Não nasci para ser só, nem tão pouco solidão
Não nasci para ser o nó, que aperta o teu coração
Não nasci para morrer, nem tão pouco acabar
Eu nasci para ser eterna, e o céu iluminar
Não nasci em corpo firme, nas tábuas de um caixão
Nasci rosa sublime, sou feita de mansidão
Não nasci em berço de ouro, nem em braços de marfim
Nasci do maior tesouro,que minha Mãe é para mim
Não nasci numa prisão, não sou pássaro de cativeiro
Eu nasci livre no vento, bafejo o mundo inteiro
Não nasci em banhos de mágoas,nem em choros decisivos
Eu nasci em fios de água, em sorrisos e gemidos
Não nasci no fogo lento, nem em noites de lua cheia
Eu nasci num beijo do vento ,á luz tenue de uma candeia
Não nasci para ser rainha, nem escrava, nem senhora
Eu nasci para ser mulher a mais doce sonhadora
Não nasci para ser cravada, de espinhos em vez de rosas
Eu nasci para me perder, por entre versos e prosas
Não nasci para me emparedar, nas muralhas em que padeço
Eu nasci para me encontrar em caminhos que desconheço
Não nasci para ser usada, ser enfeite ou ornamento
Eu nasci para ser amada, por um nobre sentimento
Não nasci para ser perfeita, nem tão pouco perfeição
Eu sou mulher imperfeita, na mais bela condição
Não nasci de braços abertos, cravados na dura cruz
Eu nasci de ventre rasgado, para dar filhos á luz
RM.Cruz
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