Caminho incerta, não sei por onde vou
Não me arranquem a inocência da minha criança
Sou bandeira erguida em verde esperança
Não me torturem... porque acredito no amor
Sou cravo sou rosa, sou espinho sou dor
Não me furem os olhos da retidão
Comam-me a carne, mas a alma não!
Não plantem veneno no meu coração
Sou ainda raíz que se ergue do chão
Não me mordam a alma como se eu fosse carne
Resgurdem-me os sonhos de um mundo infame
Não me arranquem os olhos, as minhas janelas
Mesmo fechadas, vejo através delas
Não me castrem os sentidos, nem me assolem a alma
Entre silêncios e gemidos, encontro a calma
Deixem-me sonhar, enterrem o machado
Um sonho que voa, quer ser encontrado
Não me atirem pedras, escondendo a mão
Sou cega dos olhos, mas da alma não!
Não ergam muros no meu caminho, eu quero passar
Sou alma de pássaro e sei voar!
Quero seguir, confiante no amor, sabendo que sou, alvo da dor
Quem nunca amou, não sabe viver, o crescimento da alma, vem do sofrer
Não julgues meus atos, estende-me a mão
Tudo o que faço, tem uma razão.
Não sou santa nem anjo, não sou Deus nem Universo
Sou alma errante, também caio também tropeço.
Mas de uma coisa eu tenho certeza, e assim quero continuar
O amor faz milagres, não deixarei de o semear.
Ainda que a terra elouquça, e o homem perca a razão
Não desistirei do sonho que trago no coração.
Podem dizer que eu sou louca, gritar ao mundo com desdém
Mesmo assim proseguirei , apanhando as pedras que a vida tem.
E com elas subirei mais alto, tocando os céus
Degrau a degrau, ficarei mais perto de deus.
R.M.Cruz