dor, nem magoa...olhou para mim cheia de amor, e partiu...partiu no mesmo dia em que me deu á luz! Sinto-me prestigiada, cuidei dela até á sua partida. Tenho a certeza, que ela está sempre do meu lado. Pode-vos parecer estranho, mas eu não vou ao cemitério,não gosto,não quero. Quero tê-la sempre na minha lembrança, no meu coração, na minha vida, assim serena adormecendo nos meus braços. Hoje sinto uma saudade que me esmaga o peito, uma vontade de lhe tocar, de lhe dar um abraço...Grito Mãeeeeeee..................Silêncio.......sou ouço os meus soluços! Quando a saudade aperta muito ela entra nos meus sonhos e beija-me...a gente sente, beijo de Mãe é único, exclusivo, ninguém no mundo tem um beijo que se pareça com o de uma Mãe Ela sempre me dizia dando-me um abraço: Parabéns minha filha, que sejas sempre feliz! Depois fazia-me sempre um bolo, e brindava-mos a nós! Hoje brindo á vida e ao amor da minha Mãe. Brindo aos amigos que não me deixam neste dia dolorosamente especial. Brindo á família que me aconchega com o seu amor.
Hoje sinceramente, gostaria que a data não constasse no meu calendário....mas como tudo faz parte da vida, obrigada á vida por me ter dado tanto!
Se um dia não houver poesia O mundo escurecerá E eu morrerei Porque não corre mais pelas minhas mãos As palavras que brotam do meu coração E que caem emotivas em cima do meu papel Depois elas (as palavras) ajeitam-se de forma a que a minha alma sinta, o que acabo de escrever Se um dia não houver poesia Será um dia de morte Eu morrerei por dentro e por fora Os meus olhos ficarão opacos, sem luz nem brilho O meu coração será uma pedra E a minha alma, será apenas um fantasma sem moradia As minhas mãos para nada mais servirão, serão inúteis, preferirei arranca-las Dá-las de alimento ás feras Se um dia não houver poesia Eu gritarei mil vezes que estou louca, andarei a vaguear pelo meu ser Enclausurada nas paredes do manicómio da minha vida Não serei mais a mesma, nem terei nome de gente, nem de flor Serei uma louca desvairada, correndo as voltas de mim mesma Se um dia não houver poesia Eu estarei nua...e o mundo também Não haverá emoções, nem corações para sentir Não haverá Natureza, pois não há quem escreva a sua beleza De que vale escrever se não houver ninguém para ler Os campos não serão verdes, nem as flores coloridas As árvores serão monstros erguidos Os pássaros desertarão Extinguindo-se a si mesmos As águas serão lamacentas, turvas, movediças, os mares não serão mais do que eternas lixeiras Os rios serão rios de lama, onde os peixes se enterraram Benditos os poetas que despertam os sentidos A quem os lê Benditos os poetas, que são o olhar de quem não vê O coração de quem não sabe sentir, os ouvidos de quem não sabe ouvir A alma de quem está fria e regelada, o caminho... o mendigo na beira da estrada Bendito o poeta que escreve, o que sente, que faz cair uma lágrima Seja lágrima de dor, de alegria, de raiva, de ciume Seja lágrima de amor Bendito o poeta que desperta os sentidos de quem o lê Que acorda as emoções adormecidas, ou guardadas, trancadas, escondidas Ai se um dia eu não escrever mais poesia Podem-me enterrar Pois eu estarei morta e fria! Morreria se não pudesse escrever! Obrigada a quem me lê! R.M.Cruz