domingo, 7 de março de 2010

Tanta vida...A morte tarda.


O corpo já não obedece,a mente está cansada
Ai como o corpo envelhece,como se não passa-se nada
Depositada que estou, numa cama sem ninguém
A minha volta gente quase morta, e eu estou quase também
Palavras ditas e soltas, de quem não pensa o que diz
Retalhos de uma vida,de sofrimento, e feliz
Já nada tenho para ver, muito menos para sentir
Estou morta,quase a viver,ai como o ultimo sopro não quer vir
O tempo,passa sem pressa, tudo passa devagar
Fica apenas a promessa,que a morte há-de chegar
Um quarto com quatro paredes, quatro camas alinhadas
perdidas estamos no tempo,de quatro vidas cruzadas
Lá fora o dia está lindo,da janela vê-se o tempo
Nada disso faz sentido,a minha morte está vindo
Espero que alguém entre,pode entrar seja quem for
Desconhecido ou parente,que traga um pouco de amor
Esta espera que me atormenta,a morte vem devagar
Vem a passos curtos,vem lenta,nunca mais me vem buscar
E eu espero por ela,aqui nesta cama estendida
Já nem sei o que é uma estrela,tudo perdi desta vida
Neste quarto é só lamentos,de vidas á espera da morte
De gemidos e sofrimentos,desabafos de pouca sorte
Da vida poucas memórias,que a mente não me ajuda
Já nem sei contar histórias,minha voz já me sai muda
Este quarto é um depósito,de gente quase moribunda
Aqui não há um propósito,só gente deforme e corcunda
Na noite há o silêncio,a morte levou mais uma
Só se ouve um murmúrio, mais uma para a sua tumba
Ai morte anda depressa,abafa-me com teu abraço
Cumpre já tua promessa,leva-me no teu regaço

POEMA DEDICADO A TODOS OS IDOSOS...MUITAS VEZES ESQUECIDOS NOS LARES...
R.M. CRUZ


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