quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Nem sei se alguma vez se tem alguém...


Tive-te,mas não sei se te tive
Nem sei se alguma vez se tem alguém
Mas eu acho que te tive
Talvez por pensar que te tive achei-me no direito de deixar de te ter
E depois de deixar de te ter?
Não entendo por onde andam os meus sentimentos
Baralhei-os, como se baralha um baralho de cartas
Já não sei onde está o que me dava sossego, ou desassossego
Não pensei como era o tempo em que ia deixar de te ter                                                                 
E agora?                                                                                                             (foto,R.M.Cruz )
Se já te tive e não tenho
O que faço aos abraços que não são os teus?
E aos beijos que não tem o teu sabor?
E que faço com as lembranças?
E os amigos que eram nossos? De quem são agora?
E os momentos que tivemos,quem os tem?
Havia um vazio quando te tinha,mas agora há outro vazio ainda maior
Talvez pelo medo de não te voltar a ter
E se tiver,que faço com o outro vazio?
Há sempre um precipício em ter-te e em não te ter
Juro que não sei em qual deles me estatelar
Ao deixar de te ter, programei o meu voo rumo a um céu libertador
O que eu não sabia era que voei rés ao inferno, chamusquei as minhas asas
E a dor do fogo,deu-me uma vontade louca de voltar a ter-te
Mas a memória lembrou-me que contigo queimei-me mais ainda
Estou cansado,da minha inquietude, da tua lembrança em mim
Estou exausto de voar em circulo
Necessito urgentemente de romper a barreira da memória de te ter, e voar para dentro de mim
Sei que queimarei as duas asas, mas renascerei das próprias cinzas
Dentro de mim encontrarei os caminhos que me levarão para um lugar neutro
Onde eu me possa encontrar,para me ter!
Enquanto te tive, também me tiveste
Vou regenerar-me
A resiliência tem de acontecer
Para que eu volte a renascer
Havemos de nos reencontrar em outros voos
Onde os destinos já não se cruzam
Verei ao longe o teu sorriso, e ficarei feliz pela luz que cobre o céu
E tu verás o meu olhar,e saberás que te quero bem

(Inspirado num jovem amigo)

R.M.Cruz





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