quarta-feira, 21 de março de 2012

"Nas tuas garras"


Á noite quando te deitas emudeces o teu sentido

A alma está desfeita

O teu corpo não aceita, deitas-te com o inimigo

Vês-lhe nos olhos a fúria, do maltrato e da incúria

As mãos que te machucaram fingem que te dão carinhos

Os lábios que te beijaram, palavras de amor juraram

Assombram os teus caminhos

O corpo que a ele entregas, e que na alma tu negas

Toda a tormenta vivida!

A cruz que nele carregas…Pobre triste e dolorida

Aconchegas nas tuas pernas, quem de porrada te cobre

De que és feita mulher? A tua alma é tão nobre

Invade o teu interior, como se fosse o senhor

De teu corpo penetrar… suplicas, que vá devagar…

Ignorando os pedidos, entre berros e gemidos,

Entra em ti de tal forma, as suas garras te crava

Deixaste de ser dona, e passas a ser escrava

Engolida pelo cansaço, desfaleces no regaço

Do teu próprio opressor, tu és a presa, e ele ,o caçador

No meio da multidão, há mulheres com a mesma dor

Que escondem a podridão, de um marido predador

De olhos postos nos filhos, aguentas firme e calada

Rasgando o teu coração…no meio da multidão, á espera da madrugada

De que és feita mulher?

De cinza de pó e nada!

R.M.Cruz

Participação no 3º concurso de Poesia na Biblioteca Lucio Craveiro da Silva

21 de Março de 2012

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