
Gélida vou pela noite, onde tudo é silencio…
Ouço apenas a morte… entre lençóis de linho branco.
Quieta, sossegada, apenas espera…
Gélida que estou, fico petrificada, ao senti-la
Ali á espera, sem pressa
Observadora
Apenas á espera, a morte…
Caminho por entre as folhas secas, sinto os meus pés de encontro ao chão, frio…
E lá está ela, quieta, sossegada, a morte…
E eu encolho-me ao passar, o meu cabelo desalinhado, as mãos suadas…
E lá está ela, serena, quieta, a morte…
Não se importa comigo, porque ela sabe que eu lhe pertenço
Sou dela…ela vai-me tirar da vida, porque a vida não e minha
E dela, da morte…
E assim tudo o que ela dá ela tira
Sem pressa, ela espera, serena, a morte…
E eu vou com ela, vou caminhando, gélida… passo por ela
Receosa, instável…
Com medo de fazer barulho
Não vá ela acordar, do seu sono sossegado
Dormindo entre lençóis de linho branco…
E eu vou com ela, a morte.
Ela leva-me com cuidado, porque eu sou dela
Afaga-me o rosto, sussurra-me ao ouvido…prepara-te que eu vou-te levar!
E eu vou com ela, a morte
Vou andando lentamente, sem tirar os pés do chão
Ela espera, sem pressa, e eu vou com ela
O dia chegará… quando ela quiser vem-me buscar e eu vou com ela
Arrasto os meus pés caminhando para ela, não fujo dela
Ela e a minha única certeza e minha companheira…
Falo baixinho, não vá ela acordar do seu sono sossegado, em lençóis de linho branco e eu vou com ela…a morte.
(Este poema é um dos meus preferidos)
R.M.Cruz