terça-feira, 10 de setembro de 2013

Devolve-me os meus olhos

Ergo os olhos para o horizonte, caminho com passos seguros, vou em frente
A minha silhueta é de quem sabe para onde vai
Costas direitas, cabeça erguida, confiante!
Nas mãos levo um cajado, para me dar um ar de guerreira
Por onde passo, todos admiram a minha bravura, todos se curvam à minha passagem
E eu de olhar firme, e passos seguros, agradeço
Mas sabes amor.....tudo não passa de uma pose
Que adotei, para fingir que te esqueci
Finjo muito bem amor....finjo muito bem!
Os meus olhos não veem o horizonte, estão estáticos, ninguém percebe que não os tenho
Os meus passos não são seguros...caminho mecanicamente, dando a ilusão que vou firme
O cajado é uma farsa, serve-me de apoio, para que eu me segure de pé
O horizonte...não o vejo, porque estou cega, apenas busco as tuas lembranças
Nada mais vejo, para além disso
A não ser vazio, e solidão
Não sou guerreira
Sou uma mulher em farrapos
Por dentro de mim, há outra mulher em farrapos, e outra e outra....
Tento  encontrar-me, mas não consigo....não vejo a minha luz, estou cega!
Não sou mais de que uma alma,sem a outra metade
Como posso ver o horizonte amor?
Se tu o levaste de mim
Tu eras a minha candeia, a minha luz, a minha bússola, as minhas asas
Tu eras a minha força,o meu caminho...
Tu eras o meu horizonte!
Agora não passo de um zombi... sem olhos
Caminho em frente, porque não sei para onde vou
A minha postura, é uma falsa ilusão
Não vou segura amor,vou cega!
Sabes porquê?
Porque tu levaste os meus olhos, e é apenas a ti que eu vejo
Devolve-me os meus olhos amor....preciso deles
Para me vestir de vida!


R.M.Cruz 

Sem comentários:

Enviar um comentário