segunda-feira, 27 de junho de 2011

Meu corpo minha tela.....

Meu corpo, minha tela,minha existência...
Nele está escrito a minha história
Escrita a rasgos de navalha, com tinta de sangue
Alguns rasgos são tão profundos
Que rasgaram até á alma
Outros são tão ao de leve, que foram sentidos como pequenas caricias
Na tela da minha história
Há risos de criança, há saudades....................
Há momentos de esperança,há verdades.......
Há medos que me tolhem, há monstros que me devoram
Há fantasmas que me encolhem, há segredos que me apavoram
Na tela da minha história
Sinto o fio da navalha, escrevendo as cores da vida
Sem permitir uma falha, abrindo o meu corpo em ferida
Este corpo é humano, feito de imperfeições
Feito de amor e ódio
Feito de insatisfaçãos
Na tela da minha história
Há amores não revelados, há destinos, não cumpridos
Há sonhos inacabados
Há caminhos por percorrer
Há mares não navegados
Muita historia por escrever
Há sonhos não sonhados
Tela humana, de sangue que corre como tinta
De versos de mentira e verdade
De boca seca e faminta
Tem traços de amor perfeito
E de rosas das mais belas cores
Tem virtudes tem defeitos
Tem gritos de raiva e dor
Na tela da minha história
Há um pássaro enjaulado
Com asas da cor do fogo
Tem saudades de voar
E grita para ser libertado
Na tela da minha história
Está uma dama sentada
Escreve com tinta de fios de sangue
Com uma navalha afiada
Cada dia vou vivendo
A tela feita em mim
Quando estiver completa
A vida chega ao fim
Que a minha história de vida
Seja um quadro bem pintado
Que todos o admirem
Como um tesouro revelado..........

R.M.Cruz

terça-feira, 21 de junho de 2011

DEDOS DE AMOR.....



Dos teus olhos vi nascer
Duas lágrimas de ternura
Que ao coração vi descer
Numa sombra de amargura
 

Afagas-me o rosto
Com dedos feitos de amor
Teu sorriso esconde o desgosto
Do teu mundo sofredor
 

Teu coração é azul
Azul da cor do mar
Com tantas lágrimas tuas
Que derramas a chorar
 

E eu finjo que não vejo
Encolho-me no meu saber
Em pontas de pés dou-te um beijo
Fingindo que não estou a ver
 

A caixinha da tua alma
É uma concha bem fechada
Que só o meu sorriso acalma
Quando estás desesperada
 

O teu colo é o meu cais
Minha escora são teus braços
Protegem-me dos vendavais
Dos gemidos e fracassos
 

Quero-te tanto tanto
Que o meu querer não tem fim
MÃE és o mais doce encanto
És o mais belo jardim
 

Poderia eu dizer
Que és a mais bela flor
Mas Mãe... és mulher
És um infinito de amor
 

Por isso és um jardim
 À beira mar plantado
Que se sustenta de amor
E se mantém bem regado
 

Inesgotável amor de Mãe
Que do peito faz jorrar

 Em amor incondicional
Que estranha forma de amar
 

Dos meus olhos sai a luz
Do meu coração sai o pranto
Tua mão que me conduz 

Tua alma é meu manto
 

Das tuas entranhas nasci
Do teu corpo, o meu se fez
Do teu sangue eu bebi
Do teu ser minha nudez
 

Eternamente serei
Tua carne teu coração
Teu fruto de amor
Na palma da tua mão..............

............Para todas as verdadeiras Mães!!!


R.M.CRUZ

quinta-feira, 16 de junho de 2011

MOCIDADE............ATÉ AO FIM DA VIDA!!!


Onde estás?que é feito de ti?
Sim tu, aquela jovem mulher,que encantava a todos,com o seu belo parecer
Onde moras? que te fizeram?
Porque é que nunca mais te vi?
Diz-me que é feito de ti?
Tenho saudades, de quando para ti nada era impossível
Achavas tudo incrível,nada te fazia confusão
Tudo tinha uma solução!
Onde estás agora?
Será que chegaste a ir embora?
Lembro-me daquele salto, na ultima prancha da piscina
Será que saltarias ainda?
E daquela noite de lua cheia,em que a passaste na areia
Passarias outra vez?
E daquele cigarro fumado na beira do rio
Em noites de Inverno frio!!!
Só de pensar sinto um arrepio
E naquela madrugada,a corrida na auto-estrada
Voltarias a tentar?
Ou terias receio de te matar?
Tantas loucuras fizeste ,que não vou mencionar
Mesmo que eu quisesse, não voltaria a tentar
A juventude passou, e com ela toda a loucura
Quem foi que a viveu e não gostou?
Momentos de aventura
Sem receios nem medos,nem sentimentos de culpa
Guardando no seio os segredos
Que o seu coração ocupa
Viver a cada momento, o seu tempo de viver
Criança, jovem e velho
Sempre é tempo de aprender
Mas aqui fica um conselho
Se conseguires chegar a velho
Não queiras "envelhecer"
O corpo não te ajudará
Mas a mente tenta conservar
Não a deixes envelhecer
Mantém a tua sanidade
Até á hora de morrer
O corpo não permite as loucuras
Não dá mobilidade
Mas na mente as aventuras
Podes vive-las á vontade
Mantém sempre um sorriso
Uma palavra de amor
Tudo isso é preciso
Para a vida ser melhor
E na alma as lembranças
Da eterna mocidade
Que contarás ás crianças
Quando tinhas a mesma idade
Encontrei-te mocidade
Vives dentro do meu ser
Levo-te á eternidade
Comigo hás-de morrer
De quando em vez, saltas á vista
E eu deixo-te saltar
Mocidade só não conquista
Quem não a sabe sonhar!!!


R.M.Cruz

domingo, 12 de junho de 2011

SAUDADE.................


Saudade é estender os braços e sentir o vazio
É estar quente e tremer de frio
Saudade é pensar no teu beijo, e morrer no desejo
Saudade é não ouvir a tua voz no meu ouvido
Saudade é sentir o tempo perdido
Saudade é não ter o tempo de outrora
Saudade da pressa, de não haver pressa de ir embora
É sentir uma dor no peito a latejar
É não ter presente as noites de luar
Saudade é ausência de ti e de mim
Saudade é um mundo de flores sem jardim
Saudade do tempo em que era criança
E de momentos vividos na minha infância
Saudade do cheiro da terra molhada
Saudades da família abençoada
E do salto à corda e do jogo ao pião
Saudades da roda e do botão
Saudades de sentir os pés nus na terra
E da magia que a saudade encerra
Saudades do primeiro amigo
Saudade de sonhar contigo
Saudade de me apaixonar
Por uma simples flor,por uma noite de luar
Saudades de ouvir o grilo nas noites de verão
Saudades de sentir o poder de uma oração
E de ouvir cantar as janeiras
Do calor da brasa a arder nas lareiras
Saudades das noites de orvalhos
E de fazer vaquinhas com bolinhas de bugalhos
E moinhos de vento no riacho da aldeia
E o nascer de um jumento em noite de lua cheia
Saudades daquela colcha de retalhos
E do baloiço feito nas pontas dos galhos
Saudades dos joelhos esmurrados
E do beijo da Mãe ficando curados
Saudades do cheiro do milho maduro
Saudades da aventura de saltar o muro
E de ouvir o Pai a ralhar
Ir logo a correr ao ouvi-lo chamar
Sentir sua mão dura e calejada
Da força da vida e do trabalho da enxada
Saudade do pão com sardinha
E da água da fonte, da uva da vinha

Saudade de sentir as mãos da minha Mãe
E do seu colo que sabia tão bem
Ai saudade que mata devagar

Sem dó nem piedade,até sufocar 
Nos leva o coração nos arranca a alma
Saudade palavra triste que só a morte acalma
Vivemos sempre em saudade
De algo ou de alguém
Desde um amor proibido, ao amor da nossa  Mãe
Saudade teremos sempre
São saudades de morrer
E quando a morte vier
Serão saudades de viver.....
R.M.Cruz

terça-feira, 7 de junho de 2011

PARA ALEM DO SONHO


Para alem do sonho da mente do sonhador

Há algo medonho algo aterrador

Há vidas perdidas, sem saberem para onde vão

Há corpos sem vidas há gente sem coração

Para alem do sonho

De um mundo feito ao contrario

Há escravidão sem dono há morte do operário

Há choro há ranger de dentes

Há sofrimento que não tem fim

Há bebés descontentes há velhos mortos no jardim

Para alem do sonho há violadores de crianças

Há assassinos á solta

Há vidas sem esperanças

Há corações de revolta

Há mulheres largadas, sem ter onde cair

Há chagas abertas há malvados

Há um mundo sem porvir

Para além do sonho há um mundo sem valor

Há um mundo sem razão

Um mundo isento de amor

Para alem do sonho da mente do sonhador

Há uma força que range

Há um homem que chora

Há um coração sofredor


O Poeta sonhador vê e sente para alem do sonho....

R.M.CRUZ