Os meus olhos andam por aí...
Observando coisas pequeninamente grandiosas.
Eles são assim... vêem o que é invisível...
Enquanto aguardava na fila do posto médico, para uma consulta de rotina, à minha frente estava uma senhora, cabelos acinzentados, corpo marcadamente curvado(como se tivesse ás costas o mundo) vestida com gosto, calça castanha, blusa bege, calçava uns sapatinhos baixos castanhos ( possivelmente a idade não lhe permitia o equilíbrio em sapatos altos).
A Senhora mal se aguentava de pé, mas não se deu por vencida, esperou ali na fila, (a custo) sem se desmanchar...
A porta abre-se, e entra um Senhor talvez com a mesma idade da Senhora( teriam uns 84, 85 anos) igualmente bem vestido, um fato cinzento, camisa branca e sapatos pretos, cabelos brancos,chegou-se ao pé da Senhora, acariciou-lhe o ombro, pegou-lhe na mão e encaminhou-a á cadeira, com passos lentos e desequilibrados pelo peso dos anos da vida do mundo...
-Senta aqui querida, que eu vou para a fila.( sorrindo para ele, ela aceitou)
Olhando-o com uma ternura que não consigo descrever-vos.
Ele deu-lhe uma revista que trazia debaixo do braço e ela aceitou sorrindo, (pôs os óculos) tentou ler... mas a preocupação com ele era tanta que não conseguiu concentrar-se na leitura.
Ele, depois de ser atendido, sentou-se ao lado dela, pegou-lhe na mão, e ali ficaram á espera da sua vez...ele de jornal na mão, ela com a revista, mas nem um nem outro tinham vontade de ler, ali ,naquele momento a vontade era de ESTAR, um com o outro,olhando-se com uma ternura sem par, sempre de mãos dadas, ( mãos enrugadas e murchas)como um casal de adolescentes apaixonados.
De repente o meu nome fez-se ouvir em toda a sala, e eu saí daquele mágico momento.
O meu dia não foi igual....pensei naquele casal, que espécie de amor seria o deles?
Quantas tempestades enfrentaram juntos? quantos filhos tiveram? quantas doenças venceram?quantas dores suportaram? quantos familiares perderam? quantos rios de amargura tiveram que adoçar? Será que o tempo para eles não passou? continuam a amar-se?
Que amor resistente!
Serão daquelas pessoas que cumprem até á morte um juramento?
Na igreja: Até que a morte nos separe!
E assim É!
Amor raro este, não?
R.M.Cruz
Muito lindo amiga! E realmente muito raro! Infelizmente cada vez mais raro. Com certeza era um amor verdadeiro, puro, inocente,sincero, misturado com carinho, respeito, amizade, compreensão, protecção...companhia, eles souberam olhar um para o outro com os olhos do coração, através dos olhos, e não superficialmente! Como eu sonho com um amor assim :D É por isso que não aparece! Mas enquanto sonho, consolo a alma ;)
ResponderEliminarOlá.
ResponderEliminarEstou de acordo,quando dizem que esse amor é...todos os adjectivos que em cima estam descritos,mas também digo que não é só apenas isso.
Penso,que esse Amor foi crescendo e alimentado ao longo dos anos,pois eles agora são já de idade,mas já foram jovens e malandros...já tiveram a sua dose de encantos,de lágrimas e desencantos...mas de certeza tinham o que agora falta...a força de dizer..."eu enfrento isto e vou vencer,quer tenha que falar ou me calar,dar tempo ao tempo para me ajudar,mas não vou desistir...e vou viver."
De certeza houve tempos que viveram,um dia de cada vez,sempre a espera que a vida desse uma reviravolta,mas...nunca poseram a hipotese de as promessa rasgar...aniquilando assim a oportunidade de um novo dia nascer e com ele a força e vontade de viver.
A isso eu chamo de valores que com eles foram crescendo,o respeito,a compreensão,a sinceridade nos olhos de alguém que viveu para lhe querer bem.
E ao longo de toda essa vida,restou um sentimento...o maior de todos,que os move a cada dia e os une.
Ficou a Amizade...esse é o segrdo de tal longividade.
Olá amigas! Obrigada pela vossa visita e pelos vossos comentários :)Beijinho e voltem sempre que vos apetecer
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