segunda-feira, 12 de março de 2012

CULPADA.......................


Entro no nosso quarto, olho em volta e tudo está deserto
Os objectos que outrora tinham vida
Estão mortos, como morto está o nosso amor
Eu fui acusada de o matar!
Será que sou a única culpada deste delito?
Não terei eu um cúmplice deste crime?
Quem me acusa, merece ficar impune?
O amor era dos dois, e tu que fizeste?
Acomodas-te-te assistindo de bancada ao meu delito.
Não me alertaste, nem sequer te deste ao trabalho de me impedir
Sabes porquê?
Porque dá trabalho manter o amor vivo!
Por isso na tua iniquidade
Deixaste-me seguir o caminho que me levava ao crime.
Talvez seja para ti mais cómodo acusares-me de assassina do nosso amor.
Eu sujei a minha reputação, o meu nome, a minha alma, o meu coração
Mas pior de tudo é ser acusada por ti!
Injustiça matrimonial, afectiva, desleal....
Sabes o que mais me marcou?
Não foi o crime em si, mas sim a acusação de quem me ajudou a comete-lo.
Todo o teu silêncio me empurrou, toda a tua indiferença me incentivou
Toda a tua ausência me feriu, todo o teu egoísmo me deixou só
E eu... na escuridão da tua ausência, lutando pela fome da tua presença,
Saí á procura de encontrar outro amor.
E na penumbra da noite embriagada pelo meu devaneio
Ludibriada pelo meu sentir
Apunhalei o nosso amor.
Hoje sinto o quarto vazio, a cama deserta, o sonho desfeito, e o amor morto...
Que é feito de ti?
Sentes a tua consciência em paz?
Só tu e eu sabemos o que aconteceu, naquela noite.
E tu acusas-me de crime?
Quem rouba mais? o que entra ou o que fica á porta?
Quem mata ?o que fornece a arma ou o que a dispara?
Quem é mais santo? o isento de pecado, ou o mártir?
Eu carregarei na minha bagagem uma culpa que não é só minha
E tu?


Dedicado a todos/as os que de uma forma ou de outra são acusados/as injustamente pelo parceiro/a, do fim de um casamento, companheirismo, amizade, cumplicidade..............

R.M.Cruz





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