Ouço o murmúrio das águas
O medo tolhe-me o caminho
As mãos estão suadas
O coração bate forte
Como uma locomotiva velha
As pernas tremem
Lá ao longe vejo um barco
Com velas pretas
Está vazio
Vem se aproximando
O seu navegar parece uma dança
Uma dança de mistério (como um ladrão que entra á socapa)
E eu espero
Olho com medo
O receio, impede-me de caminhar
Fico ali
Parada
Os olhos não conseguem olhar noutra direção
Ficaram paralisados
O barco aproxima-se cada vez mais
Olho-o de perto....a medo...
Está vazio...
Mas cheio....
De almas.... ouço o seu murmúrio
Almas famintas de vida
Vida negada
Ceifada
Vencida
O barco pára! para eu entrar
Não....não quero
Não vou navegar
Ergo a cabeça,cerro os punhos,finco os pés no chão
E o medo foge de mim, e com ele o barco....
Ando um passo,dois passos, e corro........
Saio dali
Então já não é noite.....o dia clareou...o barco desapareceu na linha do horizonte
Alinho os cabelos desajeitados
Os primeiros raios de sol entram devagar pelas frinchas da janela
Acariciam-me o rosto...cansado...
Encosto a cabeça no teu ombro
Respiro fundo...cubro o meu corpo
E durmo o meu sono sossegada
Sem medo, nem choro,nem suor,nem nada
A paz voltou ao meu coração.....
R.M.Cruz
Ando de passo em passo suavizando a terra por onde passo, olho e volto a olhar sinto o medo envolvendo-me, pergunto a mim saio ou fico? Porquê me interrogo como agir? Porquê a dura realidade de nos questionar nas decisões que devemos tomar, porquê um simples suspiro não ajuda a ver e sentir o caminho a tomar rumo á direcção certa da vida do objectivo final da tranquilidade serena da decisão tomada como certa. Durmo cubro-me enroscada no lençol de seda dando suavidade ao físico mas o espírito fica inquieto esperando que eu lhe dê o sossego tranquilo que tanto precisa. Sò tu para me suavizar e tranquilizares o espírito para a serenidade desejada beijos Laura
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