Á noite quando te deitas emudeces o teu sentido
A alma está desfeita
O teu corpo não aceita, deitas-te com o inimigo
Vês-lhe nos olhos a fúria, do maltrato e da incúria
As mãos que te machucaram fingem que te dão carinhos
Os lábios que te beijaram, palavras de amor juraram
Assombram os teus caminhos
O corpo que a ele entregas, e que na alma tu negas
Toda a tormenta vivida!
A cruz que nele carregas…Pobre triste e dolorida
Aconchegas nas tuas pernas, quem de porrada te cobre
De que és feita mulher? A tua alma é tão nobre
Invade o teu interior, como se fosse o senhor
De teu corpo penetrar… suplicas, que vá devagar…
Ignorando os pedidos, entre berros e gemidos,
Entra em ti de tal forma, as suas garras te crava
Deixaste de ser dona, e passas a ser escrava
Engolida pelo cansaço, desfaleces no regaço
Do teu próprio opressor, tu és a presa, e ele ,o caçador
No meio da multidão, há mulheres com a mesma dor
Que escondem a podridão, de um marido predador
De olhos postos nos filhos, aguentas firme e calada
Rasgando o teu coração…no meio da multidão, á espera da madrugada
De que és feita mulher?
De cinza de pó e nada!
R.M.Cruz
Participação no 3º concurso de Poesia na Biblioteca Lucio Craveiro da Silva
21 de Março de 2012
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