sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Vôo para um horizonte perdido....

A vida tem os olhos postos em nós
Porque de riqueza nos cobriu...a riqueza de uma familia feliz
Que mais pode desejar um homem?
Não importa a imperfeição em que o meu corpo se tornou...se a vida me deu o melhor do mundo
A minha familia!
Sabes amor...tenho nos olhos a ternura da tua voz, e a dádiva de me dares flores em forma de filhos...no nosso jardim amor, nascem as flores mais belas do universo...
Sabes porquê amor....porque dentro da nossa humilde casa, mora o amor, o respeito, a união
A vida sabe que pode confiar em nós, e que mais uma flor virá, para darmos ao mundo o seu perfume em forma de amor.
Queria eu dar-te um castelo, porque tu mereces, mas sabes amor, talvez dentro de um castelo não morassem as nossas flores....nem o nosso amor seria tão puro, porque a grandeza amor... não está dentro das muralhas da riqueza....
Está dentro da nossa humilde casa...e no teu colo amor, eu descanso a minha inquietude, que muitas vezes me atormenta...como abutres enjaulados dentro da minha alma, á espera que eu me torne moribundo dos meus próprios pensamentos...
Mas tu amor, acalmas-me, com o teu doce olhar...
Amo-te, porque tu nunca olhaste á imperfeição do meu corpo, elevaste  todos os sonhos que me fazem voar...
E eu vôo amor...eu vôo....
Vôo para um horizonte perdido, de um mundo perfeito, que invento a cada manhã no sorriso dos teus lábios...
E sobrevivo amor com a tua retaguarda, tu és o meu porto seguro, o meu farol de orientação, nas noites em que as tempestades me tentam derrubar....
É no teu ragaço amor...que encontro a minha paz.
Agradeço á vida por me dar uma luz em forma de mulher...
Uma casa onde a minha familia é o meu porto de abrigo...não amor, um castelo de nada nos serviria...porque o amor...presenteia-se na humildade.
Sabes amor...tenho em mim todos os sonhos do mundo.


 R.M.Cruz

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Mas tu não vieste...

Deveriamos ter cuidado melhor do nosso tempo
A vida deixa para trás quem não cuida
Deveriamos estar atentos, e saber que nada é eterno, a não ser a morte.
Sabes amor, aquele dia em que te esperei para jantar? Não, tu não sabes...
Eu tinha-me preparado para ti, despi o meu corpo de tudo, pelo chão coloquei flores, para que os teus passos, deslizassem como um rio, desaguando no meu mar feito corpo.
Mas tu não vieste.
Sabes amor,aquela viagem  de fim de semana,que tanto sonhamos? eu comprei os bilhetes para nós. Não, tu não sabes...
Eu tinha sonhado um fim de semana, para nós dois...imaginei-nos abraçados debaixo de um  céu estrelado, olhando o horizonte, contando à lua os nossos sonhos, e de quando em vez, tu beijavas-me a boca, como quem crava as promessas para sempre!

Mas tu não vieste.
Sabes amor, aquele dia em que marcamos um cinema? Não, não sabes...
Eu tinha vestido aquele vestido preto que tu tanto gostavas, e junto à pele, aquela lingerie vermelha que tu me ofereceste no dia dos namorados,lembras-te? (sei que não iamos fazer amor no cinema) mas quem sabe depois....sim, coloquei aquele perfume que só uso em ocasiões muito especiais,suavemente nos pontos do meu corpo onde desejei ser beijada.
Mas tu não vieste.
Sabes amor,aquela saída na madrugada,  em que combinamos beber um copo, depois do jantar? Não, tu não sabes.
Esperei por ti, esperei-te com o jantar na mesa, aquela comida que tu tanto adoras,acendi as velas, coloquei flores na jarra,adornei a mesa com pétalas de rosas vermelhas, comprei o melhor vinho....
Mas tu não vieste.
Imprevistos, dizes tu!
Hoje chegaste, com cara  de cãozinho que faz asneira, abraças-me como se tudo fosse normal...
Seria normal, se eu não te amasse.
Mas seria muito mais normal, se eu não ME amasse!
Tiveste o teu tempo amor, ofereci-to com todo o meu amor, mas tu desperdiçaste-o, não cuidaste, não quiseste saber.....
As velas apagaram, as rosas secaram, o perfume evaporou, o jantar azedou, o vestido rasgou,a lingerie mudou de cor, e o meu amor cansou.
Sabes porquê amor? Porque eu respeito o que tu não respeitas-te, o nosso tempo, o nosso momento, o nosso amor.
Vai....não quero que venhas.
Porque tu amor, nunca vieste.

R.M.Cruz

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Da minha janela....

Da minha janela....
Vejo o dia que chega, com cestas de madrugada
Cestas de choros...perdas inconsolaveis...sonhos desfeitos na noite...solidão
Cestas de alegria...sorrisos abraços,afetos
Gritos de mãe que desfazem a alma de quem a ouve, porque a Mãe, essa já lá não está, foi arrancada pela dor, e desventrada pela saudade....partida esquartejada.... pela morte do seu  filho.
Da minha janela...
Vejo o dia que chega com cestas de madrugada
Cestas de sonhos...sonhos desfeitos, pelas promessas ditas em surdina, na calada da noite...não há testemunhas....nem registos, das  promessas quebradas, que não foram cumpridas... por falta de amor.
Cestas de madrugada...vazias de tudo e cheias de nada...
Cestas de solidão...de um corpo curvado pelo tempo, vergastado pela vida...  e que na estrada vai perdendo tudo quanto conquistou... até a prória dignidade.
Cheias de ausência....a filha que aperta a mão do pai...tentando segura-lo á vida...mas a força cedeu e a morte venceu...as lágrimas dão lugar ao desanimo, e ela desfalece exausta no colo da impotencia.
Da minha janela....
Vejo o dia que chega com cestas de madrugada
Cestas de esperança...pelo choro da criança que nasceu, na sua pureza enalterada, abrindo ao mundo, horizontes de amor e fé
Cestas de amizade, com elos de fortaleza, uma corda que une, que não derruba, que aceita e ama, com a mesma medida do amor
Da minha janela....
Vejo o dia que chega com cestas de madrugada
Cestas de liberdade, liberdade de sonhar, de amar, de aprender, de confiar....
Abro a minha janela, e iço a bandeira da concórdia do amor e do perdão, para que os ventos da humanidade aticem a bandeira o mais alto possivel, para que seja visivel aos olhos dos que ainda, acreditam na paz!

R.M.Cruz


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Sou Mulher


Não te tortures no esforço desmedido de me entenderes
Porque nem eu me entendo
Eu não sou decifrável
Sou Mulher
Não me concluas, como se eu fosse uma tese...ou o fim de um livro.

Sou um mundo infinito, mas não sou inatingivel....sou como o céu, mas desço á terra.
Sou um mar de incertezas, mas acredito na certeza do amor
Sou um rochedo nas horas de inflexibilidade, mas sou como a água transparente...entra em mim...e verás o que te mostram as minhas profundezas.
Trago em mim todos os sonhos do Mundo... e todas as quimeras, trago as manhãs de orvalho,trago medos, e segredos...
Sou Mulher
Não me decifres...nunca conseguirás, morrerás tentando
Sou a mais forte das criaturas, nunca me substimes, baseado na minha fragil candura
Não me conquistes com o teu charme....conquista-me com o teu amor
Não me compres, porque eu não sou vendável
Sou Mulher
Nunca me digas...és minha. Eu não sou de ninguém...sou um espirito selvagem livre....
Nunca  penses que me possuís sem o meu consentimento, o meu corpo podes tê-lo, mas a minha alma serei eu a oferece-la, mas terás que renascer....Porque a minha alma só a tem quem me sabe amar com a pureza de uma criança.
Sou Mulher
E posso ser o que tu quiseres, se eu sentir amor em ti.
 Nem sempre esperes palavras da minha boca...Aprende a ler os meus olhos, é com eles que eu falo
E no meu silencio...dá-me apenas um abraço....fica assim.....quieto
Nunca me beijes sem intensão....o beijo quero-o sentido.
A tua boca na minha trocam palavras indiziveis
Sou Mulher
Tenho pássaros no cabelo e flores na alma

E quando digo que te amo, não duvides!
E se te digo que te esqueci...não acredites, a mulher ama até á morte.
Não me magoes intensionalmente....corres o risco de sentir o meu veneno, lembra-te...sou tudo o que eu quiser, serei cobra.
Nunca me tires um filho...por ele, sou capaz de matar!
Nunca me tenhas como um dado adquirido...eu não sou objecto
Ama-me como a mais sublime das criaturas, faz amor comigo se eu fosse a unica.
Se vires uma lágrima caír...não me perguntes porquê...procura saber o motivo
Não abras feridas, elas sangram....já basta condição biologica
Sou Mulher
Não me decifres...não me concluas...não procures entender-me.
Sou Mulher...sim sou um mistério, até para mim.
Vive apenas e sente-me!


R.M.Cruz









terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Espero-te.....

Espero-te....
Cansada deste silêncio.... que me engole de esperança
Ele, é o meu maior aliado, e o meu pior inimigo
Neste silêncio, parece-me ouvir os teus passos, no vão das escadas
Espero anciosa, o barulho da chave a entrar na fechadura
Mas nada....
A espectativa morre...e fica novamente este silêncio assustador
Na minha cabeça cabem mil imagens simultaneas
Vejo-te beijar outra mulher, e o meu coração dispara, a um ritmo descompassado fazendo-se ouvir, de tal forma que abafa o silêncio....Não!!!
Dou um grito, para dentro de mim, tentando espantar tais imagens
Silêncio novamente...
Outra imagem...Vejo-te a fugir de mim, como quem foge de um monstro, e assusto-me com a imagem que criei.
Refugio-me dentro dos meus braços,encolho-me de tal forma, para que o monstro não cresça...e não tenha força para seguir-te....Não!!!
Volto á forma original, não posso dar asas ao monstro
Silêncio novamente...
Outra imagem.... vejo-te morto, e eu a chorar desalmadamente sobre o teu caixão....essa imagem por momentos acalenta-me a alma,consola-me... sabes porquê? Porque ali és meu...ainda que morto.
Mas depois vêm outras imagens....
A minha vida sem ti...
Sem esta espera, sem esta ansiedade, sem este bater de coração....Não, não posso viver sem ti.
E esta espera que me mata....e este silêncio que me engole, e esta espectativa que me derrota, e este meu desejo, que me queima.
Onde estás? Porque não vens? Acaso achas que sou um dado aquirido? Claro que sou! Não consigo ter outro senhor....viciaste a minha mente...ela grita-me, que sou tua!
E eu acredito, não fosse este silêncio devorador, que me acompanha na tua ansência, que me faz duvidar...
Ele sim, ele é o meu maior amante, não me larga nas noites longas em que não vens...aproveita a tua ausência e faz de mim o que quer...
Porque demoras?
É quase madrugada, e eu não durmo, o silêncio é o amante mais dedicado que tu alguma vez poderás ser...talvez por isso ele me tenha mais do que tu.
É dia....o sol começa a nascer... e eu? Eu finjo que vivo.
O silêncio saiu de mansinho pela madrugada, logo que os primeiros ruidos da cidade começaram...saiu à socapa...como saem todos os amantes.
Enfrento mais um dia, de cabeça erguida, amedrontando-me com a  noite que chega, pois nunca sei qual o amante que vem dormir comigo.
E tu, não dás sinal de ti...e eu convenço-me que sou tua!
Espero-te...
Até que o meu coração, adormeça para sempre...
 E o silêncio seja enfim.... o meu amante perpetuo.

R.M.Cruz

domingo, 19 de janeiro de 2014

Não lamento nada!

Se fosse possivel voltar a trás, faria tudo de novo
 

Não lamento as noites amargas em que me mantinha acordada, esperando por ti 
Não lamento os dias de desespero, pela duvida da tua chegada, nem as lágrimas que chorei,quando vinhas frio e cansado.
Não lamento os beijos que te dei, sabendo que não eras merecedor, não era a ti que os dava, mas á raíz do nosso amor.
Não lamento, as noites em que ficava-mos alerta,com medo que os fantasmas entrassem no nosso quarto, e eu dava-te a mão até adormeceres.
Não lamento os abraços que te dei,após um erro continuado,eu culpava-te ,mas dentro de mim sabia,que não havia culpa....a culpa era das circunstâncias da vida.

Não lamento os alertas que te dei, e que tu meramente esquecias...ou fingias ouvir...e depois vinhas a medo aninhar-te no meu colo como uma criança abandonada.
Não lamento, as horas de sobressalto, cada vez que te afastavas de casa,receosa que te esquecesses do caminho de volta.
Não lamento as rosas vermelhas na comoda do nosso quarto,lembrando-me constantemente do erro cometido,nem sei se as amava ou se as odiava, sempre te disse que um erro não se conserta com pétalas de rosas...a solução é não o cometer.
Não lamento a cedência da minha vontade, no sentido de te ver feliz, nem as horas que passei no sofá vendo  futebol, ou apenas olhando para ti, e gritando golooooooo, mesmo que isso não me dissesse absolutamente nada....ver-te sorrir,transmitia-me vibrações de felicidade e contagiava-me

Não lamento, todas as lágrimas,todos os ais,todos os gritos,todos os desejos,todos os sonhos,todas as promessas,todas as desilusões, não lamento nada!
Sabes porquê, porque tudo isso fez crescer o nosso amor, onde antes havia ciumes, hoje há confiança,onde  havia medo,hoje há coragem,onde havia solidão há partilha,onde havia silencio,há conversa,onde havia lágrima,há sorriso,onde havia posseção......hoje há liberdade.....
Toda a vida que está para trás é que fez de mim/de nós,o que somos hoje.
Pessoas mais sensatas, mais amigas,mais compreensivas, mais humildes,mais gratas.

Onde antes havia sexo na ansia de obter prazer, hoje há amor sem ansia de obter nada,porque sabemos que tudo acontece na serenidade de um toque.
Onde antes havia descontentamento,hoje há um abraço,onde antes havia... vai tu, eu não vou,hoje vamos juntos,  muitas vezes vamos apenas no coração um do outro, e nunca vamos sozinhos.
Onde antes haviam dois jovens com sede de vida, hoje há dois adultos saciados de amor.
Onde antes o mundo era um caos,hoje são apenas ruinas, que preservamos como património da nossa história,para nos lembrarmos o quanto fomos guerreiros.
Não lamento nada!
Hoje os filhos e os netos lêem o nosso livro, e tenho certeza que algumas das paginas, lhes darão forças para caminharem.
Agradeço a ti... a mim... a nós, por sermos os herois da nossa história.


R.M.Cruz



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Tu vives em mim

Caminho por entre a multidão
Procurando um olhar que me cative
Nada há de novo, nenhum olhar me fala
Nenhum toque me desperta,nenhum sorriso me fascina, nenhum corpo me deslumbra
Nenhuma mente é brilhante, nenhum dialogo me prende, nenhuma caricia me toca
Tu vives em mim
Talvez por isso  tranque todas as possibilidades
Tudo o que aprendi contigo, está aqui
Ninguém me dá nada
Porque tu deste-me tudo
Acordaste-me do meu sono de menina, e despertaste a mulher que há em mim
O teu sorriso iluminou o meu caminho,o teu olhar espantou as minhas sombras
Esculturas-te o teu corpo no meu, perpetuando uma obra de arte 
Tenho as tuas formas em mim
Entraste em mim, e eu recebi-te, abri-me para ti, qual flor que se abre ao sol
Tu eras o meu livro sagrado, as tuas palavras eram bíblicas
Tu vives em mim
Caminho por entre a multidão
E nada me surpreende, tu mostraste-me tudo
Nenhum perfume se iguala ao teu, de que flores foi extraído?
Suponho que são flores enviadas de um lugar que só tu conheces
Os teus beijos, cravaram-se na minha boca, como um punhal de ilusionista
A tua volúpia percorre as minhas veias, como veneno de cascavel
Os meus seios, têm o molde das tuas mãos, outra qualquer mão não se encaixa neles
Assim como as minhas coxas, e o meu umbigo, as minhas ancas,as minhas nádegas, e todo o meu corpo.
Nenhum Deus por mais perfeito que seja,  se consegue igualar a ti.
Que me perdoem os Deuses
Tu vives em mim
Caminho por entre a multidão
Na esperança que o vento me conduza a outra terra,outro planeta, o mundo de onde tu vieste
Para que eu encontre alguém como tu
Alguém que te desmolde de mim....alguém que quebre a escultura, e a refaça com outras formas
Alguém que te mate em mim, para que eu possa ressurgir, e voltar de novo á forma original
É urgente que o meu coração se cure da cegueira que lhe causaste
Para que os meus olhos consigam ver de novo
É urgente que alguém desperte a menina que há em mim
Para que eu volte de novo a ser mulher.

R.M.Cruz





sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A VIDA EM MOVIMENTO

Vou dizer-te cá do fundo
Um segredo bem guardado
Andas na boca do mundo
 E por ele és devorado

Não te intristeças com isso
Porque nada vais mudar
Honra o teu compromisso
E a tua forma de estar

A tua vida a ti pertence
Disfruta-a ....ela é só tua
Cuida o corpo, e da alma
Andes vestida ou nua

Não te importes com o que falam
As palavras têm o peso que lhe quisermos dar
Podes transformar o ódio
 E a sorte em azar

Tudo está nas tuas mãos
No teu coração e na mente
Trata a todos como irmãos
E vive o teu melhor presente

Nunca subestimes uma alma
Um corpo ou uma cor
Sê adepto da calma
E da ira ...faz amor

Vive despreocupada/o
Deixa lá falar o mundo
O que conta é o teu estado
Sejas rico ou vagabundo

Beija ,abraça ,agarra,morde
Dá asas ao sentimento
Ama, grita, sofre e morre
É a vida em movimento

Nunca deixes confundir
Quando a burrice te bate á porta
Por seres humilde e amigo
Não és nenhum idota

Não se confundam as vozes
Nem te levem por ótário
"Dá deus os dentes a quem não tem nozes"
É um mundo feito ao contrário

O Universo te guie
E te dê a sua luz
Que o teu coração confie
Ao que a tua alma conduz

Se assim viveres a vida
Respeitando os demais
Podes te dar por feliz
Serás o melhor dos mortais

R.M.Cruz

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Que faço com as lembranças???

Que faço com as lembranças?
Elas assaltam-me o pensamento, quando estou desprevenida
Tento viver cada momento novo, deixando para trás toda nossa história...
Uma roda de amigos...anedotas, gargalhadas...um amigo mais intimo,um sorriso
Aparentemente tudo parece normal ...não fossem as lembranças assaltarem-me a memória á facada,assim de repente...záz!
Tudo muda! Uma lágrima tenta romper a fronteira entre os meus olhos e o mundo....afasto-me um pouco,para que o mundo não veja...
Então dou liberdade ás lágrimas e ás lembranças...são mais fortes do que eu, muito mais fortes!
Num momento tudo passa na minha memória...o teu cheiro (incrivel nunca pensei que cheiro também se memoriza) o teu abraço, a tua imagem...um beijo,uma orquidea branca.
As juras que fizemos um ao outro, naquela passagem de ano,os desejos que juntos desejamos,os planos,os sonhos...tudo me assaltou o pensamento.
É fácil dizer: a vida continua......pois continua...mas a um preço muito elevado...
O preço dos nossos sonhos penhorados,das nossas juras afogadas,dos nossos desejos castrados,das nossas lágrimas inclausuradas...
Tenho saudades de ti....do teu abraço unico,do teu beijo sublime,do teu desejo por mim, tenho saudades da nossa passagem de ano...
Lembro-me do nosso refugio, onde só o crepitar da lareira se ouvia...como musica de fundo aos nossos sentidos....e nós não queriamos saber do mundo,como se o mundo quisesse roubar-nos os sonhos.
Lembro-me bem, do primeiro dia do ano....quando acordamos no chão da sala...com a lareira apagada...por certo também cansada,de tantas juras e desejos,de tantos planos e sonhos...
Nesse dia, juramos que a nossa vida começava ali!
E começou amor...começou a desmoronar...até hoje não sei quem soprou os nossos sonhos,quem roubou os nossos desejos, quem saqueou as nossas promessas...terá sido a lareira? Era a nossa unica testemunha...porque é que ela apagou? Talvez para deixar a nu tudo o que era nosso...fomos imprudentes!
De repente....uma voz me chama,  saio apressadamente de dentro de mim...escondo a tua fotografia,que precisei de beijar,para agravar o meu sofrimento (masoquismo) recolho as lágrimas á pressa, limpo o rosto, bebo as recordações,retoco a maquilhagem,endireito os ombros, desenho um sorriso, acendo um cigarro, e disfarço-me de mulher feliz.
Continuo a caminhada,com novos amigos,novas conversas, novos desejos,novas promessas.
Sei que tenho que deitar fora tudo o que é velho...mas ainda não me ensinaram a deitar fora as lembranças...se alguém souber como se faz,por favor avise-me!
Entretanto viverei na personagem de mulher feliz!
Estou de novo a cantar, dou garagalhadas sonantes,para abafar os
meus ais...seguro um copo de vinho, e vou bebericando para que as lembranças se afoguem, para que o azedume da vida não se note,para que o mundo veja,que eu estou bem.
Disfarço bem!
Só eu sei o que vive dentro de mim, só eu sei!
E uma pergunta paira no meu coração...será que tu também vestes o personagem de homem feliz?

R.M.Cruz