segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Um segredo nosso

Um segredo nosso
A manhã  chuvosa, o dia começa humido
A noite não conseguiu escoar as nossas lágrimas
 Tens que ir amor...não há alternativa...
A partida doi, para quem vai
E para quem fica?
Quem parte, leva na mala a esperança de de um futuro melhor
Quem fica, fica na dúvida, de que esse futuro melhor, seja  pior
Os pensamentos assaltam-me a mente
 E se não te volto a ver? E se não te volto a sentir? Não!
 Não posso alimentar o pensamento, as palavras atropelam-se no meu cerebro
Estão contra mim...o meu coração acelera, a querer sair do peito
Teima em se juntar ao teu...quer deixar-me, ingrato, troca-me por ti
Dá-me o teu corpo....façamos amor até o sol raiar
Leva-me dentro de ti, saciemos a nossa fome, para que nos mantenhamos unidos
Estou confuza amor, não sei se choro de prazer ou dor...
Os nossos sorrisos misturam-se com as lágrimas, como o mar que se enrola na areia
Assim somos nós, num gemido humido de dor e prazer
Lágrimas salgadas dançam um tango com os nossos beijos
E os fluidos dos nossos corpos enroscam-se nos  nossos desejos
É uma noite molhada amor, o nosso leito é um mar salgado
Em que nos afogamos em dor e amor
Entre os teus braços, e as tuas pernas sinto-me bem....quem dera ficássemos assim para sempre
A noite passou tão depressa, eu queria tanto parar o tempo
Mas o relógio acelarado, não cumpriu o seu ritmo....maldito!
Não nos deu tempo de dizermos tudo
Já é dia amor...a manhã está chuvosa
Aliou-se a nós, para que ninguém note as nossas lágrimas
É um segredo nosso.
No aeroporto vou dizer-te adeus com um sorriso rasgado e molhado
Os meus olhos olharão para o céu até te ver rasgar as nuvens...
Volto as costas, e sigo o meu caminho, tu já seguiste o teu.
Com a chuva na minha face, engano o mundo, finjo um sorriso no rosto molhado
E caminho, ergo os ombros,endireito a cabeça, e vou para casa
Não te conto o meu dia amor....não te conto
Pergunta ás nuvens aí no céu, certamente elas te dirão.
O sol não raiou amor.

R.M.Cruz


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Chega de tristeza!

Vá já chega...ergue a cabeça, limpa as lágrimas.
Deixa que elas levem tudo.....para longe
Deixa que o tempo e a vida se encarregue do resto
Abre a alma e transforma as lágrimas em gotas frescas de orvalho
Deixa o sol dançar por entre a chuva
Despe-te, de tudo o que te pesa, libertata-te das roupas velhas
Vem....
Descaça os sapatos que te apertam, e não te deixam caminhar
Põe os teus pés na Natureza orvalhada e sente a frescura da manhã

Silência os ruidos que poluem a tua cabeça e não te deixam ouvir o cantar dos pássaros
Estende os teus sentidos, e toca em ti, toca na tua alma, toca em todo o teu SER!
Chega de tristeza....há um tempo para tudo
 A tristeza já teve o seu
Inspira..... abre as narinas...deixa entrar a vida....expira...deixa sair o lixo
Sente cada batida do teu coração....OUVE-O!
Agarra na força que ainda tens em ti, e ergue o teu coração ao mundo
Não tenhas medo
O medo faz falta... mas não agora !
Olha para o céu, é no alto que está a luz
Ilumina os teus dias....mesmo que sejam chuvosos, a água é vida!
Vem....
Podes não esquecer, mas tens o poder de" arrumar" numa gaveta, e lacrar!
São águas passadas......já passaram
Banha-te no orvalho da manhã, sente o poder do sol
Aquece o coração...eleva-te mais um pouco
Há um tempo de dizer: basta!
Permite a liberdade dentro de ti
Não mudes por ninguém, porque tu és unica/o... tu, és a flor e não a lama!
Ninguém... a não ser tu, merece a tua mudança, se mudares...muda por ti!
Vem...
Chega de lamentos e de sofrimentos
Chega de esperas sem chegadas...chega de estações sem paragens
E de mares sem ondas, e de rios sem correntes,e de ventos sempre nas mesmas direções
Chega de poços sem fundo, e de labirintos sem saídas
Chega de prisões e de monstros escondidos, e de sonhos estagnados
Chegou a hora de abrires....e de deixar ir....

Vem....
Liberta-te, só tu tens esse poder!

R.M.Cruz

sábado, 14 de setembro de 2013

Mulher da vida

Mais uma noite...sinto ainda no corpo o amargo do beijo que nunca foi dado...
A blasfémia da escuridão nos meus olhos
Talvez a insensatez de uma escolha mal feita
Um gesto imcompreendido, esta maldita necessidade de fazer o que quero, e não quero...
Este vicio que me atormenta e me deixa sobreviver
Não sou mais de que um corpo... instrumento de trabalho
Poderia ser outro trabalho qualquer, todo o trabalho se faz usando o corpo e a mente
Eu uso o corpo e ausento a mente
Vendo sexo
Mas não vendo a alma.
Os homens são como troncos de árvores secas, dentro de mim...evito olha-los nos olhos
Porque por dentro dos olhos há fantasmas, e remorsos....há sombras e solidão
Há um animal que uiva.....na procura da lua cheia...os meus seios são duas luas e dois sois (consoante a necessidade de cada um)
O meu ventre é o pasto verdejante...onde eles se deleitam, onde correm rios de frieza, e correntes de insatisfação.
A entrada do meu corpo, é uma caverna quente, onde eles se aconchegam e se aquecem, para seguir viagem....
Há quem diga que eu vendo amor...
Não, não há amor que se venda
Muito menos o meu
Há quem diga que ganho dinheiro fácil
Não, não é dinheiro fácil....é dinheiro rápido
Tão rápido como a estadia dos corpos deles no meu
Eles (os homens) veem á procura de prazer, mas nem sempre o encontram
Porque é uma mistura de remorsos e sexo.....o que torna o prazer condicionado
Sou uma vendedora de ilusões, quem passa por mim, nem chega a conhecer-me
Entram dentro de mim...mas não me veem...porque eu não estou lá
Nem sabem o meu nome, sou aquela em que despejam toda a sua amargura...
De uma vida sem amor, porque se tivessem amor, jamais pagariam por sexo
Possuir sem ter....
Porque ter, sem possuir, é amor!
E vou caminhando , com as bagagens dos outros, carregando fardos que não são meus...servindo os homens das outras  mulheres....(Não se escandalizem....uma empregada de mesa, não serve também?)
Mulheres que  eles não conseguem possuir, sem ter...
Eu vendo-me para que me possuam....ilusão...sou posse efémera.
Sou apenas corpo, despido de roupagens, e de sentimentos...
Ausento-me por momentos
E deixo o corpo trabalhar sozinho, não sou eu! Todo o pranto fica em mim...
Eu sou como o ator, que despe a alma, para deixar entrar o personagem
Com uma diferença...o ator aos poucos empresta a alma ao personagem, eu só empresto o corpo.
Não, não quero a vossa pena, eu escolhi este caminho...poderia ter escolhido outro...sou como todos, vim ao mundo com livre arbítrio.
Mas quem disse que eu quero outro caminho? Não sou senhora da minha vida?
Pois então....sigo o que eu quero, ou o que não quero (problema meu)
Ouço vozes aplidando-me de tudo....mulher da rua...prostituta....meretriz.... mulher da vida....
Eis o meu nome verdadeiro.
Mulher da vida!
Não sejam hipócritas
E não somos todas as mulheres, mulheres da vida?




Ando por aí.... a ouvir pessoas, com alma e coração.
Esta é uma dessas pessoas.Com todo o meu respeito!

De uma mulher da vida, para outra mulher da vida

R.M.Cruz







terça-feira, 10 de setembro de 2013

Devolve-me os meus olhos

Ergo os olhos para o horizonte, caminho com passos seguros, vou em frente
A minha silhueta é de quem sabe para onde vai
Costas direitas, cabeça erguida, confiante!
Nas mãos levo um cajado, para me dar um ar de guerreira
Por onde passo, todos admiram a minha bravura, todos se curvam à minha passagem
E eu de olhar firme, e passos seguros, agradeço
Mas sabes amor.....tudo não passa de uma pose
Que adotei, para fingir que te esqueci
Finjo muito bem amor....finjo muito bem!
Os meus olhos não veem o horizonte, estão estáticos, ninguém percebe que não os tenho
Os meus passos não são seguros...caminho mecanicamente, dando a ilusão que vou firme
O cajado é uma farsa, serve-me de apoio, para que eu me segure de pé
O horizonte...não o vejo, porque estou cega, apenas busco as tuas lembranças
Nada mais vejo, para além disso
A não ser vazio, e solidão
Não sou guerreira
Sou uma mulher em farrapos
Por dentro de mim, há outra mulher em farrapos, e outra e outra....
Tento  encontrar-me, mas não consigo....não vejo a minha luz, estou cega!
Não sou mais de que uma alma,sem a outra metade
Como posso ver o horizonte amor?
Se tu o levaste de mim
Tu eras a minha candeia, a minha luz, a minha bússola, as minhas asas
Tu eras a minha força,o meu caminho...
Tu eras o meu horizonte!
Agora não passo de um zombi... sem olhos
Caminho em frente, porque não sei para onde vou
A minha postura, é uma falsa ilusão
Não vou segura amor,vou cega!
Sabes porquê?
Porque tu levaste os meus olhos, e é apenas a ti que eu vejo
Devolve-me os meus olhos amor....preciso deles
Para me vestir de vida!


R.M.Cruz