sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Ainda nos restam os afetos

O tempo passa, meu amor
E os olhos já não vêm como viam
E o corpo verga-se com dor
Nas colinas onde outrora dormiam
                           E o sorriso só se abre num lamento
                           Dos tempos que passaram e não vimos
                           O coração já não canta ao relento
                     Nas noites frias, em que quentes dormimos
O sangue já não pulsa tão depressa
Corre lento nas veias, meu amor
E os sonhos não passaram de promessas
De um passado,no presente sem calor
                           As mãos, não são firmes como dantes
                           E os caminhos trémulos são de gestos
                           Ao luar em que já fomos dois amantes
                Graças à vida que ainda nos restam os afetos
E as  lembranças que arrancam um sorriso
Acordando no coração a nostalgia
As emoções surgem de um distante paraíso
De sonhos de fadas e de utopia
                            Ainda que o sonho fique distante
                            De vida, somos feitos e de amor
                            Vivamos cada hora cada instante
                             Antes que a morte nos separe sem pudor
Antes que o nosso coração pare de vez
E as saudades batam à nossa porta
Entrelacemos os corpos e outra vez
Sonhemos meu amor,mas sem derrota
                            Juntos havemos de vencer
                            O cansaço e a ruguês dos nossos corpos
                             Ainda há formas de acendermos o prazer
                             Na clareira da vida, onde quase estamos mortos
A pele há-de arrepiar como em tempos
E o corpo há-de vibrar ainda que lento
Apostemos na vida e nos momentos
Não nos gastemos no desgosto e no lamento
                         

R.M.Cruz 
                          




Sem comentários:

Enviar um comentário